Nestlé ignora morosidade e continua crescendo
Ao mesmo tempo em que grandes empresas suíças anunciam prejuízos recordes e corte de pessoal, a Nestlé continua ampliando seus negócios.
O faturamento cresceu 5,3% e o lucro líquido 13,2% no ano passado.
“Apesar do ambiente econômico instável, do clima político deteriorado e do câmbio desfavorável, a Nestlé trabalhou bem em 2002. “
O problema do câmbio
A constatação foi do patrão da Nestlé, Peter Brabeck, ao anunciar que o grupo suíço, líder mundial do setor alimentar, faturou quase 90 bilhões de francos suíços no ano passado, 5.3% a mais do que em 2001.
O lucro líquido cresceu mais ainda (13,1%) totalizando mais de 7,5 bilhões, o que permitirá propor aos acionistas 7 francos suíços de dividendos por ação.
Esses resultados da multinacional suíça são ainda mais impressionantes se considerada a taxa de câmbio. Em 2002, o franco suíço valorizou-se em relação e ao dólar e ao euro e a maioria das vendas da Nestlé são feitas nessas duas moedas.
Américas passam a liderar
“A longo prazo, essas flutuações se anulam e vamos continuar fazendo nossos balanços em francos suíços”, afirmou Brabeck.
As vendas da Nestlé cresceram em todas as zonas geográficas. A zona Américas passou a liderar as vendas, ultrapassando a zona Europa, que liderava até 2001.
“Isso ocorreu apesar da desvalorização de todas as moedas latino-americanas em relação ao dólar e da desvalorização do dólar em relação ao franco suíço”, afirmou a swissinfo o diretor da zona Américas, Carlos Represas. 60% do faturamento da zona Américas provêm dos Estados Unidos e do Canadá.
Guerra e salários
O patrão da Nestlé, Peter Brabeck, considera que um iminente ataque ao Iraque terá um “impacto limitado” sobre os negócios do grupo, principalmente se o conflito for resolvido rapidamente.
Brabeck também é otimista para este ano, mostrando-se confiante que a Nestlé pode continuar a apresentar bons resultados mesmo num contexto difícil.
Ele confirmou ainda a continuidade na estratégia de transição da Nestlé de uma empresa de transformação de produtos agrícolas em fabricante de produtos de alto valor agregado.
Revelou ainda pela primeira vez os salários da direção, como exige a Bolsa Suíça das empresas cotadas. “O maior é o meu, evidentemente: 6,448 milhões de francos, mais ações e opções, em 2002,” disse o patrão da Nestlé. O total dos salários dos 11 membros da direção foi de 17,7 milhões de francos suíços.
swissinfo, Claudinê Gonçalves, Vevey
– Em dezembro de 2002, a Nestlé tinha 508 fábricas e mais de 200 mil funcionários
– Faturamento em 2002 foi de 89,16 bilhões de francos suíços (+5,3%)
– Lucro líquido foi de 7,56 bilhões de francos suíços
– Zona Américas passa a liderar vendas, com 29,29 bilhões
– Brasil volta a liderar na América Latina, ultrapassando o México
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