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Capital alemã foi palco de grande festa suíça

Embaixador Blickenstorfer festejando com outros suíços de Berlim. swissinfo.ch

Cerca de 400 pessoas prestigiam evento público ao ar livre que comemorou os 716 anos da Suíça no coração de Berlim. O feriado nacional de 1º de Agosto foi festejado em uma praça ao lado da conhecida estação ferroviária Friedrichstrasse.

Realizado pela Embaixada da Suíça em cooperação com o Cantão da Argóvia (‘Aargau’ em alemão), o evento reuniu suíços residentes em Berlim e alemães ligados à Suíça, além de atrair muitos passantes durante suas quatro horas de duração.

Entre o público, alguns residentes suíços a caráter desfilavam trajes tradicionais e a bandeira suíça com orgulho. Representantes do governo suíço bem como executivos de empresas suíças sediadas na Alemanha faziam-se presentes e conversavam com as pessoas que os abordavam de forma gentil. As crianças podiam se divertir escavando areia para encontrar objetos de tempos jurássicos (como dentes de tubarão, encontrados ainda hoje na região de Aargau). Já os adultos podiam posar como modelos para montagens digitais que os transportavam aos tempos sob domínio romano.

Nas filas “colossais” para comida, bebida e prêmios gratuitos, entre as mesas e cadeiras ocupadas por grupos de idosos, relaxando nas encostadeiras tradicionais de Aargau ou mesmo em pé, acerca do palco e dos estandes, era possível constatar a internacionalidade da Suíça, em bate-papos, troca de gentilezas e sobretudo com um programa de palco bem agitado.

Num discurso de louvor à pátria, o embaixador Christian Blickenstorfer ressaltou que a Suíça é o país nº 1 para receber o imigrante alemão. De repente, manifestantes subiram ao palco e tomaram-lhe a frente. Blickenstorfer pediu para que o deixassem acabar sua fala. Foi atendido. Posteriormente solicitou ao apresentador, que já intervinha, que deixassem os jovens protestantes falarem.

Um rapaz do movimento “Das Rhino in Genf: zurück und zwar sofort” (que defende o uso não-capital de áreas urbanas e exige respeito às comunidades alternativas das chamadas “casas ocupadas”) assumiu o microfone, entregou uma carta ao embaixador e, antes de ler a mesma em voz alta, falou: “A Suíça não é tão legal quanto parece.”

Foi vaiado antes mesmo de começar. Pessoas da platéia gritaram “weg” (vai embora!) enquanto o embaixador, no palco, sutilmente sorria. “Este não é o momento, é um absurdo. Acho uma vergonha que a polícia não intervenha. Todo cidadão tem voz lá na Suíça”, falou a cidadã suíça Marianne Frutiger, que fazia turismo em Berlim e descobriu a festa por coincidência.

Música e humor

O clima se reestabeleceu com o discurso do Regierungspräsident de Aargau, Ernst Hasler. Ele começou dizendo “A Suíça mostra sempre sua neutralidade” como se comunicasse a paz e a democracia (enquanto os manifestantes calados foram desaparecendo). Suas palavras enfatizaram os atrativos turísticos, industriais e financeiros da região de Aargau e ecoaram: “Queremos continuar ampliando a ponte com a Alemanha.” Com desenvoltura, Hasler acrescentou: “Vocês podem me telefonar quando forem visitar Aargau. Eu terei o prazer de mostrar as belezas de nossa região.”

A Argóvia é um cantão situado no norte do país, atravessado por três importantes rios sendo um deles divisa com a Alemanha. Com localidades turísticas e uma próspera indústria alimentícia, entre outras, a região é conhecida por sua excelência em combinar wellness e tecnologia

A programação no palco seguiu-se com a performance de “Flamencos en route” e a apresentação da dupla humorista Pasta del Amore. Mas foi o show de encerramento, de Seven, que mais contagiou as pessoas do público. Soul, funk e R&B de alta qualidade – somados com a simpatia do cantor, que é natural de Aarau, capital de Aargau, e está estourando nas paradas suíças – entreteram crianças e adultos até aproximadamente 16h da tarde.

Comunidade suíça e amigos da Suíça em Berlim

A constatação foi logo uma das primeiras a serem ouvidas do palco: “É bonito notar que a ‘família’ fica cada vez maior por aqui.” De fato, ano após ano cresce a festa de comemoração ao feriado nacional suíço. A alemã Hannelore Engelberg, por exemplo, assegurou à Reportagem: “É o quarto ano que acompanho o evento; ele reúne cada vez mais gente.” Engelberg vai periodicamente fazer turismo na Suíça, tem uma filha morando lá. Como de costume, a senhora reuniu um grupo de amigas e foi prestigiar a festa da Embaixada. “Pena que se vê poucos suíços; há muito mais gente estrangeira e alemã do que suíça aqui. Mas isso não tira a riqueza do evento, que mostra muitas facetas da Suíça para nós, da gastronomia à história, da indústria local aos negócios”, disse.

Trata-se do 8º ano em que Berlim sedia um evento popular para festejar o “Dia da Suíça”. A iniciativa sempre convida um cantão para se apresentar com estandes e atividades durante o acontecimento. Os cantões Tessin, Thurgau, Wallis, Basel, Berna, Luzern e Zurique já tiveram sua vez. Este ano, o cantão da Argóvia/Aargau foi convidado. Seis pessoas fizeram parte do comitê de organização da festa; cerca de 200 alunos de escolas profissionalizantes de Aargau trabalharam voluntariamente para atender os visitantes. À noite, na Embaixada, um baile de gala foi também organizado pela equipe, ocorrendo porém apenas entre convidados.

Uma história pessoal

Na programação vespertina, ainda subiu ao palco com sua interessante história a suíça Elisabeth Meier Bürgger (foto ao lado). A mulher nasceu em Aarau, capital do cantão da Argóvia, e vive na Alemanha há 20 anos (10 em Berlim). “Os primeiros dez anos aqui foram em Hamburgo, onde para uma estrangeira a vida foi mais difícil que em Berlim”, contou referindo-se aos dialetos da língua alemã. “Os hamburgueses são muito orgulhosos de seu hochdeutsch. Os berlinenses já não ligam tanto para um alemão perfeito.”

Como alguém que faz jus às suas origens, Elisabeth vestia um “tracht” tipicamente suíço (“costurado sob medida, no meu próprio corpo, e bordado à mão por meu marido”). Ela explicou que faz de tudo para transmitir sua cultura natal em Berlim, passando até mesmo a morar numa rua chamada Aarauer Strasse, em homenagem à cidade onde nasceu. A doutora em Letras citou que hoje já são mais de 3.000 suíços vivendo na capital alemã. “Em parte, nos encontramos em eventos organizados pelas inúmeras associações, o que é bom para continuarmos praticando o nosso falar suíço, que é mais devagar e musicado.” No fundo, Elisabeth tem um motivo especial para reiterar a questão do idioma. Ela é professora de alemão-suíço na Volkshochschule (escola popular para adultos) do bairro berlinense de Zehlendorf-Steglitz. Mas ali o curso acaba de ser extinto por ser considerado “exótico demais”. “Por isso vamos juntos defender nossos interesses e ressuscitar as aulas”, apelou. “A cultura da Suíça agradece.”

swissinfo, Bianca Donatangelo em Berlim

A celebração foi presidida pelo embaixador da Suíça na Alemanha, Christian Blickenstorfer, e sua esposa.

Os canteiros de obras impediram a organização da festa no seu lugar tradicional, a elegante avenida Unter den Linden. Desta vez ela ocorreu na praça Dorothea-Schlegel.

À noite foi celebrada uma recepção na histórica sede da embaixada suíça em Berlim, cujo edifício havia sido decorado com as cores do cantão da Argóvia.

A ministra suíça da Economia, Doris Leuthard, foi uma das convidadas de honra do evento.

Argóvia (em alemão: Aargau) é um cantão da Suíça, situado no norte do país.

Tem 1404 km2 e 497 000 h (354 por km2), cuja capital é Aarau com cerca de 17 000 habitantes. É atravessado pelos rios Reuss e Aar e nele cultiva-se a vinha, frutas e cereais. Existe nas suas imediações Extracção de sal e gesso e indústrias de maquinaria ligeira, têxteis e produtos alimentares. Rheinfelden e Baden são os centros turísticos da região.

No cantão vivem aproximadamente 575 mil habitantes. A população jovem duplicou desde 1947, sobretudo devido aos preços reduzidos no mercado imobiliário.

Juntamente com o Instituto Suíço de Nanotecnologia, o cantão da Argóvia realizará em novembro próximo um simpósio científico e econômico sobre o tema em Berlim.

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