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Mostra aproxima Novo Cinema Suíço do público brasileiro

Cena de Home, de Ursula Meier, um dos filmes da mostra sobre o Novo Cinema Suíço solothurnerfilmtage.ch

O cinema suíço está em alta no Brasil. Dois dias após o término do 2º Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo, realizado com grande sucesso em São Paulo, começou no Rio de Janeiro a mostra “Além das Fronteiras – O Cinema Suíço”,

Entre os dias 24 de maio e 5 de junho, a mostra estará no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal exibindo para o público brasileiro 15 obras cinematográficas suíças que causaram boa repercussão na Europa.

A mostra, que acontecerá também em São Paulo entre os dias 31 de maio e 12 de junho, traz um panorama da produção cinematográfica suíça em idioma francês, com destaque para o período conhecido como Novo Cinema Suíço e também para os filmes de jovens cineastas que já se destacam na cena contemporânea suíça e mundial.

O leque de opções apresentado inclui o premiado diretor Alain Tanner, muito admirado pelos cinéfilos brasileiros, e outros cineastas com filmes marcantes nos anos 70 e 80, como Claude Goretta, Yves Yersin e Michel Soutter. Completam o time de cineastas incluídos na mostra alguns nomes da nova cena suíça, como Lionel Baier, Frédéric Mermoud, Jeanne Waltz, Frédéric Choffat e Ursula Meier.

“Ao trazermos obras de diretores importantes no exterior mas pouco conhecidos por aqui, estamos contribuindo para diminuir uma lacuna na formação cinematográfica do público brasileiro, que tem de lidar constantemente com um déficit na distribuição e exibição dos filmes de arte no circuito comercial”, afirma Ana Alice de Morais, sócia da produtora 3 Moinhos, organizadora da mostra em parceria com a Swiss Films, o Consulado-Geral da Suíça no Rio e a Caixa Cultural.

Ana Alice conta que travou seu primeiro contato com a Swiss Films durante o Festival de Cannes de 2008. Lá, a produtora brasileira conheceu o suíço Marcel Müller, que trabalha no Departamento de Eventos e Programas da Swiss Films: “Desse encontro surgiu a idéia e a vontade de realizarmos juntos uma mostra sobre o cinema suíço no Brasil. Com larga experiência na curadoria e na organização de mostras sobre o cinema suíço fora de seu país, o Marcel Müller acabou naturalmente sendo o curador”, diz.

A idéia ainda levou algum tempo para se tornar realidade: “Em 2008, a 3 Moinhos Produções estava sendo criada, então o projeto em si só veio a ser idealizado em 2010, já com o apoio da Swiss Films, que nos propôs a curadoria, os custos de direitos autorais e transportes das cópias e a vinda dos diretores convidados”, diz Ana Alice.

Em 2011, segundo a produtora, o projeto pôde ser consolidado graças ao patrocínio da Caixa Econômica Federal: “Posteriormente, o Consulado-Geral da Suíça no Rio de Janeiro também nos acolheu, aceitando o recebimento das cópias por mala diplomática e oferecendo o coquetel de abertura”.

Durante a cerimônia de abertura da mostra, que precedeu a exibição do já clássico “A Cidade Branca” de Alain Tanner, a cônsul Marinella Menghetti salientou a importância de um evento desse tipo, que “permite destacar o cinema de um pequeno país como a Suíça e, ainda mais, de uma pequena parte do país”. Ela ressaltou que o cinema suíço produzido em francês “muitas vezes é confundido com a as realizações francesas”.

Conceito

O curador Marcel Müller explica que, ao escolher as obras da mostra, procurou incluir filmes que “poderiam encontrar eco e ressonância no Brasil”. Por isso, oito dois 15 filmes são oriundos do Novo Cinema Suíço: “A mostra foi articulada em torno de Tanner, com quatro filmes. Ele permanece, sem dúvida, o cineasta suíço mais conhecido e reconhecido fora de nossas fronteiras. Também estão na mostra outras quatro obras importantes do mesmo período, realizadas por Goretta, Soutter e Yersin”.

Os sete filmes que completam a mostra têm o objetivo de mostrar os reflexos do Novo Cinema Suíço sobre a produção contemporânea no país: “Para ecoar as produções que colocaram o cinema suíço em evidência nos anos 70, o programa também apresenta filmes recentes, todos realizados e rodados entre 2000 e 2010 por jovens cineastas conhecidos, ou em via de se tornarem, e que reivindicam uma filiação a esses grandes nomes do cinema helvético”, diz Müller.

Suíços no Rio

Dois representantes dessa nova safra de cineastas suíços estão no Brasil para a exibição de produções suas no Rio de Janeiro. Jeanne Waltz apresentou seu filme “Nada Doce” ao público brasileiro no dia 25 de maio. Dois dias depois, é a vez de Frédéric Mermoud falar ao público antes da exibição de seu filme “Cúmplices”.

A programação da mostra “Além das Fronteiras – O Cinema Suíço” também abre espaço para debates sobre a sétima arte na Suíça. Nos dias 26 e 27, Mermoud falará sobre o “Cinema Novo Suíço: O Grupo 5 e os Franco-Atiradores Valdenses” e sobre o “Cinema Jovem da Suíça Romanda”. No dia 28, Jeanne Waltz se juntará a Mermoud no debate “Entre a Tradição e a Renovação” sobre a atual produção cinematográfica suíça.

Com o sucesso da mostra, o desejo da Swiss Films agora é fazer uma outra, desta vez sobre o cinema suíço produzido em idioma alemão: “O fato de estar acontecendo hoje na Suíça Romanda um movimento semelhante ao ocorrido no período do Novo Cinema Suíço nos fez optar por apresentar unicamente filmes realizados nessa parte do país. Mas, o cinema suíço não é unicamente feito por cineastas romandos. Na parte germânica da Suíça, realizadores talentosos também se distinguem tanto no gênero documentário quanto na ficção”, ressalta Müller.

A programação da mostra “Além das Fronteiras – O Cinema Suíço” traz de clássicos de Alain Tanner a filmes da novíssima geração de cineastas suíços:

A Cidade Branca, de Alain Tanner

A Salamandra, de Alain Tanner

O Meio do Mundo, de Alain Tanner

Jonas Que Terá 25 Anos no Ano 2000, de Alain Tanner

O Convite, de Claude Goretta

Um Amor Tão Fácil, de Claude Goretta

Ensaios, de Michel Soutter

Pequenas Fugas, de Yves Yersin

Cúmplices, de Frédéric Mermoud

Nada Doce, de Jeanne Waltz

O Lar, de Ursula Meier

Ombros Fortes, de Ursula Meier

Como Ladrões, de Lionel Baier

Um Outro Homem, de Lionel Baier

A Vida Está em Outro Lugar, de Frédéric Choffat

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