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Túnel sob o Gotthard: mais uma etapa é vencida

Mineradores atravessam a passagem aberta no túnel entre os trechos Amsteg e Sedrun.

Os mineradores Amsteg, no cantão de Uri) encontraram-se com os colegas de Sedrun, no cantão dos Grisões) nas profundezas da terra. As duas equipes conseguiram perfurar o túnel básico do Gotthard nove meses antes do planejado.

O túnel permanece ainda por mais dez anos como canteiro de obras. Ele é parte do futurístico projeto intitulado NEAT, sigla em alemão para as “Novas Linhas Ferroviárias através dos Alpes”.

Ao perfurar a pedra na montanha, escavando os dois lados dela ao mesmo tempo, os mineradores conseguiram realizar uma trabalho de incrível precisão: no momento do encontro entre o túnel no lado de Sedrun e o de Amsted, o desvio horizontal era de 15 centímetros e o vertical de apenas um centímetro.

Ao escavar a última parede de pedra, as duas equipes se cumprimentaram na manhã da quarta-feira (17 de outubro) nesse trecho de 17 quilômetros do túnel.

A equipe de Amsteg iniciou as obras no final de maio de 2003. Já a equipe de Sedrun começou a escavação apenas no verão de 2004. Segundo a construtora responsável, a Alptransit Gotthard AG, 105 quilômetros dentro do maciço do Gottard já estão agora perfurados. Isso corresponde a 70% dos 153 quilômetros completos do sistema de túneis previstos no projeto.

Na parte de Amsted, com 11 quilômetros, os mineradores trabalharam com duas perfuradoras especiais de túneis, máquinas gigantescas capazes de cortar a pedra e avançar ao mesmo tempo.

Nos seis quilômetros do trecho de Sedrun, os trabalhadores foram obrigados, por questões geológicas, a utilizar a técnica tradicional de explosivos. O desafio para os engenheiros era atravessar uma parte complicada de 1,2 quilômetros, onde a montanha escondia cavernas e terreno sedimentar. No local era grande o risco de desabamentos.

Novos caminhos para o túnel

Para estabilizar os trechos complicados e as cavidades encontradas, os construtores desenvolveram uma técnicas especial de armações de aço “deformáveis”.

A técnica já é conhecida nas minas de carvão na Alemanha, mas nunca havia sido utilizada em grandes dimensões na construção de túneis. Graças a ela, os mineradores conseguiram perfurar com rapidez o trecho de Sedrun.

Os arcos deformáveis de aço foram utilizados para segurar as paredes, fazendo com que o espaço aberto não terminasse soterrado de pedras e terra frente a enorme pressão das camadas acima.

Quando em algum ponto da parede a pressão das pedras aumenta, os vergalhões se deslocam, concentrado-se sobre ele e permitindo a resistência máxima. Segundo a construtora, as deformações geológicas encontradas, das quais algumas eram extremamente grandes, puderam ser solucionadas através das estruturas de aço. A pressão é reduzida dessa forma para níveis de tolerância aceitáveis.

Um bilhão a mais

O túnel básico do Gotthard irá custar um bilhão de francos a mais para os cofres públicos. O custo final estimado será de 11,74 bilhões de francos. A cifra foi publicada por Renzo Simoni, presidente da construtora responsável Alptransit Gotthard AG, em Sedrun.

Renzo Simoni, há apenas meio ano o engenheiro-chefe do projeto, acrescentou ainda ser necessário calcular riscos suplementares da ordem de 2,75 bilhões de francos. O acréscimo eleva o custo total do túnel básico do Gotthard para a incrível cifra de 14,5 bilhões de francos.

O governo helvético, através do Departamento Federal de Transportes, havia calculado inicialmente custos da ordem de 19,1 bilhões de francos para todo o projeto NEAT.

Faltam 70 quilômetros

“Apesar de 70% do túnel básico já ter sido perfurado no maciço do Botthard, ainda existem riscos”, ressalta Simoni

Tanto no Gotthard, assim como na região de Ceneri, precisam ser perfurados mais 70 quilômetros na pedra, percurso cinco vezes maior do que o trecho já perfurado no trecho principal.

Um dos trechos mais complicados na construção do túnel está localizado entre Faido, no cantão do Tessin, e em Sedrun. Lá os trabalhos apenas começaram.

swissinfo com agências

O túnel básico do Gotthard é o principal trecho de uma linha de trem que atravessa os Alpes. Ele mede 57 quilômetros nas suas extremidades, as estações de Erstfeld e Bodio, o que representa um recorde mundial.

A inauguração estava prevista para ocorrer em 2011, porém foi retardada para 2018. Razão: problemas técnicos na perfuração do túnel.

A construção do eixo no Gotthard é apenas uma das partes do projeto mais amplo chamado NEAT (sigla em alemão para Novas Linhas Ferroviárias através dos Alpes), aprovado em 1998 por 63,5% dos eleitores suíços, país que financia grande parte do projeto.

O segundo eixo do projeto é o trecho Lötschberg-Simplon. O túnel de Lötschberg, com 34,6 quilômetros de extensão, foi inaugurado em 15 de junho de 2007.

Quando o projeto NEAT foi lançado, os engenheiros avaliaram que ele iria custar 14,7 bilhões de francos suíços.

Hoje a soma de custos do projeto pode bater a marca de 24 bilhões de francos até 2018.

O terceiro eixo do NEAT é a expansão da linha de trens da parte oriental da Suíça, nos trechos entre St. Gallen e Arth Goldau, no cantão de Schwyz.

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