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Breve histórico da aventura e do reencontro

Martin Nicoulin é o presidente da Associação Fribourg - Nova Friburgo (foto: J.Gabriel Barbosa) J.Gabriel Barbosa

A abastada Suíça de hoje não tem nada a ver com a Suíça de há quase dois séculos. Por volta de 1815 os tempos são rudes na terra de Guilherme Tell.

As colheitas de 1816 e 1817 são péssimas. A fome campeia.

A tenacidade dos suíços nada pode contra o infortúnio. Muitos suíços buscam dias melhores em outras terras.

O sonho brasileiro

Em 1818, surge proposta brasileira, aparentemente generosa, de acolher centenas de famílias no Brasil. D. João VI dispõe-se a doar terras a colonos suíços interessados em região serrana, distante 160 km do Rio de Janeiro, na vila que então se chamava Morro Queimado. Em honra dos suíços essa vila seria rebatizada Nova Friburgo.

Mais de 2 mil pessoas – exatamente 2006 – embarcam nessa aventura. Entre elas 830 fribourgeois, o maior contingente. “Aventura” é o termo exato. Viagens de navio, que na época era a única maneira de transpor o oceano, implicava sérios riscos.

Dia 4 de julho daquele ano, os suíços deixam a pátria. Partem do porto lacustre de Estavayer, oeste, viajam pelo rio Reno e a partir de Basiléia, rumo à Holanda. É onde devem pegar os navios com destino ao Rio de Janeiro.

Mar é túmulo para mais de 400

Os problemas começam na Holanda. Nada funciona como previsto e os colonos devem esperar seis semanas antes de embarcar. As condições precárias e insalubres em que se encontram favorecem um surto de malária que semeia a morte. A viagem marítima nas circunstâncias da época, a demora exagerada de alguns dos navios de chegar ao destino, as tempestades, são algumas das causas de morte de 400 passageiros que terão o mar como túmulo.

A viagem do Rio de Janeiro para Nova Friburgo foi uma outra odisséia que acentuou o número de mortos. Mas em 17 de abril de 1820, é fundada Nova Friburgo. As dificuldades, porém, não terminam aí. As terras são ruins para lavouras levando ao desespero muitos colonos que caem na miséria ou partem para a pecuária ou ainda, buscam em outras regiões novas terras para o cultivo do café, produto que os enriquecem.

Etapas da reaproximação

Com o tempo os laços com a mãe-pátria se perdem. Mais de século e meio depois o livro A Gênese de Nova Friburgo, de Martin Nicoulin, que retraça pormenorizadamente a emigração suíça, cria condições básicas de restabelecê-los. Mas em 1973 ninguém podia imaginar todo o processo de reaproximação que se seguiria, sem descontinuar.

Impulsos particularmente importantes ocorrem em 1977, quando uma caravana de 261 suíços visita Nova Friburgo, e, no ano seguinte, com a criação de duas associações gêmeas: Fribourg-Nova Friburgo e Nova Friburgo-Fribourg. Elas têm por objetivo principal “manter e reforçar os laços” existentes. O que viria cumprir.
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Em 1981 acontece a primeira visita em grupo de friburguenses à terra de seus antepassados. Uma caravana de 300 pessoas participa dos 500 anos da entrada de Fribourg na Confederação Helvética, nome oficial da Suíça.

Outros marcos

Em 1987, em inaugurada nos arredores de Nova Friburgo (Conquista) uma Queijaria-Escola. O prefeito da época doou o terreno, os suíços deram o prédio, o governo brasileiro entrou com as máquinas. Foi a oportunidade de uma segunda caravana de fribourgeois visitar o Brasil.

Quase dez anos depois, em 1996, colada a Queijaria é fundada a Maison Suisse, que se constitui num museu da imigração, mas é dotada também de uma sala adaptável a espetáculos e conferências.

Na ocasião inaugura-se um Lar para Deficientes Mentais, na cidade mesmo de Nova Friburgo.

Dias depois, na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, é lançada oficialmente a tradução portuguesa de La Genèse de Nova Friburgo.

Em 1998, é assinado um acordo de cooperação entre o Estado de Fribourg e a Prefeitura de Nova Friburgo.

Por ocasião da Expo.02 (exposição nacional suíça, em 2002), Nova Friburgo, como convidada de honra do Estado de Fribourg participa da mostra no dia da “journée officielle fribourgeoise”.

Em 2003, é publicada Teia Serrana, obra conjunta de historiadores brasileiros – sob orientação de João Raimundo de Araujo et Jorge Miguel Maye que aborda diferentes aspectos do desenvolvimento de Nova Friburgo. O evento ocorre por ocasião da visita de uma delegação de suíços que foram, em outubro de 2003 à cidade brasileira, comemorar os 25 anos de existência das associações Fribourg-Nova Friburgo e Nova Friburgo-Fribourg.

De ambos os lados do oceano, a intenção a manter essa dinâmica de aproximação, no sentido de fortalecer os laços de amizade e cooperação em consonância com o lema “duas cidades, um só coração”.

swissinfo, J.Gabriel Barbosa

(fonte: www.novafribourg.ch)

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