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Vacina contra gripe suína só para grupos de risco

Teste de vacina experimental contra a gripe A(H1N1), em Nashville, nos EUA. Keystone

A Comissão Federal para as Vacinações (CFV) não considera necessário vacinar toda a população suíça contra a chamada gripe suína, mas grupos de risco, como mulheres grávidas e bebês, devem ser vacinados.

As primeiras vacinas deverão estar disponíveis em outubro. Adversários afirmam que elas não garantem proteção contra a doença. Na opinião da CFV, as críticas não têm base científica.

Segundo as recomendações feitas pela comissão à Secretaria Federal de Saúde (SFS), devem ser vacinadas prioritariamente pessoas que apresentem alto risco de complicações ou possam transmitir o vírus a pessoas com elevado risco de complicação. Isso abrange os seguintes grupos:

1) Profissionais da área da saúde que cuidam de bebês com menos de 6 meses de idade.

2) Grávidas (principalmente a partir da 26ª semana de gestação) ou mulheres após o parto.

3) Bebês (a partir de 6 meses de idade) e adultos até 64 anos com doenças cardíacas e pulmonares crônicas (especialmente defeitos congênitos do coração, insuficiência cardíaca, asma, mucoviscidose), doenças metabólicas (especialmente diabetes do tipo II), insuficiência renal, doenças sanguíneas ou imunossupressão).

4) Familiares desses pacientes e de bebês com menos de 6 meses.

5) Pessoas com 65 anos ou mais e que sofrem de doenças crônicas (conforme listado no ponto 3). Essas pessoas têm uma certa imunidade contra o vírus da gripe A(H1N1)/09. Por esse motivo, não têm prioridade absoluta na vacinação.

Pelos cálculos da Secretaria Federal de Saúde, cerca de 1,2 milhão a 2 milhões de pessoas pertencem a esses grupos de risco na Suíça, que tem população de 7,7 milhões de habitantes. Mas também para elas a vacinação é voluntária.

A todas as pessoas saudáveis que queiram proteger a si e seu ambiente contra a gripe suína, a CFV recomenda que se vacinem assim que a vacina estiver disponível.

Segundo a comissão, no momento, não estão dadas as condições para recomendar uma rápida vacinação de toda a população. Mas a CFV diz que avalia regularmente os dados sobre a gripe e as vacinas e que adaptará as recomendações na medido do necessário.

As recomendações da comissão serão analisadas pela secretaria, que nos próximos dias ou semanas fará suas recomendações oficiais, disse Virginie Masserey, diretora da seção de vacinação da SFS, em entrevista coletiva à imprensa em Berna.

Vacinação a partir de outubro

Segundo Masserey, as primeiras vacinações provavelmente poderão ser feitas em outubro. Ainda não está claro onde elas serão feitas nem quem cobrirá os custos. “Isso é assunto dos cantões”, disse Masserey. O governo federal suíço encomendou 13 milhões de doses de vacina por 84 milhões de francos.

Patrick Mathys, diretor da seção de prevenção a pandemias, lembrou que a SFS espera cerca de 2 milhões de infectados com o vírus A(H1N1) no outono europeu. Isso é três a quatro vezes mais do que numa gripe sazonal, que mata em média 8 mil pessoas a cada inverno na Suíça.

Embora nos últimos meses em 98% dos casos a doença não tenha sido perigosa, Mathys prevê que ela provocará 400 mil consultas adicionais em pouco tempo. Mil pacientes provavelmente terão de ser hospitalizados, dos quais cerca de 150 necessitarão de tratamento intensivo de duas semanas, acrescenta.

Até quinta-feira (13/8), a gripe suína matou 1600 pessoas em todo o mundo. Na Suíça, o número de casos confirmados em laboratório subiu a 724 (nenhuma morte). Diariamente surgem entre 20 e 30 casos novos no país. A CFV calcula que 1 a 10 pessoas entre cem mil infectadas morrem da gripe.

Gripe suína já passou

Na Suíça, há avaliações divergentes sobre o perigo da influenza A(H1N1). Enquanto a SFS prevê uma onda da doença para os próximos meses, o professor do Instituto de Imunologia da Universidade de Berna, Beda Stadler, garante que a nova gripe já passou pela Suíça e segue em direção ao Leste.

“Escapamos. Tivemos sorte – em alemão Wir haben Schwein gehabt (literalmente “Tivemos porco”), disse ao jornal Tagesanzeiger.ch.

Divergências há também quanto à necessidade ou não de uma vacinação. Na opinião de Anita Petek, da organização antivacina Aegis, “se a vacina protegesse, os assim chamados pacientes de risco deveriam ser vacinados. Só que ela não é eficiente.”

“Entre os pacientes de risco são listadas pessoas com doenças graves. Sempre se diz que só pessoas saudáveis devem ser vacinadas. Quando se vacina pessoas doentes ou até gravemente enfermas, aumenta o risco de que elas tenham complicações e consequências graves dessa vacinação. Naturalmente é correto proteger essas pessoas contra uma doença, mas não através de um outro risco grave”, disse à swissinfo.ch.

Segundo Petek, especialmente a vacinação anual contra gripe é muito criticada porque se concluiu que ela só tem uma eficiência entre 10 e 30%. O vice-presidente da CFV, Hans Binz, disse há uma semana ao jornal Tagesanzeiger.ch que “as objeções dos adversários da vacina não têm fundamento científico.”

A CFV admite que, pelo fato de as vacinas contra a gripe suína serem novas, “ainda não conhecemos os efeitos colaterais. Em todo o caso, mesmo para pessoas muito frágeis, o risco de um grave efeito colateral decorrente da vacinação é muito menor do que o risco de uma complicação da gripe A(H1N1)”.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch

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