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Ensino de árabe deve ser melhorado na Suíça

Munji Ahmadi, professor de árabe em uma escola tunisiana na Suíça, com seus alunos na classe em Sion. swissinfo.ch

A demanda para cursos de árabe está crescendo na Suíça, tanto por parte da comunidade residente árabe como por suíços interessados no idioma.

Agora há também pedidos crescentes de melhora no ensino do árabe.

Escolas para ensinar o árabe começaram a aparecer em países ocidentais por volta do século 16. O fenômeno propagou-se quando comunidades árabes e muçulmanas começaram a se instalar no Ocidente a partir da segunda metade do século 19.

Também o fato de milhares de ocidentais terem adotado o Islã como religião também teve um papel fundamental na expansão do ensino do árabe.

Apesar da impressão negativa que dominou a opinião pública ocidental depois do atentado de 11 de setembro de 2001, o árabe continuou sua expansão no Ocidente.

Depois de um tempo de incerteza, a comunidade árabe começou a sentir-se como uma parte importante da sociedade ocidental, com o direito de manter-se fiel a sua cultura e passá-la às gerações futuras.

Isso coincidiu com um interesse crescente entre os não árabes em aprender o idioma por razões culturais, econômicas e sociais. O número de estudantes ocidentais registrados nos departamentos de língua árabe nas universidades tem aumentado de forma crescente nos últimos anos. 

Quase toda cidade ou municipalidade na Suíça tem uma sociedade cultural, um clube nacional ou um centro cultural que oferece cursos de árabe, da cultura e história do idioma.

Munji Ahmadi ensina em uma escola tunisiana supervisionada pela Embaixada da Tunísia em Berna. “Temos meninos e meninas e suas idades vão dos seis aos trezes anos de idade”, explica.

Diferentes motivos

Existem vários motivos para aprender o árabe. Mas é claro que a mudança na presença árabe nos países ocidentais, passando este de um grupo marginal para um fenômeno permanente e uma realidade vital, e o sentimento de exclusão – possivelmente por razões racistas – levaram novas gerações de árabes a reconsiderar o conceito de integração social.

Para eles, a integração há muito que é atingida pelo corte das ligações com as raízes árabes dos seus familiares, mas através da cimentação dos laços com sua civilização e o fortalecimento da identidade.

Sufian Bin Hamidah, um professor de árabe em várias instituições suíças de ensino de idiomas, vai adiante. Ele coloca o interesse de aprender o árabe no caráter “único” do idioma ao nível da escrita e da caligrafia. Ocidentais estariam sendo atraídos pela dimensão estética e artística da sua caligrafia.

“Além disso, alguns ocidentais gostariam de ter uma pequena janela com a qual eles podem se aproximar da cultura do Oriente e aprender os principais aspectos do Islã”, afirma.

Adicionado a isso existe a dimensão da comunicação social, já que muitas “mulheres ocidentais estão casadas com árabes e mulheres árabes com ocidentais.”

“Nos dois casos, existe uma extrema necessidade de conhecer o árabe, seja por motivos de comunicação ou como uma forma de cortesia e desejo.”

A insistência de introduzir crianças ao árabe reflete um sentimento crescente entre os pais, de que o aprendizado do idioma reforça as ligações delas com sua religião e cultural. Esse é um ponto importante, pois a maioria das famílias árabes vivendo no Ocidente têm contato diário com o idioma através dos canais satélite ou estações de rádio.

Para explicar a crescente conscientização, Ahmadi afirma: “Para eles o árabe continua sendo a língua materna. As crianças devem aprendê-lo para comunicar-se com seus familiares quando retornam ao país de origem. Essa também é a língua do Corão, o que facilita o aprendizado dos ensinamentos do Islã.”

Fator econômico

Mas isso não significa que o aprendizado do idioma nos países ocidentais esteja limitado aos muçulmanos. Existe um intercâmbio comercial, particularmente com os países do Golfo. E cidades árabes como Dubai e Doha se transformaram em uma espécie de “Meca” para homens de negócio e celebridades. Alguns acreditam que aprender o árabe poderá tornar mais fácil a comunicação direta com indivíduos ou instituições.

Não é possível esquecer os milhões de turistas atraídos anualmente pelos cenários e clima no mundo árabe. O contato com o meio árabe pode gerar o desejo neles de aprender e dominar a língua para estar mais próximo da realidade nessas sociedades.

Para os falantes não nativos aprenderem o árabe existem muitas exigências que precisam ser cumpridas, sendo que a mais importante delas é dispor de tempo suficiente para o pode ser um processo bem demorado.

Bin Hamidah observa que os cursos na Suíça podem ser pouco frequentes. “Um curso por semana não é suficiente, particularmente com a falta de um ambiente de comunicação nesse idioma fora da classe.”

Espaço para improvisação

O árabe é ensinado hoje na Suíça em diferentes contextos. Existem escolas nos clubes e centros culturais árabes. Cursos também são dados pelas escolas de idioma no país ou através de professores particulares de origem árabe.

Mas enquanto o interesse no idioma cresceu, o desejo de lucros pode ser colocado na frente da insistência na qualidade de ensino.

Bin Hamidah considera importante fixar certos padrões. “Existe um potencial para corrigir essa situação ao assegurar que apenas os especialistas poderiam ensinar o árabe. Também seria recomendável prover de espaços ideais para o aprendizado. É preciso haver uma espécie de coordenação entre as pessoas que trabalham no mercado, sejam eles indivíduos ou nas instituições.”

Não existe uma instituição central para o ensino de árabe na Suíça. Uma instituição desse tipo ajudaria sem dúvidas adaptar cursos e melhorar a comunicação entre todos os parceiros do setor.

“Também penso que é necessário criar essa instituição, pois se você tem um quadro pedagógico coerente e claro, cursos bem planejados, o processo de aprendizado seria muito mais fácil, a desempenho iria melhorar e o interesse no idioma cresceria”, considera Ahmadi.

A Embaixada da Tunísia oferece a cidadãos tunisianos residentes na Suíça um serviço de ensino de civilização e língua árabe em 11 cantões (estados). O serviço está aberto a outros cidadãos de origem árabe, segundo o número de vagas disponíveis.

Atualmente existem 250 crianças que se beneficiem dos serviços gratuitos e semanais.

Os cursos são supervisionados por três professores ligados ao Ministério da Educação na Tunísia. 

Os cursos são oferecidos paralelamente aos cursos regulares nas escolas suíças.

Alemão: 63,7%

Francês: 20,4% 

Italiano: 6,5% 

Reto-romano: 0.5%

Outros idiomas

Sérvio-croata: 1,4%

Albanês: 1,3%

Português: 1,2%

Espanhol: 1,1%

Inglês: 1,0%

Turco: 0,6%

Tâmil: 0,3%

Árabe: 0,2%

(Fonte: censo federal de 2000)

Adaptaçao: Alexander Thoele

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