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Roche triplica vendas de Tamiflu

Produção de Tamiflu na fábrica da Roche em Kaiseraugst, perto de Basileia. Keystone

O grupo farmacêutico suíço Roche mais do que triplicou no primeiro semestre de 2009 seu faturamento com o Tamiflu, muito usado contra o vírus influenza A(H1N1), a chamada gripe suína.

Desde os tempos da gripe aviária, o antiviral faz parte dos estoques obrigatórios de muitos cantões (estados), e a Roche ganhou muito dinheiro com encomendas oficiais.

A Roche teve um lucro de 4,05 bilhões de francos suíços (US$ 3,8 bilhões) no primeiro semestre de 2009, o que representa 29% a menos do que no mesmo período do ano passado, quando foi de 5,73 bilhões de francos.

Despesas excepcionais foram as principais responsáveis pela redução dos ganhos, informou a empresa na quinta-feira (24/7). Só a aquisição da norte-americana Genentech por US$ 47 bilhões, anunciada em março passado, onerou o balanço com 2,4 bilhões de francos suíços. A partir de 2011, porém, ela trará economias anuais de 1 bilhão de francos.

Excluíndo este e outros itens excepcionais, o lucro operacional da Roche aumentou 20%, para 8 bilhões de francos suíços entre janeiro e junho. Ainda por este critério, o lucro líquido aumentou 11% na moeda suíça.

Produção será ampliada

O diretor-executivo, Severin Schwan, mostrou-se satisfeito com o resultado. O faturamento cresceu 10% em moedas locais 9% em francos suíços para 24 bilhões de francos. Deste total, 19 bilhões vieram da divisão farmacêutica, que também produz o Tamiflu. O restante veio dos diagnósticos.

Na primeira metade de 2009, o Tamiflu gerou receitas de 1 bilhão de francos, número que deverá ser dobrado até o final do ano. Diante desses resultados, a Roche anunciou que vai aumentar a produção do medicamento para 400 milhões de pacotes anuais a partir do início de 2010.

As perspectivas são boas. “Esperamos que as vendas nas divisões da companhia cresçam acima da média do mercado em 2009”, afirmou a Roche, em um comunicado. Os remédios mais vendidos no primeiro semestre foram o Avastin e o Mabthera-Rituxan, contra câncer, e não o Tamiflu (4° lugar).

Prevenir ou remediar?

Mesmo assim, as atenções se voltam principalmente ao antiviral. Mas não por muito tempo, prevêem alguns especialistas, segundo os quais a Roche só continuará lucrando com o Tamiflu enquanto a concorrente Novartis se concentra no desenvolvimento de uma vacina contra a gripe suína.

A previsão da Secretaria Federal de Saúde da Suíça é de que a vacina estará disponível no mercado a partir do próximo outono europeu (setembro/outubro). Por enquanto, Berna mantém um estoque de 23 milhões de cápsulas de Tamiflu.

Na opinião da porta-voz da Roche, Martina Rupp, o Tamiflu e futuras vacinas contra o A(H1N1) não se excluem. “O Tamiflu pode ser usado também quando alguém, apesar de vacinado, adoece. E, ao contrário das vacinas, o Tamiflu não precisa ser adaptado anualmente”, disse à swissinfo.ch.

No anos da gripe aviária, em 2006 e 2007, a Roche vendeu Tamiflu no valor de aproximadamente 4 bilhões de francos a governos. Em 2008, as vendas do medicamento cresceram apenas 6% para pouco mais de 600 milhões de francos.

No primeiro semestre de 2009, a gripe suína as vendas em 203%. Dos 1 milhão de francos faturados com o Tamiflu, 653 milhões de francos vieram da compras preventivas contra a pandemia.

Risco de resistência

Além das vacinas de concorrentes, o negócio do Tamiflu, porém, poderá ser afetado por um outro problema. Quando usado de forma errada, ele pode tornar o vírus da gripe resistente. Um caso isolado ocorreu em junho passado na Dinamarca.

Martina Rupp explica que “o perigo está na dosagem errada. Por isso, o remédio está sujeito a receita – um médico tem de receitar a dose certa para o paciente. Pode surgir uma resistência se ele não for dosado corretamente.”

A patente sobre o Tamiflu ainda vale por mais sete anos, diz Martina Rupp. “A Roche pode cobrir a demanda atual sem problemas. Além disso, empresa na China, Índia e África do Sul, que têm uma sublicença da Roche, podem produzir Oseltamivir – também usado no tratamento da gripe. Portanto, não há discussões em torno de patentes.”

Geraldo Hoffmann (com colaboração de Alexander Künzle), swissinfo.ch

O grupo Roche tem 80 mil funcionários em 150 países, dos quais 9.500 (cerca de 10%) em seis cidades suíças.

A empresa faturou 24 bilhões de francos e teve um lucro de 4,05 bilhões de francos suíços (US$ 3,8 bilhões) no primeiro semestre de 2009.

As vendas de Tamiflu renderam 1 bilhão de francos no período – um aumento de 203% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.

O governo suíço mantém um estoque de 23 milhões de comprimidos de Tamiflu e 1300 quilos de Tamiflu em pó.

Até quinta-feira (23/7) foram confirmados em laboratório 301 casos de gripe A(H1N1) na Suíça.

A Secretaria Federal de Saúde criou um número de telefone especial (0041 31 322 21 00) para prestar informações sobre a doença.

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