Benazir Bhutto morre em atentado no Paquistão

Pouco mais de dois meses depois de retornar ao país, Benazir Bhutto morreu nesta quinta-feira durante um ataque suicida que causou no mínimo outras 20 mortes em Rawalpindi, leste do Paquistão.
Oposicionista ao governo atual e ex-primeira ministra, ela levou tiros no pescoço e no peito quanto entrava em um carro depois de um comício eleitoral.
A oposicionista e ex-primeira ministra paquistanesa de 54 anos levou tiros no pescoço e no peito quando subia em um carro depois de um comício de campanha pelas eleições legislativas. Quase ao mesmo tempo, houve um atentado-suicida, afirmou um conselheiro do Partido Popular Paquistanês (PPP).
“Ela faleceu às 18:16 hs, declarou Wasif Ali Khan, que estava no hospital para onde Benazir Bhutto foi levada, gravemente ferida, para ser operada.
Seus adeptos presentes no hospital gritaram insultas ao presidente Pervez Musharraf. Alguns tentaram quebrar a porta de vidro na entrada dao setor de urgências do hospital e outros choravam.
Benazir Bhutto acabava de discursar a milhares de seus adeptos, em comício de campanha para as legislativas de 8 de janeiro, e deixava o local quando houve a explosão.
Um jornalista da Associated Press (AP) no local contou cerca de 20 corpos, entre eles dois policiais, e muitos feridos. Rawalpindi, cidade viizinha da capital Islamad, é sede do poder militar paquistanês.
Um símbolo
Benazir Bhutto foi eleita primeira ministra em 1998 e reeleita em 1993. Depois de oito anos de exílio voluntário, acusada de corrupção, ela voltou ao Paquistão dia 18 de outubro último. No mesmo dia, um atentado-suicida causou 140 mortos entre seus simpatizantes que vieram recebê-la em Karachi, sul do país. Benazir Bhutto escapou ilesa.
“Eu sei que sou um símbolo que os ditos ‘djihadistes’, talebãs e Al-Qaïda mais temem», escreveu Benazir Bhutto em sua autobiografia: «Sou uma mulher, dirigente política que luta para trazer modernidade, comunicação, educação e tecnologia ao Paquistão”.
Condenações
Os Estados Unidos e a Rússia condenaram imediatamente o atentado: “condenamos esse atentado que demonstra que há pessoas que tentam interromper a construção da democracia no Paquistão”, declarou em Washington o porta-voz do Departamento de Estado, Tom Casey.
“Condenamos claramente esse atentado, apresentamos nossas condolências aos familiares de Benazir Bhutto e esperamos que o governo paquistanês possa garantir a estabilidade do país”, declarou o porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Mikhaïl Kamynine.
swissinfo com agências
Nasceu em 21 de junho de 1953 numa família de ricos proprietários de terra do sul do país. Benazir Bhutto foi encarregada de assumir o herança política de seu pai, Zulfikar Ali Bhutto, derrubado por um golpe militar em 1977 e executado.
Presa várias vezes durante o regime do general Zia-ul-Haq, Benazir Bhutto foi forçada ao exílio em 1984. Dois anos depois, voltou ao país e esteve à frente de manifestações de massa pelo retorno dos civis ao poder.
Depois da morte de Zia em um misterioso acidente de avião em 1988, Benazir Bhutto levou seu partido à vitória nas eleições e tornou-se a primeira mulher a dirigir um país muçulmano, na era moderna.
Foi reeleita em 1993. Três anos depois, o irmão caçula de Benazir, Murtaza, foi morto durante um tiroteio com a polícia em Karachi. Um outro irmão de Benazir, Shahnawaz, tinha morrido dez anos antes na França, em circunstâncias misteriosas.
Depois de sua derrota para o rival de sempre, Nawaz Sharif, em 1996, ela foi acusada de corrupção e deixou o país em 1999, pouco antes de ser condenada por um tribunal e proibida de qualquer atividade política. O julgamento foi posteriormente anulado mas Benazir Bhutto permanecerá no exílio, entre Londres e Dubaï.
Seu regresso ao país foi marcado por um violento atentado contra a caravana que a acompanhava dia 18 de outubro último. Ela escapou do atentado que matou 136 pessoas.

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