Itália recupera dinheiro ilegal na Suíça
Vários bilhões de euros, depositados em bancos suíços, foram recuperados pelo governo italiano, em função de uma anistia fiscal, encerrada dia 15 de maio.
São principalmente os bancos do estado do Ticino – sul, fronteira com a Itália – que acolhem o dinheiro ilegal italiano. Os 56 bancos da região administram 400 bilhões de francos (€ 274 bilhões de euros, aproximadamente). A maior parte foi depositada por clientes italianos.
Objetivo ambicioso
O governo de Roma lançou em 2001 o chamado “scudo fiscale”. Escudo que consiste em anistia para quem repatriasse capitais depositados no exterior. Ela valeu inicialmente até 28 de fevereiro e foi prolongada até 15 de maio.
O objetivo era repatriar 50 bilhões de euros. De 30 a 35 bi teriam voltado ao país.
A anistia em questão é uma medida de quase impunidade. Os contribuintes italianos que observassem o prazo deveriam pagar imposto de 2,5%, na fonte, quando a operação se realizasse. O depósito do dinheiro vivo deve acontecer até 30 de junho.
Os bancos suíços não parecem ter sofrido demasiado dessa anistia. Somente 10% dos capitais neles depositados teriam sido repatriados. A estimativa é do UBS, do Credit Suisse e do BSI (Banco della Svizzera Italiana), especializados no gerenciamento de capitais.
Réplica dos bancos
Esses bancos encontraram meio de amenizar perdas, ampliando o número de filiais em território italiano. A previsão é de que recuperem a metade das somas retornadas.
A Itália (como vem fazendo outros países da União Européia) não perdeu ocasião para denunciar o sigilo bancário suíço. O “scudo fiscale” é obra de Giulio Tremonti, do ministro das Finanças do governo Berlusconi.
Nos últimos meses, Tremonti desfechou verdadeiro combate aos bancos suíços. Com certo resultado. Mas o diretor do Banco do Gotardo – que opera exclusivamente no Ticino – estima que um dos fatores da repatriação dos capitais é uma melhora da situação política e econômica na Itália.
Swissinfo (colaborou Gemma d’Urso, de Lugano).
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