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Conceito de artista suíço ajuda obra social no Brasil

"Caos", a vaca que simboliza a vida na aglomeração de 18 milhões de habitantes. swissinfo.ch

Serão leiloadas no dia 29 de novembro as 85 vacas criadas no projeto Cow Parade que foi realizado pela primeira vez em uma cidade da América Latina.

O dinheiro arrecadado com as obras que foram expostas na cidade de São Paulo será doado para a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente.

Antes do leilão irá acontecer uma premiação das obras. Três vacas eleitas pelo público que pode vê-las pela cidade e outras três escolhidas pelo júri especializado receberão os prêmios da noite.

Segundo Ester Krivikin, diretora da Top Trends, empresa que organizou o projeto no Brasil, o conceito nasceu em uma obra do artista plástico suíço Pascal Knapp em 1998.

Várias cidades

Um americano ao ver uma vaca do artista em uma exposição em Zurique procurou-o e comprou os direitos levando a idéia para a criação da Cow Parade.

A primeira exposição no formato que ganhou o mundo foi feita em Chicago. O evento já percorreu mais de 30 cidades desde então, incluindo Nova York, Londres, Genebra, Las Vegas e Bruxelas.

Foi exatamente o evento na capital belga que chamou a atenção de Ester Krivikin em uma conversa com uma amiga brasileira que levou os filhos para ver as vacas urbanas. Ester lembra que a empresa já estava pesquisando sobre tendências de comunicação e que o evento chamou a atenção pelas possibilidades.

O objetivo da Top Trend é demonstrar ao mercado publicitário que é possível fazer comunicação envolvendo arte e responsabilidade social sem poluir o espaço visual da cidade.

Processo em duas etapas

Para o evento no Brasil o processo de escolha envolveu duas etapas. A primeira foi baseada em uma curadoria para atrair os artistas de renome. Segundo Krivikin, foi feito um “mix” de pessoas em que entraram artistas plásticos, arquitetos, decoradores e estilistas.

No segundo momento foi aberto um processo em que artistas interessados inscreveram suas propostas de obras com as vacas. As vacas foram fabricadas em três modelos: em pé, deitadas e com cabeças baixas. Todas seguindo o modelo criado pelo suíço Pascal Knapp em 1998.

No total foram inscritos 600 trabalhos que foram avaliados por um comitê de arte que acabou selecionando 141 obras. Neste ponto, a empresa brasileira foi a campo levando as propostas de obras para os possíveis patrocinadores. Para surpresa da própria Ester 50 empresas assumiram o patrocínio de 85 obras que foram realizadas e espalhadas pela cidade de São Paulo.

Bumba e Caos

Entre as obras mais criativas temos a “Aero Vaca” e a “Bumba Minha Vaca”, no melhor estilho brasileiro. Como o evento busca uma identificação com a cidade onde é realizada, a exposição paulista contou com a vaca “Caos” que demonstra artisticamente os desencontros da região metropolitana com quase 18 milhões de pessoas.

Como São Paulo tem o título de capital mundial da gastronomia e não poderia faltar uma alusão às festas que misturam o sacro e o profano pelos mais diversos bairros. Para este aspecto temos a “Bacus Cow”.

O evento paulista deu tão certo que, segundo Ester Krivikin, as obras brasileiras irão integrar, a partir do próximo ano, o catálogo de miniaturas internacionais do Cow Parade. Também está previsto, para o final deste ano, o lançamento de um livro catálogo com as obras brasileiras.

US 11 milhões, no mundo

O evento já arrecadou em todo o mundo mais de US$ 11 milhões para projetos de responsabilidade social. Até hoje estima-se que mais de 3 mil vacas tenham sido pintadas e entre elas pelo menos 160 já tenham sido reproduzidas em miniaturas.

Só para se ter uma idéia do sucesso entre os colecionadores, as vaquinhas dos Cow Parade são consideradas o quarto maior item de coleção nos Estados Unidos, segundo dados do site brasileiro.

No Brasil, para evitar o vandalismo, as obras foram fixadas em bases de 350 quilos de concreto, onde foram escritos os nomes dos criadores e dos patrocinadores. Além disto, a vacas foram pintadas com um verniz antepichação, lavável com água.

Diariamente um caminhão passou pelos locais onde as vacas ficaram expostas para fazer eventuais manutenções. O “Cow Hospital”, como ficou conhecido, não teve muito trabalho como afirma Ester Krivikin.

“O evento no Brasil teve um baixo índice de problemas relacionados a vandalismo”. De acordo com ela o maior problemas foi a poluição da cidade que muitas vezes sujou as obras. Mas nada que os especialistas não pudessem resolver com uma boa lavada.

No Rio, em 2007

Para o ano que vem a empresa organizadora já esta preparando um novo formato que permita levar as obras para outras cidades brasileiras chegando a 2007 ao Rio de Janeiro, na época dos Jogos Panamericanos.

Quem perdeu a oportunidade ver as obras nas ruas da cidade de São Paulo ainda pode dar uma olhada no site http://saopaulopt.cowparade.com/ onde há uma galeria com as vacas criadas para o evento brasileiro.

Ester Krivikin conclui afirmando que a forma como as pessoas interagiram com as obras demonstrou uma grande aceitação do conceito de Cow Parade. Para ela, isso “é impagável”, sendo esta a maior recompensa para quem trabalhou no projeto.

swissinfo, Alvaro Bufarah, São Paulo

– O conceito da vacas urbanas nasceu em uma obra do artista plástico suíço Pascal Knapp em 1998.

– A primeira exposição foi em Chicago. Desde então, já foi organizada em 30 cidades, incluindo Nova York, Londres, Genebra, Las Vegas e Bruxelas.

– Para o projeto brasileiro, no total foram inscritos 600 trabalhos que foram avaliados por um comitê de arte que acabou selecionando 141 obras. 85 foram realizadas.

– As obras são patrocinadas por empresas. Ao final de cada exposição, são leiloadas e o produto da venda é doado a obras sociais. Até agora, os leilões renderam um total de US 11 milhões.

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