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Acordos bilaterais em plena cúpula da OMC

Para Joseph Deiss, a via bilateral tem a vantagem da rapidez. swissinfo.ch

Durante a reunião ministerial da OMC em Hong Kong, por excelência de relações multilaterais, a Suíça assinou dois acordos econômicos bilaterais.

Com seus parceiros da AELE (Associação Econômica de Livre Comércio), o ministro suíço Joseph Deiss assina na quinta-feira (15/12) um acordo ambicioso com a Coréia do Sul.

Enquanto União Européia e G10, liderado pela Suíça, bloqueiam as negociações multilaterais sobre a agricultura em Hong Kong, a Suíça vai defendendo seus interesses econômicos através de acordos comerciais bilaterais.

Quinta-feira (15/12) a delegação suíça aproveitou a presença de parceiros na Cúpula da OMC para assinar dois acordos bilaterais: um com a Guiana (proteção de investimentos) e outro com a Coréia do Sul no âmbito da Associação Européia de Livre Comércio (AELE), que inclui Suíça, Islândia, Lichtenstein e Noruega.

Parceiro importante

Os quatro países da AELE são os primeiros a assinar um acordo similar com a 11a economia mundial. O chamado país das manhãs calmas torna-se assim o segundo mais importante da AELE, depois da União Européia (UE).

Seis meses de negociações bastaram para concluir o acordo que é muito mais amplo do que as negociações em curso pelo ciclo de Doha na OMC.

Esse pacote ambicioso abrange o comércio de mercadorias mas também propriedade intelectual, serviços, investimentos (acordo separado) e mercados públicos.

O ministro suíço da Economia, Joseph Deiss, garantiu, no entanto, que o acordo não tenciona minar o multeralismo da OMC, atualmente em crise.

Multilateralismo é «prioridade número um»

«O que fazemos aqui resultados de nossos contatos dentro da OMC”, explica o ministro. Com esses acordos, vamos além da OMC; os acordos portanto são complementares.”

Contestando dar um sinal negativo, Deiss lembra que o multilateralismo é “a prioridade número um” da Suíça. O ministro precisa ainda que os acordos bilaterais são uma terceira via na estratégia econômica da Suíça (os acordos com a UE sendo a segunda).

No plano bilateral, a Suíça já assinou quinze acordos e acaba de concluir negociações com União Sul-Africana cujo acordo deverá ser assinado em 2006. Ela negocia também com os Estados Unidos, Japão e Tailândia.

A vantagem da rapidez

Para Joseph Deiss, a via bilateral tem a vantagem de ser rápida devido o pequeno número de interessados. Ela propicia também acordos mais específicos e adaptados aos interesses dos signatários.

A estratégia econômica do governo, com três prioridades, é aprovada pelas associações patronais como economiasuíça e Federação das Empresas Suíças (FES)

“A prioridade continua sendo o multilateralismo, afirma Gregor Kuendig, da direção da FES. O bilateralismo é uma visão pragmática complementar”.

Nem todos concordam

As ONGs suíças se dizem perplexas. No aspecto formal inicialmente, Marianne Hochuli, da Declaração de Berna, lamenta o fato de não ter direito sequer de ser ouvida sobre o conteúdo desses acodos.

Para Michel Egger, da Aliança Sul, “esses acordos são a reação dos querem liberalizar tudo frente à pane do multilateralismo. Nossa posição é que esses acordos não devem ser uma OMC+”.

Por OMC+ quer dizer, ir além do que é negociado no ciclo de Doha, sob pressão dos países pobres: investimentos, política da concorrência, transparência dos mercados públicos, facilidades nas trocas comerciais (questões ditas “de Singapura”).

«A Suíça é particularmente ofensiva»

Michel Egger constata que a Suíça é “particularmente ofensiva” nas vias bilaterais, o que Josph Deiss parece confirmar.

“A posição extremista de certos países membros da OMC pode ser perigosa, afirma o ministro. Enquanto recusam qualquer flexibilidade para chegar a um compromisso, tece-se a trama entre países que fecham acordos bilaterais”.

“E quem assina esses acordos? São os países que já são os mais importantes do comércio mundial”, segundo Joseph Deiss.

swissinfo, Pierre-François Besson em Hong Kong

A 6a Conferência Ministerial da OMC vai até 18 de dezembro, em Hong Kong.
Órgão supremo da organização, ela deverá propiciar a conclusão do ciclo de negociações comerciais iniciado em Doha, no Catar, em 2001.
Os representantes dos 150 países membros participam do encontro cujas ambições foram reduzidas devido a lentidão das negociações e aos conflitos de interesses.
O ministro da Economia, Joseph Deiss, chefia a delegação suíça.

– Sob reserva de ratificação, o acordo de livre comércio com a Coréia do Sul entrará em vigor em julho de 2006. Depois do México, Chile e Singapura, esse país é o quarto com o qual os países da AELE concluem acordos comerciais.

– Em 2004, as exportações suíças para a Coréia do Sul totalizaram 1,3 bilhões de francos (máquinas, produtos químico-farmacêuticos, relógios etc.) e importou 600 milhões de francos da Coréia da Sul.

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