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Química transforma ciência em diversão

O fascinante mundo das cores. Sucesso garantido para todos. Pierre Lehmann

Jaleco branco e óculos para os alunos, uma bola de fogo explodindo em um balão de hidrogênio, substâncias que mudam de cor com três gotas de reagente.

Para explicar e incentivar vocações, a Universidade de Genebra inaugurou o seu novo “Chimiscope”.

Por que os fogos de artifício são azuis, verdes, amarelos e vermelhos? Qual milagre faz aquecer uma xícara de café com uma sacudida? Como se faz para pratear o interior das bolas de natal? É tudo química. E é isso que o “Chimiscope” pretende explicar e demonstrar.

Algumas semanas antes do fim do Ano Internacional da Química, e três anos após o “Physiscope” (dedicado à física), a Universidade de Genebra inaugurou seu homólogo dedicado à química. Um laboratório de demonstração que se visita em grupo e que pretende incitar novas vocações.

Faíscas nos olhos

Pois mesmo se a gigante Novartis ameaça cortar 1100 empregos em suas fábricas na Suíça, falta especialistas nos laboratórios de química da Suíça. O déficit é estimado em cerca de 1000 especialistas e em todas as universidades do país (exceto precisamente na de Genebra) o número de estudantes de química diminui.

É que o assunto é muitas vezes considerado chato pelos jovens. Mas quem vê o entusiasmo dos técnicos e químicos que apresentam o Chimiscope percebe rapidamente que a matéria também pode despertar paixões.

“É claro que não falamos do mesmo jeito com crianças de 7-8 anos e com os jovens de 18-19 anos de um colégio científico. As crianças ficam encantadas e podemos ver faíscas brilharem em seus olhos. Já os jovens são mais sérios e procuram entender em função do que já sabem”, diz Didier Perret, responsável pela comunicação da seção de química e bioquímica da Universidade de Genebra.

Outra diferença: diante de uma turma de 15 “baixinhos”, quando o apresentador pede um voluntário para uma experiência aparece imediatamente 15 mãos para cima (“ou 30”). Enquanto que os adolescentes são mais relutantes em “dar um show” para os amigos. No entanto, ficam surpreendidos quando veem um feixe de laser azul estourar um balão vermelho inflado dentro de um balão azul, deixando-o intacto!

De 7 a 107 anos

Mas o Chimiscope não é reservado exclusivamente aos jovens. Na verdade, ele está aberto a todos “de 7 a 107 anos” e pode acolher grupos de adultos, por exemplo, para um evento empresarial. Para verificar que as moléculas estão literalmente em toda parte, já que compõem toda a matéria que nos rodeia e da qual somos feitos.

E para deixar isso claro, os apresentadores nunca se esquecem de dar um exemplo de uso prático do que acontece nos tubos de ensaio.

Por exemplo, os coquetéis coloridos e enfumaçados mostram a capacidade dos elementos de absorver parte da luz branca, retornando apenas certos comprimentos de onda: azul para o cobre, verde para o bário, amarelo para o sódio e vermelho para o estrôncio, todos componentes dos fogos de artifício.

Além disso, veremos que basta mergulhar uma placa de cobre e outra de zinco em um copo de suco de laranja para produzir a energia necessária para alimentar um relógio. Este é o princípio básico da pilha, inventada no início do século XIX por Alessandro Volta e assim chamada porque era feita originalmente de uma pilha de discos de cobre e zinco.

Limão e laranja

Por enquanto, o Chimiscope está apresentando duas séries de experiências sobre os temas energia e cor. No futuro serão abordados outros quatro temas: química e meio ambiente, química na vida cotidiana, química da vida e química e quiralidade.

Esse último termo é usado em Química, para definir objetos não sobreponíveis à sua própria imagem no espelho, como uma luva esquerda que não serve para a mão direita. Estes objetos usualmente são moléculas e o estudo da quiralidade está associado a um fenômeno cada vez mais atual. Assim, uma molécula pode ter cheiro de limão se “virar” à direita e laranja se “virar” à esquerda. Mas também pode acontecer que uma seja um remédio e a outra um veneno!

A Universidade de Genebra espera uma média de 4000 visitantes por ano para o Chimiscope. Ele conta também com o apoio da Associação Industrial de Ciências da Vida de Genebra e deve mostrar todo o potencial de uma disciplina que é, como afirmou Didier Perret, “a solução de muitos problemas do mundo contemporâneo nos campos da saúde, energia, materiais e meio ambiente”.

Química, a nossa vida, nosso futuro. Esse foi o tema estabelecido pelas Nações Unidas para o ano de 2011, para discutir as conquistas e a importância da química no passado, presente e futuro.

A química não é apenas uma chave para a compreensão da natureza, mas também tem um uso prático. Compostos e reações químicas estão envolvidas na produção não só dos nossos medicamentos, mas praticamente de todas as substâncias e todas as coisas que usamos todos os dias. A química também oferece uma contribuição vital para resolver desafios globais, principalmente nas áreas de meio ambiente e energia.

Marie Curie. 2011 foi também o ano do 100º aniversário da premiação de Marie Sklodowska Curie, a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel de Química (depois de Física em 1903), pela descoberta do rádio e do polônio. Foi também a única mulher a ter recebido duas vezes o prestigioso prêmio.

Europa e Estados Unidos consomem cerca de 80% das vendas em produtos químicos e farmacêuticos da Suíça. A Ásia 17%, deixando a Suíça com um mercado interno muito pequeno.
 
Com uma parte superior a 4% no mercado mundial de produtos químicos e farmacêuticos, a Suíça é o nono país que mais exporta esses tipos de produtos.
 
Os gastos com pesquisa realizada pela indústria química e farmacêutica da Suíça, em 2008, alcançaram 5,3 bilhões de francos suíços, correspondendo a 44% da despesa total de pesquisa da indústria suíça. Medindo os gastos com pesquisa por empregado, a indústria química e farmacêutica da Suíça está no topo do setor em todo o mundo.
  
Fonte: Sociedade Suíça das Indústrias Químicas

Adaptação: Fernando Hirschy

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