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Genebra perde monopolio em gestão de fortuna

A praça financeira genebrina sofre concorrência de outros centros prestigiosos Keystone Archive

Genebra, enorme praça financeira, torna-se vítima de sua própria especialização excessiva : a gestão de patrimônio.

« Que faz um cliente de um banco privado genebrino quando precisa de crédito?” O estabelecimento não pode lhe dar, porque não é seu ofício”, constata um dos melhores especialistas do sigilo bancário, o advogado Carlo Lombardini.

Mesmo gozando de excelente imagem no mundo inteiro, Genebra desenvolveu apenas dois setores financeiros: a gestão de fortuna e o financiamento do comércio internacional. Ao contrário de Londres, por exemplo, que tem como proposta um mercado bancário global.

O comentado anúncio na segunda-feira da fusão dos bancos Lombard Odier e Darier Hentsch mostra que será cada vez mais difícil para os banqueiros privados genebrinos resistir aos grandes bancos, como UBS e Credit Suisse, que podem oferecer todos os serviços à clientela.

O rei é cliente

Durante várias décadas, Genebra praticamente desfrutou de situação de monopólio no mercado da gestão privada. Os banqueiros da cidade adquiriram conhecimentos excepcionais no ofício em que não apenas o cliente é rei, mas o rei é também cliente.

Para gerenciar o dinheiro dos ricos, era necessário um endereço prestigioso, um estabelecimento vistoso, decorado com móveis antigos. O banqueiro privado não se contenta em gerir com discrição a fortuna de seus clientes. Ele aconselha a melhor escola para os filhos deles e reserva hotéis em prestigiosos “resorts” de esqui.

Mas o número de ricos no mundo não parou de aumentar, em ritmo de 10 a 15% por ano. A Terra contaria seis milhões de pessoas que possuem um patrimônio de mais de um milhão de dólares.

Em 1998 o total das fortunas chegava a 21.6 trilhões de dólares. Ela será de 32 trilhões em 2003.

Sigilo bancário menos procurado

Seria uma boa notícia para os banqueiros suíços? Não tanto, pois esse setor substancioso tem atraído cada vez mais estabelecimentos financeiros. E principalmente grandes bancos, como UBS, Credit Suisse, Citibank, Société Générale e Deutsche Bank. Eles já oferecem um serviço de gestão de fortuna de alta qualidade.

Em suma, a gestão privada tornou-se uma indústria em que os artesãos disputam dificilmente um lugar. Até porque os novos ricos não se preocupam mais como no passado com o sigilo bancário. Suas fortunas não vêm de heranças não declaradas ao fisco, mas de dinheiro conseguido em negócios legais, submetidos aos impostos.

“Nossos clientes exigem cada vez menos “offshore” (fundos depositados fora do país) e cada vez mais “onshore” (capitais depositados no próprio país). Ora um banqueiro privado não possuía, como os bancos universais, agências filiais no mundo inteiro”, constata um gerenciador de fortuna.

Na coletiva à imprensa, segunda-feira, anunciando, em Genebra, a fusão de Lombard Odier e Darier Hentsch, Jacques Rossier, sócio da nova entidade, realçou que atualmente 20% dos assalariados trabalham fora da Suíça. “Se houver 30% em cinco anos não ficaria surpreso”, acrescentou.

Lombard Odier Darier Hentsch já está implantado em Paris, Londres, Amsterdã, Frankfurt. Amanhã o grande banco privado terá filiais na Itália e Espanha na tentativa de conservar uma clientela cada vez menos atraída por Genebra.

swissinfo/Ian Hamel

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