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Budas reincarnam com ajuda suíça

Antes e depois da destruição (26.03.2001 Keystone

O governo afegã prioriza a reconstrução dos famosos Budas de Bamiyan para mostrar que o regime Taleban está superado. A Suíça participa desse e de outros projetos de reabilitação cultural.

As novas autoridades de Cabul decidiram, de fato, dar prioridade à reconstrução dos Budas do Vale de Bamiyan, destruídos em 10 de março de 2001 pelo regime Taleban.

É o que confirmou na sexta-feira 18/01, Paul Bucherer, co-fundador, na Suíça, do Museu do Afeganistão e um dos especialistas que tem mais insistido na reabilitação das gigantescas estátuas de há mais de 1.500 anos.

“Fiquei surpreso em saber que a reconstrução dos Budas é prioridade política do novo governo. Acho que as autoridades afegãs considerem a iniciativa um sinal de que o regime Taleban é coisa do passado”, disse o especialista a swissinfo.

O Museu do Afeganistão, em Bubendorf, perto de Basiléia, conserva há vários anos tesouros do patrimônio cultural de um país devastado por duas décadas de guerra.

UNESCO associada

Paul Bucherer lembra que antes de empreender a reconstrução das estátuas emblemáticas, um seminário internacional de arqueolólogos especializados, reunido pela UNESCO ( Organização da ONU para Educação, Ciência e Cultura) decidirá sobre as circunstâncias da restauração. Não se exclui que os Budas possam ser erigidos na mesma região, mas não no mesmo lugar.

Estima ser preciso de início elaborar na Europa um modelo das estátuas em escala reduzida, no sentido de determinar as possibilidades materiais e técnicas da reconstrução. E garante que neste ou no próximo ano as obras podem começar.

Apoio budista

Mas quem, em meio dos escombros de um país destruído poderá pagar a reconstituição dos Budas e do restante patrimônio cultural e artístico aniquilado? Segundo Bucherer, as novas autoridades de Cabul acham haver muitas organizações budistas dispostas a colaborar.

O projeto não foi um mero sonho de amantes da cultura. As estátuas – de 35 e 53 metros de altura – eram uma atração cultural afegã visitada por milhares de pessoas.

Antes de pertencer ao mundo islâmico, no século VII, o Afeganistão foi importante reino budista, um elo entre a cultura asiática, o budismo, o helenismo e a arte greco-romana. Os Budas gigantescos testemunharam o caráter daquela região afegã – via obrigatória da Rota da Seda – como ponte entre o Oriente e o Ocidente.

Antiga colaboração suíça

Em colaboração com seu compatriota Bernhard Weber, Paul Bucherer anima um site na Internet (veja abaixo) para apoiar a campanha de coleta de fundos destinados à reedificação dos Budas. Os dois especialistas suíços esperam, agora, com a decisão do novo governo, uma dinamização da campanha.

Para Paul Bucherer, outro grande desafio é a restauração do Museu Nacional do Afeganistão em cuja criação – já nos anos 60 – a Suíça desempenhou papel importante graças a especialistas do Museu Etnográfico de Neuchâtel, oeste suíço.

O fundador do Museu do Afeganistão na Suíça reitera que esta instituição participará da reconstrução dos Budas. E realça que sua equipe dispõe das medidas conhecidas mais exatas dessas estátuas.

O especialista suíço estima que a reconstrução dos Budas não deva ser trabalho de um só país, e sim, da comunidade internacional.

Jaime Ortega

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