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A revolução no cinema

Eliseo Subiela em Friburgo (foto: J-L Cramatte) swissinfo.ch

Com a tecnologia digital ocorre a mudança tecnológica mais importante desde a criação do cinema.

A observação é de Eliseo Subiela, cineasta argentino, presente no Festival de Filmes de Friburgo, encerrado domingo.

Eliseo Subiela, 59 anos, natural de Buenos Aires e residente na capital portenha, é considerado um dos cineastas latino-americanos mais importantes.

Seus maiores sucessos foram: Hombre mirando al sudeste, El Lado oscuro del corazón, No te mueras sin decirme adonde vas (Grand Prix do Festival de Friburgo em 1996), Despabílate amor (desperte amor).

Seu último filme: Las aventuras de Dios (2000) foi inteiramente filmado em vídeo, porque o cineasta dispunha de um orçamento de apenas 200 mil dólares.

Subiela esteve agora pela primeira vez no Festival Internacional de Filmes de Friburgo, como membro do júri internacional.

Mudança mais importante

A propósito, ele considera o evento “um espaço onde se respeita, se estima e se valoriza o cine de autor”.

E justamente durante esse festival o cineasta portenho fez uma palestra sobre “Novas tecnologias e democratização do cinema”, em que falou da revolução que vive a sétima arte.

Entrevistado para swissinfo, Eliseo Subiela reiterou que “ o negativo, ou desaparece ou vai ser uma raridade”, enfatizando: “Com o cine digital está ocorrendo a mudança tecnológica mais importante desde a criação do cinema”.

E com o desenvolvimento da Internet as mudanças que prevê “terão enormes conseqüências na exibição e distribuição das películas”.

Indagado, então, sobre como vai ser o cinema do futuro, ele corrige: “como se vai assistir ao cinema do futuro, esta me parece a pergunta mais adequada”, admitindo, porém, ser impossível dizer “como o cinema vai ser formal ou artisticamente”.

Desafio

Ela acha que as salas de cinema não vão desaparecer, mas está certo de que “se vai ver filmes em casa, no computador, através da Internet”. Muda-se, portanto, “o sistema de projeção”.

O cineasta percebe que a celulóide tem mais resposta técnica que o vídeo. Desafia, porém, quem se dê conta da diferença caso mostrasse uma película bem filmada em “high definition”.

Sua constatação é que já estamos nessa via, porque mesmo se filmando em negativo, “toda a parte de pós-produção deve ser passada para vídeo e assim permitir trucagens e efeitos”. O vídeo é, então, inevitável, conclui.

Conteúdo

No que diz respeito a esse suporte – acessível e muito mais barato – trata-se de “uma mudança revolucionária” que deve beneficiar os países pobres:

“Implica como conseqüência de se poder ou não se poder filmar, ou seja, possibilidade de expressar-se. Nada mais, nada menos que isso”, arremata o cineasta argentino.

Mas surge, evidentemente, o problema do conteúdo… Quem realiza filme “deve ter algo a dizer, deve saber contar”. Daí, a importância da formação, das escolas de cinema.

Aliás, para Subiela, o cenário é “a coluna vertebral do filme”. Técnicas se ensinam. O dom, uma pessoa tem ou não tem.

Indagado sobre o que pensa da cinematografia brasileira, Eliseo Subiela foi muito elogioso, mesmo admitindo “não conhecer demasiado”. Para ele, o cinema brasileiro é um dos que mais lhe interessa na América Latina, porque “é um cine que tem dois aspectos atraentes: a criatividade e o nível técnico”.

swissinfo, J.Gabriel Barbosa

Eliseo Subiela é formado em literatura, filosofia e cinema.

Ele tem em Buenos Aires uma Escuela Profisional de Cinematografia, onde ensina.

“La Conquista del Paradiso” (1981) é o primeiro de seus nove longa-metragens. O sucesso viria cinco anos depois com “Hombre mirando al sudeste”.

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