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Iniciativa luta por seguro único

Organizadores da iniciativa popular entregam as assinaturas de 113 mil eleitores no Congresso suíço. RTS

Um seguro de saúde único e prêmios de acordo com a renda: essa é a exigência de uma iniciativa popular suíça, que contou com 113 mil assinaturas.

Com o abaixo-assinado, lei prevê a organização de um plebiscito popular que pode modificar profundamente o sistema de saúde no país.

Os organizadores da iniciativa popular intitulada “Por um seguro de saúde único e social” entregaram esta semana 113 mil assinaturas de cidadãos suíços na Chancelaria Federal. A ação promovida por partidos de esquerda pede taxas mensais menores para o seguro de saúde e mais influência dos assegurados nas empresas.

“As taxas se transformaram numa despesa insuportável para a classe média na Suíça”, afirma Jean Blanchard, secretário-geral da organização Movimento Popular das Famílias (MPF), responsável pela iniciativa.

Como prevê a Constituição, um plebiscito popular será organizado. Se aceito pela maioria dos eleitores e dos cantões (estados), o sistema de saúde na Suíça sofrerá uma profunda transformação.

Seguro individual

Na Suíça, cada habitante, inclusive as crianças, é obrigado a ter um seguro de caso de doença e acidente. O país nunca teve um sistema de seguro de saúde público como é o caso do Brasil ou da Alemanha.

Contrata-se o seguro junto a uma empresa particular mas a grande maioria dos hospitais e do pessoal hospitalar é mantida pelo setor público. Este fatura serviços e medicamentos das seguradoras.

Depois de uma grande reforma em 1996, o número de empresas seguradoras de saúde foi reduzido de algumas centenas para 86 e o movimento de concentração continua.

Hoje em dia, as famílias pagam taxas mensais que podem variar de 150 a 400 francos mensais por pessoa, de acordo com o local em que vivem.

Existem cantões onde o custo de vida é maior do que nos outros. Os planos de assistência também são variados: as franquias vão de 300 até 2500 francos. Em caso de problemas de saúde, o paciente paga do próprio bolso até o valor da sua franquia. Depois disso, o seguro paga 90% dos custos do tratamento.

Apesar dos altos valores, o sistema de saúde suíço também prevê reduções de custos para as famílias. Os cantões também subvencionam as taxas, para que elas se mantenham em patamares razoáveis. Para os desempregados e pessoas de baixa renda, o sistema social assume as despesas.

Saúde cara

O bem-estar é caro. Na Suíça então o assunto é explosivo: entre 1996 e 2002, os custos anuais de saúde aumentaram de 37,9 para 48 bilhões de francos.

Aproximadamente 11% do Produto Interno Bruto (PIB) é gasto com saúde, o que coloca a Suíça no segundo lugar entre os países da OCDE onde se mais despende no setor, depois dos Estados Unidos.

“Estimamos que o custo geral irá passar para 50 bilhões de francos em 2004”, explica um funcionário do Departamento Federal de Estatística.

Essa espiral desespera não somente o governo, mas também a população, que gasta um terço do orçamento com seguro de saúde. Atualmente, todos os anos o anúncio do crescimento da conta da saúde significa taxas mensais mais altas e menos dinheiro no bolso.

Propostas da iniciativa popular

Os organizadores da iniciativa popular de seguro de saúde único acreditam que esse sistema é mais barato do que o atual, com 86 empresas seguradoras.

“Primeiro porque os custos de marketing e administração diminuem e, em segundo lugar, nos últimos anos vimos que não existe concorrência verdadeira entre as diversas empresas”, declara Rudolf Rechsteiner, deputado federal do Partido Socialista.

Na sua opinião, a única concorrência entre as seguradores é na diminuição dos riscos, ou seja, na atração de clientes jovens e saudáveis. “Porém, no controle de custos e na procura de formas de economia, não sentimos qualquer movimento”, completa Rechsteiner.

swissinfo, Alexander Thoele

Na Suíça o seguro básico numa seguradora de saúde privada é obrigatório.
A idéia de uma seguradora única é uma sugestão para acabar com a explosão de custos no setor de saúde.
Na Suíça existem 86 seguradoras.
A lei de seguro de saúde entrou em vigor em 1996.
Ela previa aumentar a concorrência no setor e taxas mensais menores.
O esperado efeito acabou não se concretizando.

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