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Catástrofe aérea tem explicações

Memorial para as 229 vítimas perto de Peggy's Cove, no Canadá. Keystone

Isolantes inflamáveis provocaram a queda do avião da Swissair, dia 2 de setembro de 1988, causando a morte das 229 pessoas que estavam a bordo.

Publicado quinta-feira, o relatório final do inquérito inocenta os pilotos.

As investigações feitas no Canadá, onde ocorreu o acidente, levaram 4 anos e meio e mais de 3 mil pessoas foram ouvidas.

Causa exata do incêndio não foi descoberta

Os especialistas canadenses em segurança dos transportes reconstituiram peça por peça o ocorrido na noite de 2 a 3 de setembro de 1998, no região litorânea de Halifax. O inquérito custou 57 milhões de dólares canadenses.

Mesmo com todos os meios utilizados, as causas exatas não puderam ser determinadas. O relatório final contém termos como “provável”, “probablemente” e “probabilidade”.

Os principais acusados são os materiais isolantes mas o Departamento de Segurança dos Transportes (BST) não conseguiu determinar a causa exata do incêndio na cabine do avião de tipo MD-11, que caiu no mar quando vinha dos Estados Unidos para a Suíça.

Pilotos viram fumaça

Muitas coisas foram descobertas com precisão “mas ainda há muitas incertezas”, afirmou Jean Overney, diretor do Departamento suíço de inquéritos de acidentes da aviação (BEAA), que apresentou o relatório final do acidente.

“Sabemos que o cabo de transmissão de vídeo faz parte das causas do incêndio mas há outros cabos que não conseguimos encontrar”, declarou Overney, precisando que havia mais cacos depois do acidente do que durante a construção do avião.

Os investigadores conseguiram reconstruir 98% ao avião. O tal fio transmissor de vídeo foi encontra nesse monte de estilhaços mas não prova que o incêndio foi provocado pelo sistema de divertimento do avião.

Um início de curto-circuito provocou um calor intenso no forro da cabine. Os pilotos sentiram um cheiro estranho e viram até uma fumacinha, que logo desapareceu. Pensaram então que fora um problema de ventilação que normalmente não é perigoso.

Cabos e isolantes

Nesse lugar da cabine, os detectores de fumaça não são obrigatórios e as reconstituições da circulação do ar na cabine demonstram que, antes de ser tarde demais, os pilotos não poderiam ter descoberto o incêndio.

O relatório demonstra que o calor excessivo provocou o incêndio dos isolantes, principalmente os revestidos com, PET (plástico) metalizado.

Foi esse material que provocou a propação do incêndio. “Sem ele, não teria ocorrido o accidente”, afirma o relatório.

Os especialistas canadenses fazem cerca de 50 recomendações, a necessidade de colocar mais detectores de incêndio nas aeronaves e uma nova formação dos pilotos em caso de incêndio.

Indústria teve de assumir

“Esse incêndio despertou a indústria aeronáutica”, afirma Vic Gerden, chefe dos investigadores canadenses. “Ninguém sabia que esses materiais de isolação queimavam tão rápido.”

Jean Overney confirma que o acidente da Swissair causou um “choque” entre os construtores de avião. “Antes, nenhum admitia que isso pudesse ocorrer com seus aparelhos. Todos tiveram que varrer diante de suas portas”.

Mas a causa exata da catástrofe não foi esclarecida. “Claro que gostaríamos de ter descoberto que foi tal botão ou tal cabo”, afirma Overney. “Mas, desde o princípio estava claro para nós que era mais importante saber como o incêndio se propagou tão rapidamente do que a causa exata.”

Os investigadores repetem que um curto-circuito é algo que pode ser tolerado. Graças às descobertas feitas em 4 anos de investigação, talvez as 229 vítimas do vôo SR-111 não tenham morrido em vão.

swissinfo, Ariane Gigon Bornmann, Zurique

– Acidente ocorreu em setembro de 98 e provocou a morte de 229 pessoas

– Inquérito levou 4 anos e meio e custou 75 milhões de dólares canadenses

– 98% do avião foi reconstituido nas investigações

– Causa exata do incêndio na cabine não foi determinada

– Sabe-se, no entanto, como o incêndio se propagou rapidamente

– Material de isolação e cabo de transmissão de vídeo estão em questão

– Quase todas as famílias das vítimas já foram indenizadas

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