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A ópera perde uma “voz natural”

Luciano Pavarotti começou no papel Rodolfo, em Bohème de Puccini. Keystone

Para muita gente, ele foi o maior tenor do século XX, depois de Caruso. Luciano Pavarotti morreu quinta-feira (06) aos 71 anos, de câncer pancreático. Ele será sepultado sábado em Modena, sua cidade natal.

Com sua “voz natural”, o italiano fez muito para democratizar a ópera, constata Alain Perroux, autor de “Manual da Ópera” e diretor do Grande Teatro de Genebra.

“O grande tenor Lucinao Pavarotti faleceu às 5 horas em sua casa em Modena”, afirmou Terri Robson, empresário do artista, através de um comunicado.

A notícia da morte do cantou correu rapidamente em Modena e a polícia italiana montou um esquema de segurança em volta da residência para canalizar os fãs que queriam lhe homenagear.

Quarta-feira à noite, a mídia italiana havia noticiado uma brusca agravação do estado de saúde de Luciano Pavarotti, operado em julho de 2006 de um câncer no pâncreas e hospitalizado novamente no início de agosto.

domocratização da arte lírica

Uma cirurgia nas costas no íncio de 2006 e depois do pâncreas um mês depois haviam forçado o tenor a interromper uma série de concertos – 40 no mundo inteiro – de despedida, iniciada em maio de 2004. Ele nunca mais apareceu em público.

Pavorotti havia cantado pela última vez em público na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Invervo em Turim, em fevereiro de 2006. Pouco tempo depois de sua última operação, o tenor tinha a intenção de retomar seus concertos de despedida no início de 2007.

“Nos últimos meses, vários cantores líricos partiram. Regine Crespin, por exemplo, e agora Pavorotti, o mais popular dentre eles. Nos ans 70 e 80, ele contribuiu muito para democratizar a arte lírica”, afirma Alain Perrox, musicólogo, autor de “Manual da Ópera” e um dos diretores do Grande Teatro de Genebra.

“Adolescente, recorda ele, assisti “Um baile mascarado”, no Grande Teatro de Genebra, justamente com Pavarotti. Foi a primeira vez que o vi, com sua generosidade no canto e sua capacidade de emocionar as pessaos. Foi um momento muito forte para mim!”.

Em Zurique

O tenor italiano também cantou várias vezes às margens do lago Limmat.
“Luciano Pavarotti veio cantar na ópera de Zurique quando ainda era desconhecido. Voltou posteriormente para concertos e uma noite especial no Hallenstadion mas também na Ópera”, recorda-se Avien Kahan, ex-diretor da Ópera de Berna e atual interino da Ópera Flamenga de Antuérpia, na Bélgica.

“Pavarotti era meu ídolo quando eu era mais jovem, acrescenta. Foi a voz que mais me marcou em minha paixão pela ópera. Sua morte me entristece muito”.

“People!”

Nascido em 1935, Luciano Pavarotti estava destinado a ser professor antes de optar definitivamente pelo canto, em 1961.

Considerado o maior tenor do mundo e dotado de um timbre excepcional, em 40 anos de carreira ele conquistou todos os públicos, superando, no coração dos amantes do belo canto, o “grande Caruso” morto no início do século XX.

Ele soube popularizar sua arte em estádios cheios, em trio com seus cúmplices Plácido Domingo e José Carreras, e vendeu milhões de discos.

“Era também um “people”, reconhece Alain Perroux, com aspectos discutíveis como o caso com sua secretária, publicado por todos os jornais. Nos últimos anos, suas apresentações eram comerciais e pouco interessantes”, opina.

“Os cantores líricos modernos têm bela voz e belo físico como quer a moda atual. Ele era a encarnação do monstro sagrado – fisicamente imponente, não muito bom ator mas passando a expressão da ópera com sua voz solar, sedutora, incrivelmente fácil. Ela dava a impressão que cantava sem esforço, de uma voz natural.”

Para concluir, Alain Perroux que que o que restará de Pavarotti e a lembrança da voz, “principal argumento da ópera.”

swissinfo com agências

Nasceu em 12 outubro de 1935, em Modena, norte da Itália.

Vencedor de um concurso lírico em 1961, ele estreiou no papel de Rodolfo, na Boheme, de Puccini.

Considerado com o maior dos tenores, ele cantou nas óperas mais prestigiosas do mundo. Em 40 anos de carreira, Luciano Pavaroti desfilou sua silhueta (1,90 m e peso entre 85 e 130 kg) e seu sorriso do Scala de Milão à Ópera Metropolitana de Nova York, da Torre Eiffel (grande espetáculo com José Carrera e Plácido Domingo) à Praça Vermelha de Moscou, passando pela Cidade Interdita de Pequim.

Apaixonado por cavalos puro-sangue, de boa comida e de vinhos finos, ele nunca hesitou em mudar de estilo por ocasião de concertos caritativos em companhia de vedetes como Sting, Joe Cocker ou Mariah Carey.

Na vida privada, separou-se em 1995 de Adua, com que esteve casado de 1960, mãe de três de suas filhas. Teve uma quarta filha em 2003 com sua companheira Nicoletta Montavani, com quem se casou em dezembro de 2003. Era avô desde abril de 2002.

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