Guiné-Bissau: à beira de um golpe?

A imprensa suíça repercutiu a crise política que se desenrola neste momento na pequena ex-colônia portuguesa no oeste da África. Paralelamente, Bissau sedia um acordo de paz que finda 40 anos de conflito entre o vizinho Senegal e os separatistas de Casamansa.
De 22 a 28 de fevereiro de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

Mostrar mais
Nossa newsletter sobre o que a imprensa suíça escreve sobre o Brasil, Portugal e a África lusófona
O mandato acabou, mas presidente da Guiné-Bissau se recusa a deixar o cargo
A oposição na Guiné-Bissau pediu uma “paralisação total” do país a partir de quinta-feira (27 de fevereiro), dia marca o término do mandato de cinco anos do Presidente Umaro Sissoco Embaló.
“Pedimos à população que fique em casa. Todos os mercados, lojas e escritórios estarão fechados. Pedimos ao setor de transportes que cesse todas as atividades amanhã”, declarou o ex-primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam na quarta-feira em um discurso em nome da coalizão de oposição Aliança Popular Inclusiva.
Enquanto isso, Embaló encontra-se na Rússia em visita de Estado ao presidente Vladimir Putin, que, segundo o jornal português ObservadorLink externo, “deseja que Sissoco Embaló continue Presidente da Guiné-Bissau.
Vladimir Putin afirmou que a Rússia vai continuar a apoiar a formação de quadros civis e militares da Guiné-Bissau e destacou que aumentou a quota de bolsas para o país africano lusófono.
Fonte: RTNLink externo, 27.02.2025 (em francês)
Fim de 40 anos de rebelião separatista
Antes de voar a Moscou, Embaló mediou a assinatura de um acordo que finda um conflito de 40 anos na sua vizinhança imediata. Assim relata o diário genebrino Le Temps:
O acordo foi assinado pelo primeiro-ministro senegalês Ousmane Sonko durante uma visita a Bissau, onde ele se reuniu com membros do Movimento das Forças Democráticas de Casamansa (MFDC), sob a mediação do presidente da Guiné-Bissau. Essas conversas são as primeiras a serem tornadas públicas entre os independentistas e as novas autoridades senegalesas eleitas em março de 2024.
As duas partes concluíram “após três dias de trabalho, um importante acordo que constitui um grande passo em direção à paz em Casamansa”, declarou Ousmane Sonko. O acordo prevê a desmobilização dos rebeldes e sua reintegração efetiva à sociedade.
Casamansa (ou Casamance, em francês), separada da maior parte do resto do Senegal pela Gâmbia, tem sido palco de um dos conflitos mais antigos da África desde que os combatentes da independência se esconderam com armas rudimentares após a repressão de uma marcha do MFDC em dezembro de 1982. Depois de fazer milhares de vítimas e devastar a economia, o conflito desde então manteve-se ativo.
Nos últimos anos, as autoridades senegalesas se comprometeram a reassentar as pessoas deslocadas depois de anunciar a destruição de várias bases rebeldes, principalmente na fronteira com a Guiné-Bissau.
Fonte: Le TempsLink externo, 24.02.2025 (em francês)

Piloto brasileiro e carro suíço: um casamento nas pistas
Ao oferecer o lugar de piloto ao jovem Gabriel Bortoleto, a Sauber conquistou a simpatia dos brasileiros, que há sete anos esperam por um sucessor para Felipe Massa. Os brasileiros não têm um piloto regular na F1 desde que Massa correu a temporada de 2017 pela Williams.
Bortoleto passou apenas uma temporada na Fórmula 3, e fez o mesmo no ano passado na Fórmula 2. Além disso, foi campeão mundial em cada uma dessas duas categorias.
Um verdadeiro talento, sua contratação pela Sauber ainda é uma surpresa, dada a sua idade. Está claro que a Sauber está apostando no futuro e vê esta última temporada sob o nome “Kick” como uma forma de dar a Bortoleto alguma experiência, um ano antes de a Audi entrar na categoria principal.
Entretanto, as expectativas no Brasil são imensas, mesmo antes da temporada de 2026. Um país inteiro está apoiando Gabriel Bortoleto e, portanto, torce pela Sauber. De fato, na recente apresentação da escuderia em Londres, o paulista convocou os brasileiros a apoiar a equipe.
Fonte: WatsonLink externo, 27.02.2025 (em francês)
Corrupção aumenta na América Latina, e Trump pode ainda piorar quadro
Reportagem do diário zuriquenho Neue Zürcher Zeitung (NZZ) observa que o Brasil agora está no mesmo nível de Belarus em termos de corrupção – e o restante da América Latina não se sai
melhor. Índia e China melhoram seus índices.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez 465 discursos nos dois primeiros anos de mandato. Neles, mencionou a palavra corrupção 15 vezes, registrou a ONG Transparência Internacional (TI). No entanto, Lula não está criticando a corrupção em si, mas as investigações de corrupção que prejudicaram a economia.
O objetivo do judiciário era destruir a indústria brasileira, disse ele recentemente na inauguração de um estaleiro no Rio de Janeiro. E os EUA estariam por trás da conspiração.
Para a TI, o interesse unilateral e limitado de Lula na questão da
corrupção e do clientelismo é sintomático da atual forma como a questão é tratada na América Latina.
As perspectivas de que as investigações de corrupção no Brasil acelerem novamente em um futuro próximo são pequenas – pelo contrário. O presidente Donald Trump acaba de emitir um decreto que suspende a aplicação da Lei de Práticas de Corrupção no Exterior. A lei data de 1977 e proíbe subornos pagos por empresas americanas a funcionários e autoridades estrangeiras para garantir vantagens comerciais.
Trump argumenta que a lei prejudica a competitividade das empresas americanas e prejudica a segurança nacional. “Esse decreto incentivará a corrupção na América Latina e em muitas partes do mundo”, teme o especialista conservador em América Latina Andrés Oppenheimer, em Miami.
Pois, se por um lado as autoridades e os políticos da região estão agora mais dispostos a aceitar subornos, porque não precisam temer investigações criminais. Por outro, as empresas norte-americanas na América Latina estão mais propensas a se arriscarem a fazer negócios com corrupção porque estão mais bem protegidas pela legislação norte-americana do que no passado.
Fonte: NZZLink externo, 26.02.2025 (em alemão)
Participe do debate da semana:
Mostrar mais
Se você tem uma opinião, crítica ou gostaria de propor algum tema, nos escreva. Clique AQUI para enviar um e-mail.
Publicaremos nossa próxima revista da imprensa suíça em 7 de março. Enquanto isso, tenha um bom fim de semana e boa leitura!
Até a próxima semana!

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.