Governo decreta moratória para consultórios
Nos próximos 3 anos está proibida a abertura de novos consultórios médicos e paramédicos na Suíça. O decreto visa conter a alta dos custos de saúde e provoca vivas reações.
A Suíça tem o 3° sistema de saúde mais caro do mundo (10,4% do PIB), depois dos Estados Unidos (13,6%) e da Alemanha (10,6%). Como os custos não cessam de aumentar, o governo está tomando medidas sem precedentes como a moratória por tempo limitado para novos consultórios.
Bom mas caro
“Temos um sistema de saúde muito bom mas muito caro”, afirmava a ministra do Interior (responsável pela saúde) Ruth Dreifuss, em dezembro, quando constatava o “fracasso relativo” da lei do seguro de saúde (LAMAL) em vigor há 5 anos.
O seguro mínimo de saúde, contratado a uma seguradora privada, é obrigatório na Suíça. Boa parte dos serviços são públicos (hospitais e profissionais) e os serviços são faturados junto às seguradoras.
Em média o suíço gasta em seguro obrigatório 245 francos por mês, cerca de US$ 160 dólares. Isso cobre 90% da preço da consulta, remédios, exames, hospital, cirurgia, etc.
Mas os prêmios vem aumentando todo ano, criando dificuldades para as famílias de baixa renda.
Quanto mais médicos mais despesas
A Suíça também tem uma alta taxa de médicos, 19 para cada 10 mil habitantes, embora haja diferenças regionais. Basiléia tem 36 por 10 mil, Genebra tem 32 por 10 mil e Obwald tem 10 por 10 mil.
Nos cálculos dos especialistas, cada consultório novo que se abre, aumenta os custos anuais de 500 mil francos.
Além disso, brevemente os profissionais da União Européia poderão instalar-se livremente na Suíça com a entrada em vigor, em 1° de junho, do acordo de livre circulação das pessoas, um dos 7 acordos que a Suíça assinou com a UE.
Depois que souberam da intenção do governo em decretar a moratória, milhares de médicos saíram às ruas pela primeira vez para protestar.
Até 60 horas por semana
Não deu resultado e várias ações estão previstas, inclusive greve e recorrer à Justiça. Alguns juristas consideram o decreto contrário ao princípio do livre comércio, inscrito na Constituição. A revolta é maior entre os médicos residentes.
Alguns especialistas afirmam que esta é uma oportunidade para revalorizar o pessoal hospitalar. Os médicos residentes trabalham atualmente até 60 horas por semana e o máximo de 50 horas só vai entrar em vigor dentro de 3 anos.
A moratória até 4 de julho de 2005 também vale para fisioterapeutas, dentistas, farmacêuticos, laboratórios, nutricionistas etc.
Swissinfo/Claudinê Gonçalves
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