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Syngenta transfere tecnologia ao Brasil

Sementes de soja, uma das áreas da nova cooperação da Syngenta com a Embapa. Keystone

O grupo suíço de agroquímicos Syngenta e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) iniciam uma ampla parceria no setor de pesquisas e transferência de tecnologia.

Assinado em Brasília, em 28 de abril, durante o evento Ciência para a Vida, o acordo de cooperação compreende a troca de conhecimentos relativos às culturas de soja, milho e algodão.

Segundo os representantes das empresas, em segundo momento, a cultura da cana-de-açúcar também poderá ser integrada ao programa de cooperação.

O diretor-geral da área de Proteção de Cultivos da Syngenta, Laércio Giampani celebra a nova parceria: “Trata-se de uma cooperação técnico-científica de duas empresas líderes no setor, que investem em inovação e em busca de soluções para o agronegócio. A Embrapa tem um papel essencial no desenvolvimento da agricultura brasileira, e para a Syngenta essa parceria é motivo de muito orgulho.”

O presidente da Embrapa, Pedro Arraes, também ressalta a importância da parceria com a empresa suíça, uma das líderes mundiais do setor de Biotecnologia. “O acordo com a Syngenta representa mais um avanço no estabelecimento de parcerias inovadoras, combinando a expertise da Embrapa com a do setor privado, favorecendo o desenvolvimento socioeconômico brasileiro e, em especial, a agricultura nacional.”

Indagada pela reportagem da swissinfo.ch sobre os benefícios que pretende obter com o acordo e a até qual ponto iria a transferência de tecnologia, a direção da Syngenta afirmou que todos sairão ganhando.

“Por se tratar de uma cooperação de duas empresas líderes no setor, os benefícios vão desde a soma de suas expertises até as ofertas que estarão comercialmente disponíveis em breve para agricultores de todo o Brasil”, diz.

A Syngenta afirma ter muito a oferecer na nova parceria. “A Embrapa será beneficiada pela complementaridade no acesso ao mercado e pelo conhecimento profundo que a Syngenta tem em pesquisa e desenvolvimento de soluções. Essa equação beneficia toda a cadeia de produção.”

A contrapartida, segundo a direção da empresa suíça no Brasil, é o acesso ao conhecimento acumulado pela Embrapa. “A Embrapa é reconhecida tanto nacional quanto internacionalmente como uma instituição que viabiliza soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício da sociedade brasileira. A Syngenta valoriza este reconhecimento e entende que a cooperação tecnológica é um caminho para trazer ainda mais soluções inovadoras para a agricultura brasileira.”

Três cultivos

De acordo com o comunicado divulgado pelas empresas, a parceria tecnológica se dará na produção de soja, milho e algodão. Sobre o cultivo da soja, a Syngenta e a Embrapa “irão compartilhar seus conhecimentos buscando aperfeiçoar sua capacidade de identificação e tratamento das principais doenças e nematoides. E, numa segunda etapa, as empresas desenvolverão plantios e projetos em comum”.

Para a cultura de milho, o acordo prevê a realização de estudos, por parte da Embrapa, de tecnologias desenvolvidas pela Syngenta visando a possível adoção pela empresa em seu portfólio de cultivares a serem disponibilizadas aos agricultores brasileiros.

No algodão, já estão sendo realizados ensaios com o plantio de novas variedades da Embrapa. “As experiências estão sendo realizadas em mais de 30 propriedades nos estados do Mato Grosso, Goiás, Bahia e Minas Gerais e, a partir de junho, começa a fase de validação da qualidade da fibra do algodão e dos níveis de produtividade. Essas soluções estarão disponíveis comercialmente em breve”, afirma o comunicado divulgado pelas empresas.

Segundo a Syngenta, o acordo com a Embrapa prevê outras fases de implementação, e as negociações para que a cana-de-açúcar seja a próxima cultura no escopo da parceria já estão em andamento. “Essa parceria resultará em novas alternativas e ofertas comerciais para os agricultores brasileiros e em benefícios para toda a cadeia de produção”, afirma o diretor da Syngenta, Laércio Giampani.

Outros acordos

Além da formalização da parceria com a Embrapa, a Syngenta informa que firmou também um acordo de colaboração com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que prevê a realização de pesquisas em conjunto, por meio do compartilhamento do conhecimento técnico e de infraestrutura para pesquisas em cana-de-açúcar.

De acordo com a direção da empresa, a Syngenta mantém ainda um convênio de pesquisa com a Universidade Federal de Viçosa (MG) e “colaboração com pesquisadores nas mais destacadas universidades de Agronomia”, como as federais de Santa Maria, Goiás, a Uberlândia e Lavras (MG), bem como a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), ligada à Universidade de São Paulo (USP).

“A Syngenta valoriza e entende que a cooperação tecnológica da indústria com instituições de pesquisa é um caminho estratégico para estimular o desenvolvimento da agricultura brasileira. Parcerias com entidades referência na agricultura mundial são oportunidades potenciais para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro e, por isso, estão sempre sendo avaliadas pela empresa”, diz a direção do grupo suíço.

Maurício Thuswohl, Rio de Janeiro, swissinfo.ch

Com mais de 2 mil pesquisadores e parceiros e quatro décadas de existência, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), órgão federal ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é uma das instituições científicas mais respeitadas do Brasil.

Nos últimos anos, a empresa se qualificou no desenvolvimento de pesquisas sobre biotecnologia e em estudos em setores como nanotecnologia, manipulação de recursos genéticos e desenvolvimento de plantas alimentares transgênicas.

Recentemente, a Embrapa anunciou estar realizando estudos sobre o chamado controle biológico, que vem a ser o desenvolvimento de insetos predadores das pragas que mais afetam a agricultura.

Segundo a empresa, “até chegarem ao ponto de fomentarem empreendimentos rentáveis, os insetos passarão por testes científicos diversos em laboratórios e em áreas de cultivos comerciais”.

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