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1500 toneladas de dinamite liberam estrada

Toneladas de pedra desceram montanha abaixo depois da explosão. Keystone

Depois de vários desabamentos, com mortes e prejuízos de milhões de francos, técnicos fazem explodir 5.500 metros cúbicos de rochas da montanha Gurtnellen, no cantão de Uri (centro da Suíça).

A auto-estrada do Gotthard, o mais importante eixo rodoviário da Suíça, continuará dias ou semanas bloqueada.

Nada menos do que 88 buracos foram feitos na rocha, no penhasco da montanha Gurtnellen localizado a 1.400 metros de altitude. Depois eles foram preenchidos com uma tonelada e meia de dinamite. No momento da explosão, centenas de espectadores aguardavam com ansiedade num mirante próximo a auto-estrada A2, mais conhecida como rota do Gotthard, o mais importante eixo rodoviário da Suíça.

Nesse mesmo local, em 31 de maio, 10 mil metros cúbicos de rochas haviam se despregado do penhasco e rolado até o asfalto. Vários veículos foram atingidos. Uma rocha de várias toneladas caiu sobre o carro dirigido por dois turistas alemães, provocando o incêndio imediato e matando seus ocupantes.

Pontualmente, às 11 horas da manhã, os explosivos foram acionados. O barulho ensurdecedor foi acompanhado pela formação de uma gigantesca nuvem de poeira e pedras. No mesmo instante, milhares de metros cúbicos de rochas instáveis desceram 600 metros montanha abaixo, levando árvores e outros detritos consigo. A avalanche só parou ao chegar na estrada.

Por segurança, os especialistas da Geotest, empresa contratada pelo governo do cantão de Uri para dinamitar parte do penhasco da montanha, só poderão retornar ao local no sábado.

Bloqueio de semanas

Serão necessários vários dias para desbloquear a auto-estrada A2, como explica Adrian Zurfluh, porta-voz do grupo de coordenação do Gurtnellen. Esse prazo poderá ser estendido se os técnicos descobrirem mais falhas e rachaduras na montanha. Nesse caso, outros pedaços dela precisariam ser explodidos.

Os operários podem também necessitar várias semanas, para retirar os blocos de granito e tornar o declive da montanha mais seguro através de redes metálicas ou instalação de outros protetores.

O objetivo é reabrir a rota do Gotthard, se possível, no fim-de-semana entre 8 e 9 de julho, quando o tráfego de veículos aumenta consideravelmente devido ao início das férias.

Solidariedade nos Alpes

Além da Suíça, os países vizinhos também participam da operação de liberar os acessos ao túnel do Gotthard, fechado há três semanas nos trechos entre Erstfeld e Wassen.

Desde então, a Áustria, França, Itália e a Alemanha foram obrigadas a absorver a metade do tráfego pesado da Suíça, o que corresponde a mais de três mil caminhões por dia. Isso não ocorre sem causar transtornos, segundo Thomas Rohrbach, porta-voz do Departamento Federal de Estradas. Os países vizinhos esperam que a Suíça libere o trecho o mais rápido possível.

O fechamento do túnel no período que antecede as férias de verão já causa grandes dores de cabeça às autoridades federais, sobretudo pelo fato de outros desfiladeiros e passagens terem de receber no caso 50 mil veículos que estariam passando diariamente o Gotthard nessa época do ano.

Se os técnicos tivessem sido escutados

Os especialistas lembram que essa situação poderia ter sido evitada se a auto-estrada tivesse sido construída através do vale de Reuss, como é o caso da linha de ferro construída no local no século XIX, que nunca teve um acidente parecido.

Na época da construção da A2, nos anos 60 do século passado, os geólogos já haviam alertado para o perigo de avalanches no local, pedindo a construção de galerias para proteger a estrada.

swissinfo e agências

– No fim de maio, toneladas de pedra desabaram sobre a auto-estrada A2 na região de Gurtnellen (cantão de Uri), passagem obrigatório para o túnel e desfiladeiro do Gotthard.

– O eixo do Gotthard é a principal via de acesso através dos Alpes e absorve três quartos do tráfego de caminhões que atravessam a Suíça.

– Depois do acidente, o tráfego foi transferido para a auto-estrada A12 e o túnel de São Bernardino, o túnel do Mont-Blanc, o Simplon e o Grande São-Bernardo.

– A Companhia Suíça de Trens (CFF, na sigla em francês) e a Companhia de Trens do Lötschberg (BLS) aumentaram a oferta de trens de passageiro e carga.

16 de dezembro de 2002: uma avalanche de pedras atinge três veículos na estrada entre Amsteg e Wassen, sem fazer vítimas.
29 de abril de 2003: uma grande parte do penhasco desaba sobre a galeria e o trecho entre Gurtnellen e Wassen, sem fazer vítimas.
21 de março de 2005: dois blocos de granitos, de cinco metros cúbicos cada um, desabam sobre a auto-estrada do Gothard a Gurtnellen, apesar das barreiras de segurança.
31 de maio de 2005: 10 mil metros cúbicos de rochas, algumas delas pesando toneladas, caem sobre a auto-estrada na área do Gurtnellen atingindo um veículo conduzido por um alemão de 64 anos e sua esposa. Os dois morreram no local.

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