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Década de delírio tecno em Zurique

"Amor, liberdade e tolerância" é lema da Street-parade 2001 Keystone Archive

Em 11 de agosto, a "street-parade" completa 10 anos de existência. Mistura de carnaval e mega-festa de ficção ultramoderna, o desfile "tecno" de Zurique é o 2° maior evento mundial do gênero. Reunindo quase 1 milhão de pessoas, tornou-se ma Suíça a mais importante concentração de jovens.

Cada geração tem seu modo de celebrar-se a si mesma e de transmitir suas mensagens. A geração dos anos 90 inventou e identificou-se com o delírio da música eletrônica, com o som “tecno”, “house”, “garage” e outras modalidades.

A Street-parede de Zurique surgiu há uma década, 3 anos depois da de Berlim, onde se inventaram os “desfiles do amor”, após a queda do Muro, ocorrida em 1989.

Participação aumentou 500 vezes

Nem Zurique nem os responsáveis pelo gigantesco desfile imaginavam que o evento alcançasse essas proporções. Apenas 2.000 participantes em sua primeira edição no mês de junho de 1991. 120.000 seis anos mais tarde, 750.000 no ano passado. E agora, 11 dia, espera-se um milhão de participantes.

Mescla de Carnaval e decorada como para filme de ficção, a Street-parade transforma Zurique em formigueiro humano, com os foliões dançando num percurso de 3,5 km, às margens do lago que banha a cidade, ao ritmo frenético das mais recentes criações da cultura do delírio.

Desinibição contagiosa

Trinta caminhões com potentes alto-falantes animam o desfile. Cento e cinqüenta prestigiosos DJ’s – mesmo chineses e sul-americanos – comandam o programa sonoro. Torsos nus e corpos quase desnudos, maquiagens e a parafernália de sons elétricos, apitos, pistolas de lançar água e outros apetrechos contribuem para o brilho do contagiante espetáculo.

Dezesseis sanitários de urgência, uma rede interna de rádio e mais de 2.500 colaboradores garantem o desenrolar do evento.

O ambiente é de paz e de festa

“Este ano, por ocasião do 10° aniversário, achamos que era bom recordar nosso lema original: amor, liberdade e tolerância, disse a swissinfo Michel Loris-Melikoff, presidente da associação organizadora do desfile.

Com seus lemas de caráter pacifista e hedônico, os militantes “rave” parecem com seus avós “hippies”. São contra o ódio e a guerra e desconfiam dos valores tradicionais. Suas denúncias são, no entanto, “politicamente corretas” e suas mensagens dispensam palavras, nem sequer se ouvem, com o paroxismo sonoro de sua música.

Zurique, capital do “delírio tecno” .

Depois de vacilar diante de eventuais riscos de consumo de droga, distúrbios e toneladas de lixo, as autoridades de Zurique toleram o desfile e inclusive participam de organização do evento. E Loris-Melikoff realça: “É um paradoxo, Zurique é a metrópole financeira suíça e ao mesmo tempo metrópole da música tecno”.

O orçamento, mais de 700 mil dólares, é garantido por 7 empresas patrocinadoras. No início, setores da economia de Zurique diziam que a “Street-parade” era coisa de maluco. Aos poucos mudaram de idéia. Hoje a festa gera entre 30 e 50 milhões de dólares em faturamento, conclui o presidente da associação organizadora.

Jaime Ortega

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