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Instituto Confúcio gera polêmica na Suíça

O Instituto Confúcio em Genebra está localizado em um local idílico. tsr.ch

Cada vez mais Institutos Confúcio, responsáveis pela disseminação da cultura chinesa, são abertos mundo afora.

Em Genebra foi inaugurado um deles, que deverá ser seguido por Basileia e Zurique. Algumas mídias no país duvidam da autonomia desses centros.

“Confúcio chegou à terra de Calvino”, escreveu em novembro passado um jornal francófono após a inauguração de um Instituto Confúcio na Universidade de Genebra, onde serão oferecidos os primeiros cursos em em Zurique no outono de 2012 e, na Basileia, em 2013.

Os Institutos Confúcio têm um perfil muito semelhante a outras instituições culturais como a Aliança Francesa, Società Dante Alighieri, Instituto Cervantes, Instituto Camões ou os britânicos do British Council, todos já atuantes há muitos anos na Suíça. Para uma nação como a China e que, com seu apogeu econômico e político, também procura reforçar sua influência cultural e melhorar sua reputação no mundo, é compreensível a vontade de expandir a própria rede de instituições culturais.

Normalmente essa representação cultural no exterior são independentes de instituições nacionais ligadas à educação. Porém os Institutos Confúcio saem um pouco desse quadro, fato que provocou críticas de professores suíços, de autoridades educativas e da imprensa.

Os Institutos Confúcio funcionam integrados às suas universidades como instituições parceiras chinesas, explica o diretor do instituto inaugurado em Genebra, Basile Zimmermann. “Esse contexto e a diferente abrangência temática dos aproximadamente 300 Institutos Confúcio em funcionamento no mundo provocaram uma certa incompreensão.”

Por que a ligação com uma universidade? “Do ponto de vista chinês a cultura e o idioma pertencem à área da ciência”, explica Ling Sun, responsável cultural na Embaixada da China em Berna. “As universidades oferecem vantagens como parceiras, pois nelas se faz pesquisa”. Os Institutos Confúcio não são apenas uma escola de línguas.

Da cozinha à ciência 

A grande abrangência de temas é confirmada por Ivana Vrbica, diretora do setor de ensino superior na Secretaria de Educação do cantão de Genebra. “Cada um dos trezentos Institutos Confúcio é estruturado de uma forma diferente. Alguns deles funcionam quase como consulados, ou seja, são representações do governo. Em outros, como nos Estados Unidos, é possível aprender cozinha chinesa.”

Também o instituto em Genebra se chama “Confúcio”. Porém o programa é realizado pela Universidade de Genebra, que fez uma parceria com a Universidade de Ren-min em Pequim. Nesse contexto, o governo local disponibilizou à universidade as instalações do palácio de Villa Rive-Belle localizado às margens do lago de Genebra.

Liberdade acadêmica? 

Mas o que explica as críticas na imprensa? As mídias que cobriram a abertura do instituto deram espaço a um “eventual receio de censura” (jornal Tribune de Genève), temores que não aparecem no caso de outros centros culturais.

A crítica não foi feita só em Genebra. Também jornais importantes como o NZZ, Le Temps, Frankfurter Allgemeine Zeitung ou o Die Zeit (os dois últimos alemães): a questão da possível censura dominou as manchetes relacionadas ao Instituto Confúcio. Já em alguns títulos a mensagem era clara: “Veículo de propaganda da República Popular”, “Canapé da China”, “O abre-portas da China”.

Ling Sun fala à swissinfo.ch de preconceitos contra a China. “Instituições semelhantes de outros países já existem há 20 ou 30 anos e ninguém nunca as criticou.”

Vrbica afirma que já foi questionada várias vezes se a Universidade de Genebra pode convidar opositores chineses ou o Dalai Lama. Sua resposta é direta: “Obviamente, pois uma universidade suíça segue as leis da Suíça. E em Genebra elas são bastante claras no que diz respeito à liberdade acadêmica.”

Direito conjunto de veto 

Porém a diretora de ensino superior no cantão de Genebra não sabe dizer se os temores manifestados pela imprensa estão relacionados a más experiências ocorridas com outros Institutos Confúcio. No caso do modelo genebrino, o de cooperação com a universidade local, as críticas são infundadas a seu ver.

“No contrato com o Instituto Confúcio existe uma cláusula determinando que, em caso de conflito, a justiça em Genebra é que decide”, afirma Zimmermann, ressaltando também que houve uma certa confusão no noticiário relativo à abertura do centro, pois no caso do projeto Confúcio trata-se de uma parceria.

Serviço adicional 

“O Instituto Confúcio é uma oferta adicional a outras que já existem, como a do departamento de sinologia da universidade”, ressalta Zimmermann. “Se um dos dois lados não quer mais participar do projeto, ele pode abandoná-lo. Tanto nós como os chineses temos o direito de vetar.”

O jornal Le Temps conclui que em determinados setores não há possibilidade de cooperação. Porém estes podem ser cobertos diretamente pela universidade ao contrário do instituto sediado na Villa Rive-Belle.

Na Europa já funcionam dezenas de Institutos Confúcio. Há pouco tempo foi aberta a sede em Genebra. Por que levou tanto tempo para ele chegar à Suíça? “Os cautelosos suíços não queriam ser influenciados por ninguém”, acrescenta Ling Sun. “Tudo tem de estar cem por cento antes de poder começa qualquer coisa.” 

O orçamento inicial do instituto é inicialmente de 200 mil francos, metade assumida pelo governo chinês.

No projeto atua um professor chinês, enviado (e pago) pela Universidade Popular de Pequim.

A Suíça oferece as instalações do palácio Villa Rive-Belle, avaliado em 20 milhões de francos (um edifício que não pode ser vendido).

“Trata-se de um local de prestígio, o que mostra a importância desse projeto para Genebra”, declara Basile Zimmermann.

Foi um pensador e filósofo chinês do Período das Primaveras e Outonos.

A filosofia de Confúcio sublinhava uma moralidade pessoal e governamental, também os procedimentos correctos nas relações sociais, a justiça e a sinceridade.

Estes valores ganharam relevo na China sobre outras doutrinas, como o legalismo e o taoismo durante a Dinastia Han (206 a.C. – 220).

Os pensamentos de Confúcio foram desenvolvidos num sistema filosófico conhecido por confucianismo.

 

A humanidade é o núcleo no confucionismo. Uma maneira simples de apreciar o pensamento de Confúcio é considerá-lo como sendo baseado em diferentes níveis de honestidade. (Texto: Wikipédia em português)

Adaptação: Alexander Thoele

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