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Empresa vende madeira da Amazônia (continuação)

Floresta Amazônica no Pará. Precious Woods

Precious Woods é uma empresa de Zurique, especializada na exploração e venda de madeiras nobres da floresta amazônica.

Na continuação, Andres Gut explica como são retiradas as árvores das florestas. Precious Woods é apoiada por entidades como Greenpeace e WWF.

“Colheita para nós é retirar uma média de cinco árvores por hectare de floresta. Elas são cortadas de uma forma especial, que ensinamos aos madeireiros. Nós também marcamos o lado que ela deve cair, para não danificar as outras árvores.

Depois de explorarmos um hectare, ele não é tocado por vinte e cinco anos. Isso significa que, quando voltarmos para essa mesma área, a floresta estará completamente intacta”, explica Andres Gut.

A forma de exploração de florestas parece ser aprovada por grupos ecológicos internacionais.

“Essa é uma das poucas empresas que nós apoiamos e damos como exemplo. Afinal eles produzem segundo os critérios defendidos por nós, comprovados pela certificação FSC”, afirma Yves Zenger, porta-voz do Greenpeace na Suíça.

“Precious Woods faz parte das 600 empresas integradas no WWF Wood Group, que é uma plataforma de empresas que discutem conosco sua atuação ecológica no setor de florestas, madeiras e certificaçao FSC, ressalta Dieter Müller, porta-voz da seção suíça do WWF, Fundo Mundial pela Natureza.

“Não somos ecologistas”

Apesar do princípio ecológico, Precious Woods é uma empresa que dança de acordo com a bíblia do capitalismo.

“Nós não somos uma entidade beneficente criada para proteger a Amazônia. A floresta não pode ser salva apenas com donativos. Acreditamos que a melhor forma de proteger a floresta é encontrar um meio de explorá-la ecologicamente. Para isso é necessário uma grande quantidade de capital”, explica Gut.

“Somos investidores que colocam seu dinheiro num projeto que condizem com os nossos valores. Por isso compramos terras em grande quantidade e protegemos suas matas. Para financiar essa idéia é necessário que a empresa faça lucro e recompense seus investidores”.

Porém Precious Woods é um projeto que, durante muitos anos, só deu prejuízos aos seus investidores. “Obviamente pessoas que investem nessa empresa sabem que anos irão passar até que elas possam recuperar seu dinheiro. Imagine o trabalho que tivemos para analisar toda essa floresta. Nossa madeira também é muito mais cara para extrair, do que a das madeireiras comuns”, conta o presidente da empresa.

Ações da Precious Woods na bolsa

Além de investidores individuais, Precious Woods conta também com instituições de grande porte no seu portfólio, dentre elas Swiss Re, Bâloise Holding e administradoras de fundos de pensão do funcionalismo público de Zurique.

Em março de 2002, Precious Woods passou a ser cotada na bolsa de valores suíça (SWX). As ações estão valendo em 64,40 francos suíços (03.02.2003). Hoje a empresa tem um capital circulante de 81 milhões de francos suíços (US$ 60 milhões).

A empresa foi criada em 1990 mas só conseguiu dar lucro a partir de 2001. Os enormes recursos gastos no investimento inicial, os custos crescentes para manter o negócio e também o desconhecimento, no mercado europeu, dos tipos exóticos de madeiras encontradas na Amazônia e na Costa Rica quase levaram, em 1996, a empresa a falência. Em 2001, a empresa teve um faturamento de US$ 11,3 milhões e lucros de US$ 1,4 milhões.

Apesar do otimismo em relação aos resultados estimados de 2002, Andres Gut não esconde que as ações “ecológicas” da Precious Woods na bolsa ainda são consideradas pelos analistas como um “investimento alternativo”, pois ela nunca deu dividendos, ou seja, retorno aos seus investidores.

“Nosso investidor talvez tenha algo típico do povo suíço: são pessoas que pensam realmente a muito longo prazo quando investem seu dinheiro.”

swissinfo, Alexander Thoele

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