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Comissão contra racismo completa 10 anos

Muitos africanos sentem-se prejudicados pelos preconceitos na Suíça. Keystone

Comissão criada pelo governo federal suíço para combater o racismo comemora dez anos de existência.

Sem função repressiva, ela trabalha mais na sensibilização do problema. Anti-semitismo e preconceito contra asilados são latentes no país.

– Nosso trabalho é limitar permanentemente os danos causados na sociedade pelas diversas formas de racismo – afirma Georg Kreis.

O presidente da Comissão Federal contra o Racismo (EKR, na sigla em alemão) resume assim sua principal função. O órgão federal comemora dez anos de funcionamento, desde que foi criado em 23 de agosto de 1995 pelo governo federal suíço.

Composto por um conselho de 19 membros, com um orçamento anual de 185 mil francos e dois funcionários em tempo integral, o EKR não tem função repressiva, mas sim organiza ações para sensibilizar a população frente ao problema do racismo.

– Observamos que nos últimos dez anos o debate sobre a questão só fez aumentar – ressalta.

Círculo vicioso

Um dos temas mais polêmicos é o asilo político. Apesar do número de solicitantes ter reduzido nos últimos anos, as estatísticas policiais mostram que muitos dos estrangeiros, cujos pedidos de acolhimento foram negados pelo governo, terminam entrando na clandestinidade e envolvendo-se no comércio de entorpecentes.

Como a grande maioria dos infratores vem de países africanos, a imagem de um grupo inteiro da sociedade acaba sendo prejudicada.

– Vivemos um período de crise, onde muitas pessoas procuram bodes expiatórios para seus problemas. Os estrangeiros acabam assim servindo como justificativa para o preconceito e racismo – explica Kreis.

Até membros da comissão já ameaçados no seu trabalho. Não só o presidente, mas também dois vice-presidentes já receberam cartas insultuosas ou telefonemas anônimos.

– Somos um endereço privilegiado para esses grupos radicais.

Apoio na lei

Apesar de não poder punir ninguém diretamente, a comissão é apoiada pelo Código Penal suíço: o artigo 261, a chamada “Lei contra o racismo”, foi adotada em 25 de setembro de 1994 através de um plebiscito popular.

Além de promover um melhor diálogo entre suíços e estrangeiros, ela tem como principais funções combater o racismo, a discriminação racial e propor mudanças legais nesse sentido, que são enviadas para análise ao governo federal.

Os 19 membros do conselho são indicados pela igreja, governos federal e cantonais e representantes das comunidades de estrangeiros.

swissinfo com agências

Georg Kreis é historiador e originário da Basiléia. Ele preside a Comissão Federal contra o Racismo desde a sua criação, em 23 de agosto de 1995.

Nascido em 1945, Kreis é professor de história moderna na Universidade da Basiléia.

Ele também foi membro da comissão de especialistas intitulada “A Suíça na 2a Guerra Mundial”.

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