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Salvar o mundo do “jeito” suíço

A família Schwoerer já está caminhando há mais de seis anos. dario schwoerer

Até que ponto um ecologista está disposto a ir para combater o aquecimento global? Alguns suíços estão levando o problema tão à sério que chegam a caminhar, pedalar ou mesmo navegar até os confins da Terra com esse objetivo.

Em tempos onde ecologistas têm de percorrer grandes distâncias para chamar atenção pública para a sua causa, embarcar numa odisséia de doze anos e cuidar da família durante o caminho pode ser considerado algo notável.

Isso é o que Dario e Sabine Schwoerer, acompanhados pelos dois filhos pequenos, estão fazendo.

Eles navegaram, pedalaram e escalaram nos últimos seis anos e agora estão na Austrália, apenas a meio caminho do objetivo: ser os primeiros a escalar o ponto mais alto de cada continente em uma viagem “non-stop” ao redor do globo.

Porém, quando eles não estão no mar ou escalando montanhas, os Schwoerers estão visitando escolas. Até agora, eles já falaram com mais de 25 mil estudantes.

Dario explica que a família pretende inspirar crianças a proteger melhor o planeta. Durante a viagem eles já dão o exemplo: cada quilômetro é percorrido através da força do vento, com bicicletas ou mesmo à pé.

“Isso é o que faz sentido para nós, nos alegra e dá confiança, pois podemos assim influenciar os jovens e descobrir que é possível induzir as pessoas a mudar seus atos”, declara confidente à swissinfo o climatologista e guia de montanhas.

Porém, o que motiva pessoas como os Schwoerers? Se não for a questão da mudança climática, seria outra importante causa?

Voz interna

“Trata-se de uma voz interna, que me diz as vezes ‘para fazer isso ou aquilo’. Ela está bem relacionada com o meu bem-estar, a sensação de estar vivo e assumir riscos”, explica o doutor Martin Vosseler.

Vosseler, um especialista em medicina psicossomática, se tornou conhecido a ir aos extremos para sensibilizar as pessoas para os problemas das mudanças climáticas.

Nos últimos anos ele cruzou o Atlântico com um barco movido à energia solar e caminhou centenas de quilômetros através da Europa e do Oriente Médio. Agora ele percorre o caminho que une as costas leste e oeste dos Estados Unidos.

O suíço revela que caminhar à beira da estrada, com um emblema do sol pregado na sua mochila, é uma maneira ideal de contar ao mundo como é possível contribuir para a redução das emissões de dióxido de carbono através do aproveitamento da energia solar. “Encontro de 500 a 25 mil pessoas por dia”, conta o ecologista à swissinfo, por telefone, de algum lugar na rodovia 40.

Onda solar

“Todos os motoristas me vêem. Eu os cumprimento e alguns respondem. Seguramente muitos devem pensar ‘que tipo de pessoa iria caminhar através dos Estados Unidos com um sol pregado na mochila?’. Posteriormente eles podem conectar essa cena com reportagens encontradas nos jornais ou na televisão sobre mim. Essa é uma ótima oportunidade de espalhar minha mensagem”.

Porém a família Schwoerer e Vosseler acreditam na urgência dos seus anseios e que precisam promover tecnologias de energia eficientes encontradas durante o caminho. Um exemplo: o desenvolvimento de células tênues de filme solar fabricado na Califórnia para Vosseler e uma antiga técnica de preservação da comida sem refrigeração, apresentado aos Schwoerers em Vanuatu, um país da Melanésia e que ocupa o arquipélago das Novas Hébridas no Pacífico.

“O que aprendemos nessa expedição é que, se você quiser sobreviver, é preciso respeitar a natureza e se adaptar ao seu ritmo. Isso é o que estamos fazendo”, ressalta Dario.

E o ritmo significa aceitar atrasos. Os Schwoerers pensavam inicialmente que iriam terminar a sua expedição de sete mares e sete picos em quatro anos. Quando o feito se mostrou impossível, eles se adaptaram à nova situação ao se transformar em uma família com o pé na estrada ao invés de se estabelecer na Suíça.

Canivete suíço

“Assim que você se torna pai, o futuro – as gerações que estão a vir – os problemas se tornam maiores”, conta Dário, lembrando como ele não apenas utilizou o canivete suíço para consertar a vela do barco, mas também para cortar o cordão umbilical das crianças quando eles nasceram.

Os Schwoerers ainda precisam escalar o Everest, o Kilimanjaro e o Monte Vinsent na Antártica antes de concluir a viagem. Quando chegarem nesse ponto, a família terá acumulando 70 mil milhas náuticas, 18 mil quilômetros pedalados e 400 mil metros escalados em altitude, tudo para alertar o mundo aos perigos da mudança climática.

Contrastando, Vosseler tem apenas alguns milhares de quilômetros para caminhar até chegar a Boston. Lá ele espera pegar carona num veleiro para retornar à Europa. Talvez os Schwoerers façam um desvio e peguem o mesmo caminho.

swissinfo, Dale Bechtel

Dario Schwoerer, geógrafo e guia de montanha, e sua esposa Sabine, enfermeira de profissão e também guia, iniciaram a expedição ToptoTop em 2002 ao escalar os pontos mais altos de todos os 26 cantões da Suíça.

Quando eles terminaram a peripécia, o casal partiu para outro desafio: escalar os pontos mais altos de todos os continentes do globo. Dentre eles, os dois já estiveram no Mount Blanc (Europa), Aconcágua (América do Sul), Denali (América do Norte) e Kosciusko (Austrália).

Eles planejam passar o resto de 2008 na Austrália, antes de ir ao Himalaia continuar o trajeto.

Vosseler partiu de Los Angeles em janeiro em direção à Boston – um trajeto de pouco mais de 5.500 quilômetros. Seu principal objetivo é sensibilizar as pessoas para o problema das mudanças climáticas.

Ele quer “demonstrar como cada um de nós pode decidir como consumir energia e os recursos do nosso planeta.

O ecologista de longa data se declara contrário ao uso de energia nuclear, preferindo promover a energia solar. Vossseler participou da travessia pioneira do Atlântico graças a um barco movido à energia solar, o Sun21, no ano passado.

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