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Festival de Jazz de Montreux começa em menores dimensões

Prince está cotado para ser uma das estrelas na "Surprise Night" (noite surpresa). Keystone Archive

Após uma edição do quadragésimo aniversário considerada pela crítica como "ambiciosa" e "cara" no ano passado, um dos mais importantes festivais de música da Suíça retorna com uma programação mais enxuta.

Nesse ano, além de Norah Jones, Beastie Boys, Jimmy Cliff, Wu-Tang Clan e Abd Al Malik, participam também Beth Carvalho, Olodum, Alceu Valença e Maria Bethânia. Prince está cotado para ser a surpresa da noite.

A imprensa helvética está apostando na sua vinda: Prince deve ser o convidado da noite-surpresa de jazz em 16 de julho. O jornal “Der Bund”, da capital, chega mesmo a confirmar sua presença “através de uma boa fonte no grupo de músicos que acompanha o artista americano”.

A novidade corre igualmente em vários sites na Internet, porém a organização do festival só deve confirmar na sexta-feira (6 de julho) à noite, durante a coletiva de imprensa de abertura.

Enxugamento

Desde 2002, o Festival de Jazz de Montreux crescia a cada ano. Na sua 40ª edição, em 2006, o organizador Claude Nobs já administrava um orçamento de 19 milhões de francos, considerado por muitos críticos musicais na Suíça como um recorde para esse tipo de evento.

Apesar da grande dimensão, outro desenvolvimento vivido pelo festival eram os crescentes déficits de caixa e ameaças de fechamento. A situação se agravou e obrigou os organizadores a redimensionar o evento em 2007.

Agora o orçamento caiu para o patamar de 16,2 milhões de francos. A primeira vítima foi o Casino, espaço de concertos utilizado pelo festival para a apresentação de grandes nomes do jazz como Gonzalo Rubalcaba e João Bosco nos anos passados. Pela distância dos outros espaços utilizados em Montreux e grandes custos de logística utilizados para levar os espectadores (sistema de transporte, seguranças e outros), ele foi descartado em 2007.

A programação paga – 32 concertos noturnos ao invés de 48 do ano passado – se concentra agora em apenas dois palcos: o auditório Stravinski e o pavilhão Miles Davis Hall. Ao mesmo tempo, o festival alternativo mantém seu volume, com 280 concertos programados.

“O festival sempre viveu ciclos de três ou quatro anos. Após um período de prejuízo, nós conseguimos equilibrar as contas com um evento mais enxuto, apostando sempre no conforto das pequenas salas de apresentação (quatro mil lugares, no máximo) e sua qualidade de som”, explica Vincent Favrat, assessor de imprensa.

Ela também confirma a nova filosofia dos organizadores. “Nós voltamos a uma fórmula mais tradicional como era há dez anos atrás. Queremos ter lucro, mas sem prejuízo para o essencial que é a arte”.

Maria Bethânia

No cardápio de estrelas, Montreux conseguiu manter seu nível. Dentre as estrelas confirmadas estão Norah Jones, Beastie Boys, Placebo, Sly and the family Stone, Wu-Tang Clan, Jeff Beck, Abd Al Malik, Rita Mitsouko, Jimmy Cliff e Brad Mehldau.

Como todos os anos, o festival oferece uma noite brasileira, intitulada em 2007 de “Carnaval da Bahia”. Em 14 de julho se apresentam Beth Carvalho (que toca samba e é carioca), Olodum, Tribahia com Ninha, Xexéu e Patrícia e Alceu Valença (que toca frevo e vem de Pernambuco). Um dia depois, em 15 de julho, Maria Bethânia e Francis Hime se apresentam na sala Miles Davis Hall.

Sucesso de vendas

Uma semana antes da abertura oficial do festival, os organizadores comemoravam os bons resultados das vendas. Dentre os 90 mil ingressos colocados à disposição para venda por Internet ou nas lojas credenciadas, 80 mil já encontraram compradores.

“Estamos muito felizes pelos números que já alcançamos. Agora precisamos ver como serão os resultados do festival alternativo. Normalmente é lá que temos normalmente problemas de financiamento, pois dois terços dos concertos são gratuitos”, explica Favrat.

O programa gratuito e a parte educativa, na qual o festival oferece workshops com os músicos convidados, levaram o organizador Claude Nobs a tentar obter subsídios do governo para a organização do festival. Porém seus pedidos não foram atendidos.

A previsão meteorológica para o festival não garante o sol. Pelo contrário, o verão na Suíça está sendo atualmente um dos mais chuvosos dos últimos anos. Do lado prático, os organizadores também resolveram abandonar o “jazz”. Até o ano passado, o público era obrigado a trocar dinheiro por essa “moeda” artificial para poder consumir nas barracas de comida, bebida e de presentes. Os maus resultados levaram os organizadores a acreditar que sua existência intimidava os consumidores.

swissinfo, Pierre-François Besson

Alguns números do festival em 2006:
230 mil visitantes, sendo que 105 mil nos concertos pagos.
32 dias de programação com concertos pagos.
280 concertos gratuitos.
1.280 voluntários trabalhando na organização do evento.
2 salas de concerto e 15 palcos secundários.
Dezenas de barracas de comida, bebida, artesanato e roupas.
Orçamento: 16,2 milhões de francos.

A 41a. edição do Festival de Jazz de Montreux ocorre de 6 a 21 de julho em Montreux, pequeno vilarejo às margens do lago Léman.

Os concertos pagos do festival ocorrem em dois diferentes locais: o auditório Stravinski e o pavilhão Miles Davis Hall. Paralelamente o festival oferece também concertos gratuitos em vários pontos da cidade.

O Festival de Jazz de Montreux foi criado em 1967 por Claude Nobs, que até hoje é o principal responsável. Durante sua longa história, inúmeros discos foram gravados por artistas que se apresentaram na cidade. Também grandes nomes da música pop internacional, como Santana, estão presentes quase todos os anos.

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