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Designer suíço é premiado por computador de 100 dólares

Um computador portátil barato, elegante e único.

Yves Béhar tem todos os motivos para comemorar: há um mês, o designer suíço recebeu em Copenhague o reconhecido prêmio Index Award 2007 na categoria "sociedade" pelo seu computador destinado às crianças do Terceiro Mundo.

Vivendo há vários anos em San Francisco, Estados Unidos, ele vê no projeto um dos seus mais fulgurantes sucessos. Ao mesmo tempo, a fundação OLPC (One Laptop per Child) já começa a distribuir seus primeiros computadores.

Essa não é a primeira vez que o trabalho de Yves Béhar e seus colaboradores é reconhecido. Somente em 2007, sua empresa – Fuseproject – recebeu mais de uma dezena de prêmios de design. Porém o título conquistado em Copenhague em 24 de agosto é, certamente, o mais prestigioso de todos.

“Esse é o prêmio Nobel do design”, explica o suíço que não hesitou de entrar no avião para ir à Dinamarca e assistir a cerimônia. Lá ele não apenas pode receber pessoalmente o cheque de 167 mil francos, mas também a honra de apresentar o computador de 100 dólares, um projeto que ele considera como uma das suas mais belas realizações. “Eu espero que milhões de escolares no mundo inteiro possam aproveitam desse novo aparelho”, declarou o designer.

Yves Béhar e sua equipe conseguiram cumprir sua promessa: desenvolver um produto com alta performance e barato para construir, cuja principal missão é difundir o saber entre os países pobres e em desenvolvimento.

As 100 mil primeiras unidades devem sair das linhas de produção da empresa Quanta em Xangai, China, no final de outubro. Depois os aparelhos serão distribuídos diretamente na Argentina, Brasil, Líbia, Nigéria, Ruanda e no Uruguai.

Mas o trabalho de Yves Béhar não pára por aí. Atualmente ele está trabalhando no desenvolvimento de produtos derivados do laptop da OLPC (One Laptop per Child). Nas suas pranchetas está um carregador de baterias que as crianças podem acionar manualmente como uma espécie de ioiô. Para produzir energia, elas só precisam girar a manivela. Seis minutos de exercício para uma hora de bateria.

Um punhado de idéias

Nos escritórios do Fuseproject, no coração de San Francisco, cerca de trinta funcionários passam horas debatendo sobre novas idéias e propostas. A empresa criada em 1999 pelo suíço trabalha também para grandes multinacionais com seus projetos criativos. Coca Cola, Microsoft ou Nike – todas elas já apelaram para a criatividade de Yves Béhar e sua equipa para desenhar seus produtos.

“O que nos diferencia das outras é a nossa capacidade de ter um pé na sociedade e outro dentro da empresa. Para mim é muito importante de manter esse equilíbrio”, explica.

Na Fuseproject, a inovação tecnológica anda passo a passo com a qualidade de vida. “Sou fortemente influenciado pela corrente de idéias que circula na sociedade além da moda. Hoje falar em moda não quer dizer mais nada”, fala o designer que é considerado por muitos especialistas como um “guru” do setor.

Em um mundo cada vez mais voltado para as novas tecnologias, Fuseproject reconcilia inovações e modos de vida. Para Yves Béhar, o design não existe apenas para embelezar produtos, mas sobretudo permitir que os usuários possam se apropriar deles.

Lâmpada, relógio, capacete…

Nascido em uma família bicultural – sua mãe vinha da Alemanha oriental e seu pai da Turquia – Yves Béhar incluiu nesse coquetel uma dose de arte contemporânea e uma pitada de inovação tecnológica.

Dentre suas mais belas realizações, ele cita a lâmpada “Leaf”, criada para a empresa HermanMiller. Sua principal característica é passar de uma luz “quente” a uma luz mais viva segundo o desejo do usuário. Outro produto, o relógio “Mini-Cooper” é o primeiro relógio digital que mostra a hora sempre na horizontal sem importar sua atual posição no braço.

Questionado sobre os projetos que desenvolve atualmente, Yves Béhar prefere ser discreto. Espontaneamente ele conta que foi solicitado pela administração da cidade de Nova Iorque a desenvolver um capacete de ciclista para um projeto de transporte a duas rodas similar ao Vélib parisiense (no qual a municipalidade põe à disposição da população um grande número de bicicletas para locação a preços reduzidos).

Yves Béhar é um homem de negócios apressado. Ele cumpre seus compromissos, mas está sempre correndo contra o relógio. No domingo ele pode estar sobre uma prancha de surf, descendo as ondas nas praias ao norte da Golden Gate Bridge.

“É por isso que eu amo San Francisco. Ela está no coração das atividades econômicas do país, mas ao mesmo tempo tão próxima da natureza”, afirma.

swissinfo, Stéphane Hiscock em San Francisco

Nascido em Lausanne há 40 anos, Yves Béhar iniciou sua formação no Art Center College of Design de La Tour-de-Peilz.

Após um ano de estudos, ele viajou à Califórnia e foi admitido na casa matriz do instituto em Pasadena.

Nos anos 90, o suíço obteve seus primeiros contratos de design com empresas do Silicon Valley, dentre eles para uma que desenhou o Macintosh e a Swatch.

Em 1999, já como um reconhecido designer no mercado americano, ele fundou a sua própria empresa – a Fuseproject – que emprega atualmente 28 pessoas.

Béhar tem trabalhos expostos nas coleções permanentes do Museu de Arte Moderna de San Francisco e no Museu de Artes Aplicadas de Munique.

Escolhido por Nicholas Negroponte para desenhar o laptop de 100 dólares, ele decide reduzir seus honorários “ao mínimo possível” para realizar o projeto de vocação humanitária.

Neste ano, a revista americana Times o classificou dentre os 25 grandes visionários do planeta.

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