Perspectivas suíças em 10 idiomas

Governo é criticado pela gestão do caso UBS

Claude Janiak e Maria Roth-Bernasconi apresentam o relatório que critica o governo. Keystone

Em relatório publicado nesta segunda-feira (31/5), depois de meses de enquete, as comissões de gestão da Câmara e do Senado criticam duramente o governo por sua gestão do caso UBS e por sua incapacidade a detectar a crise financeira.

O principal acusado é o ministro das Finanças Hans-Rudolf Merz.

O relatório final das comissões parlamentares de gestão (CdG) publicado nesta segunda-feira tem 350 páginas e analisa a situação do governo sob pressão da crise financeira e a transmissão de dados de clientes do UBS aos Estados Unidos.

Acerca da crise financeira, o ministro das Finanças Hans-Rudolf Merz não informou suficientemente o seus seis colegas do governo por “receio de vazamento de informações e o impacto que teriam na Bolsa”. Ele administrou sozinho a situação, sem querem o envolvimento de seus colegas do governo. Mas os outros ministros se satisfizeram desse situação: de abril a setembro de 2008, o governo não discutiu a crise.

Falhas

As CdG se diz particularmente preocupadas pelo fato que o governo não possa trabalhar em um clima de confiança e de confidencialidade. Elas consideram que a “estabilidade do país” e até mesmo a segurança não podem ser colocadas em risco pelo simples fato que os sete ministros que formam o governo federal, os mais altos dirigentes do país, não tenham a capacidade e manter uma informação confidencial.

A condução da crise pelo governo foi falha, apesar das recomendações reiteradas das comissões, afirma o relatório. Outra inquietude destacada é que a “janela de oportunidade para fazer reformas se fecha”. Se a problemática da política salarial e de bonificações dos bancos grandes demais para falir foram reconhecidas, falta tomar medidas concretas, afirmam as comissões parlamentares de gestão.

Erro fatal

A análise é ainda mais crítica da transmissão de dados de clientes do UBS nos Estados Unidos. As CdG sublinha que não encontrou “palavras suficientemente duras para condenar esse comportamento” do banco e a reação dos Estados Unidos, exigindo a entrega de dados bancários ignorando a legislação suíça.

Também nesse caso, o ministro das Finanças Hans-Rudolf Merz bloqueou a situação. “Baseando-se na concepção de Estado, o ministro sempre partiu do princípio que a decisão de transmitir os dados bancários sem respeitar o procedimento de colaboração administrativa, só devia ser tomada em última instância”.

Outras medidas só foram estudadas quando a margem de manobra necessária a aplicá-las não estavam de fato mais disponíveis. O governo, portanto, foi incluído tardiamente no processo.
“Agindo como fez, o ministro das Finanças privou seu ministério e o governo de eventuais opções de agir, o que as CdG consideram como um erro fatal”.

Batata quente

As ministras das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, e da Justiça e Polícia, Eveline Widmer Schlumpf, não exploraram as informações que tinham nem analisaram a problemática. Como um todo, o governo também “eximiu-se totalmente de sua responsabilidade, cedendo à Comissão Federal de Bancos a tomada de medidas necessárias para salvar o UBS do naufrágio” nos Estados Unidos.
Outra crítica : sob impulsão do presidente da Suíça na época. Pascal Couchepin, o governo decidiu não redigir um processo verbal sobre as discussões envolvendo o caso UBS.

swissinfo.ch com agências

CPI. A União Democrática do Centro (UDC, maior partido do país) e o Partido Socialista (PS) defendem a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, com poderes maiores do que os das comissões de gestão, para esclarecer o comportamento do governo e das autoridades de controle no caso UBS.

Medidas de exceção. Historicamente, o Parlamento são aceitou a criação de quatro CPI.

«Mirages». Em 1964, a primeira CPI investigou os custos maiores que previstos (567 milhões de francos) para a compra de aviões de combate franceses “Mirages”.

Caso Kopp. Em 1989, a segunda CPI investigou as circunstâncias que levaram à demissão a ministra da Justiça e Polícia da época, Elisabeth Kopp.

Fichas. Nesse inquérito, descobriu-se que os serviços de informação militares vigiavam e fichavam os cidadãos suíços.

Caixa Federal de Pensões. A última CPI até aqui, em 1995, investigou os problemas de funcionamento da Caixa Federal de Pensões, problemas atribuídos principalmente ao ministro socialista Otto Stich, mas também a outros membros do governo daquela época.

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR