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Cerveja gratuita para quem descobre a cidade

Raphael Grieder tenta se orientar no mapa de Thun. swissinfo.ch

São cinco horas da tarde e centenas de soldados estão tomando posição nas várias fortificações medievais que povoam a cidade de Thun.

Neste momento eles receberão as ordens de marcha para uma tarefa pouco usual. Armados apenas com um mapa e um guia, os recrutas têm apenas algumas horas para visitar as atrações da cidade.

Os jovem militares descem a colina do castelo e atravessam as ruas cobertas de paralelepípedos ao longo do rio e lago em Thun, um das mais bonitas cidades no cantão de Berna.

Nessa tarde especial, a missão da tropa é caminhar através dos quarteirões históricos, escutar a história da fotogênica barragem coberta e perambular pelas poucas lojas ou mesmo tentar a sorte no cassino da cidade.

Thun, considerada por muitos como o portal de entrada para os Alpes, abriga há vários séculos o mais importante centro de treinamento do exército suíço. Porém o curioso é o fato de que apenas poucos soldados que já passaram por essa cidade a cada ano terem saído dos muros das casernas para conhecer o local de serviço.

“Já houve um tempo onde os habitantes reclamavam da presença excessiva do exército. Hoje em dia, nós estamos até satisfeitos de ter tantos recrutas aqui. Eles se tornaram um fator econômico importante para a cidade”, explica Manfred Fasnacht, chefe do departamento de promoção comercial da cidade e também um dos idealizadores do programa turístico incomum.

“Atualmente estamos definindo o público-alvo que tem potencial de ser tornar, a longo prazo, futuros hóspedes ou moradores. Nesse sentido, os três mil recrutas que servem anualmente em Thun não podem ser ignorados. Nossa estratégia é criar laços sentimentais entre a cidade e essa juventude. Eles já gastam dinheiro durante o tempo que estão aqui, mas poderão retornar um dia em outras condições”, conclui.

Linha final

A esperança de Fasnacht é que o passeio de duas horas oferecido aos recrutas no ano passado forneçam bons argumentos para o retorno. Cada um deles tem de visitar doze pontos turísticos antes de cruzar a linha final, onde geladas cervejas os estão esperando.

O repórter da swissinfo acompanhou o soldado de 22 anos e mecânico na vida civil (o exército na Suíça é de milícia e não profissional) Raphael Grieder. Ao receber a “missão” de conhecer Thun, ele a cumpriu com exatidão militar. Ao passar pelos pontos turísticos, ele recebia carimbos no seu cartão. No final eles provariam que toda a turnê estava completada. O prêmio final: a cerveja.

Durante o passeio ele não mostrou interesse nas lojas de sapados ou de equipamentos esportivos, que também fazem parte do programa. O que mais lhe chamou atenção foram as histórias contadas pelos guias turísticos, que esperavam os recrutas em cada um dos pontos marcados.

Na piscina pública, localizada às margens do rio Aare, ele descobre que, no passado, homens e mulheres tinham horários distintos de uso. As mulheres só podiam tomar banho no início da manhã e final da tarde.

Outra informação interessante foi descobrir mais sobre a história e a importância contínua da reclusa de 280 anos de idade. Ela regula o nível do lago e a vazão de água no rio Aare.

Raphael Grieder também toma tempo para aprender mais sobre a praça “Mühleplatz”, localizada no coração da cidade antiga e cercada de belos cafés e restaurantes. Porém a senhora encarregada como guia é tão consciente da importância do seu dever, que ela até tenta frear um grupo de recrutas, cujo principal desejo é apenas receber os carimbos no cartão.

Falta de interesse

Para Raphael, a falta de interesse dos seus colegas deve-se à idade. Ele explica que a única razão para eles estarem em Thun é a obrigação militar. Seu desejo é terminar da melhor forma e o mais rápido possível o treino básico.

Fasnacht contradiz o jovem, lembrando que as pesquisas realizadas com recrutas que participaram das primeiras turnês mostraram que a maioria deles já pensa em retornar um dia à cidade.

Difícil é contar durante o passeio de duas horas se Fasnacht terá sucesso em transmitir sua mensagem, de que Thun é a “cidade onde as pessoas amam viver”.

Ele não descansa e lembra que Thun é a maior cidade na região e também com a melhor oferta de comércios e infra-estrutura. “E tudo isso é combinado com um lado profundo e azul, com esse cenário maravilhoso de montanhas que foram consideradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco. É algo de tirar o fôlego!”.

Como pessoa de poucas palavras, o jovem recruta Grieder delicia-se com sua gelada cerveja e faz apenas um comentário: – “Thun é histórica e bonita com o lago e o rio. Eu gosto daqui!”. Ele acha que vai voltar um dia para nadar nas suas águas.

swissinfo, Dale Bechtel

Thun tem 41 mil habitantes. Seu monumento mais imponente é um castelo de quatro torres sobre uma montanha. Outro destaque da cidade é seu centro medieval, cortado pelo rio Aare.
Thun é também sede dos mais antigos e importantes centros de treinamento do exército. A primeira academia militar foi fundada em 1818.
Graças à presença das forças armadas, Thun recebeu há pouco o “Museu do Exército Suíço”. A visita é permitida apenas em grupo (no mínimo seis pessoas) e com hora marcada.

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