No começo eu não queria

Pierre Casé fotografado por Marco D'Anna. Marco D'Anna

Nessa entrevista, Pierre Casé fala de sua exitação e do resultado de um ano de trabalho, que lhe agradou.

Swissinfo: Qual foi o primeiro passo para se deixar ser fotografado?

PC: Me exibir não é do meu caráter, procurar notoriedade e de me deixar levar ao pedestal, que acho que não mereço. Além disso, tinha o fato de ter no
atelier alguém que fizesse esse trabalho. Sou um artista que ama a tranqüilidade, estar sozinho, a reflexão no atelier, enfim…eu poderia me sentir mal.

Depois de um certo momento conheci melhor o fotógrafo e disse a mim mesmo que “valeria a pena tentar”, sabendo que haveria sempre tempo de dizer “não”. Então nasceu este projeto belíssimo! Ele (Marco D’Anna) é tão discreto, fino, que conseguiu criar uma simbiose com o meu trabalho, que era como se não estivesse no atelier.

Uma vez, ao fim de um dia de trabalho, e o procurei para tomar um café…ele já tinha ido embora sem que eu me desse conta. O resultado me parece bom, no sentido que sou eu…om meus estados de alma, raiva, nos meus momentos íntimos de diálogo com a minha obra.

Como foi o convite?

PC: Quando me convidaram não disse sim logo, por dois motivos: antes de tudo, entro crise, mas quem sou, por que tanta atençao sobre mim, sem falsa modéstia, mas me coloco em dúvida…e a idéia de me ver cercado de equipamentos, flashes, máquinas fotográficas e todas estas coisas.

O segundo motivo era profissional: como artista me retiro no meu atelier, produzo, penso, trabalho e não quero ser perturbado…só a idéia de haver alguém no meu pé (desculpe a expressão), uma pessoa que me registraria, me incomodava.

Mas vamos tentar pensei…e devo dizer que Marco D’Anna estava e não estava…e esta é uma prerrogativa do homem antes do fotógrafo…discreto, trabalhou na ponta de pés. De fato, as imagens mostram a minha pessoa, em meus momentos belos, feios, de crise, felizes…à exceção de uma pose em seu estúdio.

De tudo saiu um trabalho imenso, mais de 200 fotos com você e o seu trabalho…Ele assumiu a responsabilidade de selecionar e acho que o resultado foi muito bom. Sou eu nos meus vários momentos, um ano de percurso da minha obra, e sobretudo dos meus pensamentos, com a minha presença em todos os sentidos no meu atelier.

Guilherme Aquino, Veneza