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Vida urbana é tema central de festival em Friburgo

A atriz Carla Ribas tem o papel principal no filme "A Casa de Alice". http://www.fiff.ch/

A 21a edição do Festival Internacional de Filmes de Friburgo, programada para a semana de 18 a 25 de março, se autodenomina "intimista". Os 12 filmes da mostra competitiva, dentre eles um brasileiro, falam de pessoas comuns, suas alegrias e tristezas.

Fora do circuito dos grandes festivais, o FIFF é um espaço importante para filmes alternativos e de países em desenvolvimento.

Esse é um festival de cinema sem as centenas de fotógrafos que inflacionam em Montreux ou os tapetes vermelhos para as estrelas de Hollywood que visitam a Berlinale. Porém os cinco antigos cinemas no centro de Friburgo, uma das cidades mais bonitas da Suíça, irão se transformar durante oito dias em um palco para filmes produzidos em várias partes do mundo e que dificilmente entrariam nos circuitos comerciais.

Ontem os organizadores do Festival Internacional de Filmes de Friburgo (FIFF, na sigla em francês) apresentaram o programa da sua 21a edição, o último que será organizado pelo diretor artístico Martial Knaebel. Figura de proa de um dos mais importantes eventos de Friburgo, ele se despede depois de 15 anos de atuação.

“É meu primeiro gesto egoísta em relação ao festival. Eu prefiro me despedir agora, afirmando ao mesmo tempo em que poderia ter feito outras edições melhores, do que ter cometido erros”, declarou Knaebel emocionado à imprensa presente.

O festival, previsto para ocorrer de 18 a 25 de março, tem a sua marca: o FIFF propõe nesse ano uma competição marcadamente intimista, onde pessoas comuns são os personagens principais em histórias sobre os altos e baixos da vida.

Um exemplo é “A Casa de Alice” (2006), do cineasta brasileiro Chico Teixeira, o único brasileiro dos doze filmes selecionados para a mostra competitiva.

Ele conta a história da manicure Alice (Carla Ribas), uma mulher de meia-idade que vive num pequeno apartamento de um subúrbio trabalhador de São Paulo com sua mãe, marido e três filhos. Sua vida é marcada pelas traições constantes do marido com as adolescentes do bairro, a briga entre os irmãos, a indiferença dos filhos e os problemas de saúde da sua mãe.

O cineasta, premiado por documentários como “Criaturas que Nascem em Silêncio” e “Carrego Comigo” realizou em 2006 com “A Casa de Alice” a sua primeira ficção. A película já foi exibida nos festivais de São Sebastian, Toulouse e na Berlinale.

Cinema asiático

Outros destaques para a mostra competitiva são filmes como o “El Otro” (2007), do cineasta argentino Ariel Rotter; “Malon Tisha’a Kochavim (2006), do israelense Ido Haar e “Junun” (2006) do tunisiano Fadhel Jaibi.

Sete dos doze filmes vêm de Ásia. A organização do festival explica que a forte presença em Friburgo se explica pela qualidade das obras.

“A Malásia vive um renascimento fantástico do seu cinema. O mais interessante é a solidariedade que existem entre os atores, diretores e produtores. Existem obras onde o diretor de um filme participa como ator ou vice-versa. Eles também não fazem propaganda só para o seu filme, mas sim para as realizações dos colegas”, conta Martial Knaebel.

O júri e os prêmios

Dois prêmios serão dados pelo júri durante o festival: o “Regard d’Or” (n.r: Olha de Ouro), o grande prêmio entregue pelos governos da cidade e do cantão de Friburgo, e o “Prix spécial du Jury” (n.r: Prêmio especial do júri), organizado pela Sociedade Suíça de Autores e a Sociedade para Direitos Autorais em Obras Audiovisuais.

O júri internacional do FIFF é composto pela cineasta argentina Ana Katz, o cineasta sul-africano François Verster, o crítico japonês Chris Fujiware, a documentarista suíça Jacqueline Veuve e o produtor Freddie Wong, de Hong-Kong.

Além da mostra competitiva, o festival exibe uma mostra paralela com 15 filmes e a seleção intitulada “Além da liberdade: a identidade dos cineastas sul-africanos”, com 26 filmes, e a retrospectiva “Taiwan: historia das pessoas comuns”, com dez filmes realizados na ilha chinesa durante a chamada “nouvelle vague” do cinema local, um período cultural ocorrido durante os anos de liberalização política.

swissinfo, Alexander Thoele

O Festival de Filmes de Friburgo realiza-se anualmente em março.

Um dos mais importantes do gênero na Europa, o evento reúne filmes da África, Ária e América Latina, excluídos dos principais circuitos de distribuição.

Um dos feitos do Festival foi introduzir no mercado europeu – bastante fechado – obras que tratam de realidades socio-políticas contribuindo para melhor compreensão entre culturas em geral muito diferentes.

Na 21a. edição do Festival Internacional de Filmes de Friburgo grande parte dos filmes exibidos foi produzida na África, Ásia e América Latina.
Um filme brasileiro faz parte da mostra competitiva: “A Casa de Alice” (2006), do cineasta Chico Teixeira.
No festival estarão presentes o cineasta brasileiro Jorge Fernando Durán Parra, cujo filme “Proibido proibir” será exibido na mostra “Panorama: imagens da vida urbana”, e a atriz Carla Ribas, atora principal no filme “A Casa de Alice”.

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