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Ambiente foi de festa entre turcos e alemães em Basiléia

Duas torcedoras turcas e um torcedor alemão, em Basiléia swissinfo.ch

Muitos temiam confrontos entre torcedores turcos e alemães em Basiléia e as medidas de segurança, que eram drásticas, foram ainda reforçadas. Nada houve de anormal e o ambiente foi de descontração.

Depois do jogo, não foram poucos os alemães que cumprimentavam turcos, abatidos pelo resultado. “Não fiquem tristes porque vocês jogaram muito bem”, disse um suíço a um casal no ponto do tram 8, que liga Basel a Kleinbasel, reduto turco da cidade.

Basiléia, no noroeste da Suíça, teve um alegre despertar. Desde cedo ouvia-se cornetas ou gritos de guerra de tempos em tempos. Era como um aviso de que algo diferente aconteceria na cidade.

Mesmo assim, o último dia de jogo em Basiléia não superou a festa que os holandeses promoveram quando por aqui passaram. Naquele sábado, a cidade ficou laranja.

Batalha de humor

Durante a tarde, alemães e turcos fizeram de Basiléia um campo de batalha, mas a principal arma era o humor – acompanhado dos gritos de guerra de cada um dos times. Quando Matthäus Hammerl, vestido com os trajes do Tirol, por exemplo, abria a carteira para pegar algo, circulava um grupo turco. Um deles gritou, num bom alemão:
– Cuidado com a carteira, há turcos aqui!
Eles riram e continuaram a caminhada – cada um na sua rota.

O dia quente motivava muitos dos turistas a pular no Reno, mas do lugar errado: do alto da ponte e no meio do rio, onde circulam embarcações.

Alguns policiais resolveram falar com os incautos para que não corressem tal risco. Eram alemães. Aproxima-se um grupo turco, que pede à polícia que os deixem pular. “São alemães, deixe pular”, gritavam. Todos riram. (Normalmente, pular no Reno a partir da ponte na Basiléia dá multa de 100 francos, mas durante a Eurocopa a polícia fez uma exceção).

Muitos vieram de bonde

Outra curiosidade era que muitos alemães chegavam à cidade suíça pelo bonde n° 8. O transporte praticamente liga a Alemanha à Basiléia porque chega muito perto da fronteira, mas passa pelo reduto turco da cidade, Kleinbasel. Os alemães invadiram a praia dos turcos.

Eles chegavam sem disfarces: com perucas, caras pintadas e tudo a que tinham direito. Mas sem stress. “Se houver brigas e o ambiente não estiver bom, volto para casa”, disse Thomas Hiferlin, de 25 anos, que pegou o bonde para chegar a Basiléia. Ele estava com dois amigos e assistiu ao jogo até o final, num bar – nada de fanzones.

“Este é um jogo de vizinhos. Muitos turcos que vivem na Alemanha estão aqui. Não haverá problemas”, disse Cevdet Erdöl, parlamentar turco que veio à Suíça especialmente para o partida. Ele tem razão. De acordo com os dados estatíscos, há mais de 2 milhões de turcos legais na Alemanha.

Bazar mais barato

Eventos de massa mudam a rotina e até as regras. A ponte sobre o Reno virou também um mercado livre. Lembrava, guardadas as proporções, a ponte da amizade, que liga Foz do Iguaçu ao Paraguai. Havia de tudo para vender, em geral pela metade do preço: camisetas, cervejas, chapéus e tudo o mais que seduz os fãs do futebol…A cerveja, grande aditivo dos torcedores, custava quatro francos e não tinha depósito (nas fanzones, a cerveja oficial era vendida por 5 francos mais 2 francos de depósito por copo de 4 dl).

Ao que parece, os policiais não se preocuparam com isso – apenas com a segurança das pessoas. Depois do jogo, os torcedores circulavam pela cidade. A cada esquina, um grupo de seis policiais fazia a escolta preventiva.

Entre os torcedores, uns queriam comemorar, outros afogar as mágoas. “Estou frustrado porque jogamos com um time praticamente reserva. Eles tiveram sorte”, disse o turco Oguzhan Ganpolat. Acompanhado de um grupo de amigos, ele se preparava para voltar para casa: Berlim.

swissinfo, Lourdes Sola, Basiléia

A partida entre Alemanha e Turquia foi classificada na véspera como “o jogo do ano”, segundo o jornal alemão Bild.

Alguns políticos alemães viram a semifinal como um “teste para a integração dos turcos na Alemanha”.

Os turcos formam o maior grupo de imigrantes na Alemanha. Cerca de 1,74 milhão de pessoas residentes na Alemanha têm passaporte turco. Outros 650 mil nascerem na Turquia e foram naturalizados alemães.

Na Suíça vivem 1.599.590 estrangeiros. O alemães formam o segundo maior grupo (214.504), os turcos o sexto (72.443).

No cantão (estado) da Basiléia vivem 18 mil turcos – 7,6 mil na cidade homônima, sede do jogo Alemanha x Turquia e onde também moram 11 mil alemães.

Origem dos estrangeiros na Suíça:

Itália: 290.329 (18,2%)
Alemanha: 214.504 (13,4%)
Portugal: 188.527 (11,8%)
Sérvia: 186.376 (11,7%)
França: 80.884 (5,1%)
Turquia: 72.443 (4.5)
Espanha: 64:846 (4,1%)
Macedônia: 59.844 (3,7%)
Bósnia-Herzegowina: 38.782 (2,4%)
Croácia: 37.358 (2,3%)
Outros: 365.697 (22,8%)

Total: 1.599.590

Dados oficiais de 25/06/08

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