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Universidade guarda história de 20 mil refugiados judeus

Antigas pastas do Arquivo Histórico da ETH de Zurique. Archiv für Zeitgeschichte

Arquivo Histórico da ETH Zurique conclui banco de dados com informações sobre a vida de 20 mil refugiados judeus.

Dentre os maiores beneficiados, destacam-se as pessoas que buscam material para provar que têm direito às indenizações dos governos alemão e austríaco.

Arquivos são testemunhos vivos da história. Por essa razão o Arquivo Histórico da Escola Politécnica de Zurique (ETH Zurique) resolveu assumir uma tarefa importante para a Suíça: preservar 12.300 pastas contendo informações pessoais sobre refugiados judeus, que chegaram na Suíça entre 1938 e 1990.

As pastas estão localizadas em mais de 155 metros de estantes, num porão da universidade em Zurique. Elas foram entregues à instituição pela Associação Suíça de Ajuda a Refugiados Judeus (VSJF), que ao mudar de sede em 1997, não tinha mais um espaço adequado para guardar o arquivo.

”Muitos encontram lembranças do passado”

A importância do material não existe somente para pesquisadores, mas também para os refugiados judeus e suas famílias. “As pastam contém formulários preenchidos, biografias, anotações, cartas pessoais e até mesmo fotos. Trata-se de um material, que era entregue pelos refugiados às associações judaicas”, explica Claudia Hoerschelmann, pesquisadora do Arquivo Histórico. “Agora, muitas dessas pessoas encontram lembranças, que já estavam perdidas há muitos anos nessas pastas”.

Além do aspecto sentimental, o arquivo auxilia refugiados judeus a encontrarem informações para seus pedidos de indenização de guerra frente ao governo alemão e austríaco. “Um bom exemplo é quando o solicitante consegue provar que chegou na Suíça com tuberculose, o que muitas vezes foi causada pelas péssimas condições de vidas para judeus que viviam na Alemanha ou nos territórios ocupados”, lembra Hoerschelmann.

Além de incluir informações sobre os refugiados judeus do nazismo, o arquivo contém pastas de pessoas que fugiram de países da Europa oriental, quando estes eram governados por regimes comunistas. A época de maior imigração ocorreu durante a repressão soviética de 1956 na Hungria e durante a “Primavera de Praga” em 1968, na Tchecoslováquia.

A penosa tarefa de preservar o passado

Depois de realizar o trabalho de preservação do arquivo, a equipe de pesquisadores do Arquivo Historio da ETH de Zurique montou um banco de dados, para registrar eletronicamente os dados das 12.300 pastas.

“A ficha eletrônica de cada pessoa contém 100 diferentes lacunas. Gastamos mais de seis anos para digitar todas os dados. Agora podemos realizar estatísticas e possibilitar um melhor acesso às informações”, revela Hoerschelmann.

Conservar tanto material antigo, também é uma atividade que requer esforço. “As pessoas não fazem idéia do trabalho que tivemos para organizar essas pastas. Elas tiveram de ser tratadas quimicamente para combater os fungos, além de serem limpas de grampos de metal, que já estavam há anos enferrujando e estragando os papéis. Agora estamos copiando e até micro-filmando parte dos documentos”.

Ajuda da Igreja Protestante de Zurique

O trabalho de montagem do banco de dados e arquivamento das informações pessoais dos refugiados foi realizado por seis funcionários do Arquivo Histórico.

O financiamento do arquivo veio da Igreja Protestante de Zurique, que colaborou com 600 mil francos suíços. Outras instituições privadas e a Escola Politécnica de Zurique também contribuíram.

Atualmente os arquivos em Zurique estão abertos para pesquisadores, jornalistas, instituições, refugiados e seus familiares.

swissinfo, Alexander Thoele

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