O computador
“Nunca haverá trabalho suficiente para ocupar mais de cinco computadores em todo o planeta”. A declaração data de 1943 e foi feita por Thomas Watson, presidente do grupo IBM.
Na época, todo o mundo estava deslumbrado com os primeiros computadores que podiam efetuar, em um segundo, 5 mil somas e subtrações, 350 multiplicações ou 50 divisões.
De toneladas a gramas
Mas essas máquinas são verdadeiros monstros. Elas pesam trinta toneladas, ocupam uma área de um terreno de basquete e esquenta de tal maneira que é preciso várias centenas de quilos de gelo para esfriá-las.
Esses dinossauros não têm teclado, nem tela, nem mouse, nem memória, nem programas. Eles são comandados por meio de um quadro de conexões que é preciso modificar, ficha pro ficha, para poder efetuar um novo trabalho. O que pode durar vários dias.
Sessenta anos mais tarde, o menor computador de escritório ou o mais simples dos computadores portáteis (notebooks) têm uma potência de cálculo vários milhões superior…
E há trabalho suficiente… e possibilidades de jogo para ocupar mais de meio bilhão dessas máquinas no mundo.
Como funciona?
Um computador não passa de uma possante máquina de calcular, capaz de armazenar os resultados e de restituí-los quando solicitada. Mas é uma máquina muito burra que reconhece apenas duas cifras: zero e um.
Tudo, realmente tudo que aparece na tela ou sai dos alto-falantes de um PC está codificado sob forma de uma interminável série de 0 e 1.
O mesmo ocorre com este pequeno texto que você está lendo, cujo original conta cerca de 380 palavras, necessitando, aproximadamente, nada menos de 122.000 dessas cifras de base.
A importância do transistor
E quando se trata de imagens, de som ou de vídeo, multiplica-se facilmente a cifra por dez, cem ou mil.
Na realidade, devíamos falar mais de impulsos elétricos que de cifras. O 1 corresponde a um impulso e o 0 a ausência de impulso.
Um computador precisa, então, de uma enorme quantidade de componentes que permitem ou impedem a corrente passar.
No início, foram utilizados tubos a vácuo, espécies de lâmpadas que apresentam o tríplice inconveniente de consumir eletricidade demais, de esquentar muito rapidamente e de queimar facilmente.
Até 1948, quando três físicos dos laboratórios Bell (do nome do inventor do telefone) descobriram o princípio do transistor. Graças à descoberta eles recebem o prêmio Nobel.
É uma verdadeira revolução, que condiciona o desenvolvimento dos aparelhos eletrônicos, do computador ao telefone, da tv ao rádio.
Contrariamente ao tubo a vácuo, o transistor deixa passar ou retém os elétrons numa matéria sólida, inicialmente germânio, e depois o silício, que por isso é chamado semicondutor.
Os tubos a vácuo eram grandes como lâmpadas. Os primeiros transistores têm dimensão aproximada de um centímetro quadrado. A partir de então a miniaturização não parou de se desenvolver.
É graças ao transistor que o computador sai progressivamente dos laboratórios, das universidades e dos estados-maiores do exército para se tornar um computador individual ou PC (personal computer) e depois computador portátil (notebook).
Com o surgimento do circuito integrado (sistema em que os transistores não precisam mais de fios para comunicar-se entre si) acelera-se o movimento. Hoje o microprocessador (verdadeiro motor de um PC) pode conter mais de cinco milhões de transistores.
Como ele se comunica ?
Atualmente, qualquer PC é capaz de conectar com a “rede das redes”, ou seja a Internet. Os dados da Internet, bem como a voz e as imagens que transmitimos por fax, viajam juntas pela rede telefônica.
Inicialmente, a transmissão pelas linhas de telefone se faz de maneira analógica.
O som é transformado em impulsos elétricos que viajam pelos fios de cobre, a partir de quem chama até a central mais próxima. E de lá até a central que se encontre mais perto de quem é chamado. E por fim até este último.
A partir dos anos 1960, as companhias telefônicas começam a utilizar a transmissão digital (ou numérica) de uma central a outra.
Trata-se no caso, de transformar os sinais sonoros em linguagem binária (a dos computadores). O que permite transportar mais dados com melhor qualidade.
Paralelamente, os satélites permitem saltar os oceanos de maneira mais eficaz e menos dispendiosa que os cabos submarinos. Esses cabos, entretanto, não desapareceram. Eles são cada vez mais construídos em fibras óticas e podem transportar mais de 100.000 comunicações ao mesmo tempo.
Na maioria dos países industrializados, os dados viajam de uma cidade a outra por esse meio. Mas a transmissão entre a central e o assinante é geralmente analógica.
No entanto, com a explosão da Internet, compreendeu-se logo que a rede – que não tinha sido construída para isso – não suportava a demanda.
Daí a busca de soluções mais rápidas para transportar os dados entre os múltiplos pontos da web.
ISDN
É a sigla inglesa para Rede Digital para a Integração de Serviços. Ela evita que se passe ao analógico entre a central e o usuário final – e vice-versa. Assim, os dados chegam ao PC sob forma digital.
O ISDN é mais rápido que uma conexão clássica via modem e permite também telefonar e, ao mesmo tempo, navegar na Internet sem precisar de duas linhas.
Em questão de velocidade, porém, já existem tecnologias melhores.
O ADSL
Outra sigla inglesa para Linha Digital Assimétrica do Usuário. Consiste em utilizar as freqüências mais altas que podem viajar por uma linha telefônica para transmitir dados da Internet, sob forma digital.
Como o ISDN, a ADSL permite navegar e telefonar ao mesmo tempo. Mas a velocidade de acesso à Internet é nitidamente mais elevada e se pode permanecer conectado de maneira permanente.
De fato, os operadores faturam um montante fixo mensal e não mais o tempo efetivo de conexão.
O CABO
Ainda pouco difundida, essa solução consiste em transmitir os dados da Internet pelo cabo da televisão, com os sinais TV.
Como o sistema ADSL, esse modo de acesso à rede mundial é muito rápido e é faturado por mês, o que permite ficar conectado 24 horas por dia.
O PLC
Mais uma sigla inglesa que significa Comunicação pela Rede Elétrica.
Nesse sistema, os dados viajam pela rede elétrica e o modem é conectado diretamente na tomada de eletricidade.
Ainda menos difundido que o cabo, o sistema tem as mesmas vantagens: rapidez e custo mensal fixo.
Os fios no lixo
No universo do PC, do console de jogos e do PDA (assistente digital individual), uma nova revolução está em andamento. É a do sistema sem fio.
Não chegamos ainda ao estágio da mobilidade completa, como a que o telefone portátil (celular) oferece.
Por enquanto, podemos dispensar unicamente os fios que conectam o terminal com a tomada de telefone, de cabo ou de corrente elétrica. Nesse domínio, duas tecnologias estão muito difundidas. Elas proporcionam ao usuário um grau de autonomia diferente.
O WPAN
Sigla inglesa para Rede Pessoal Sem Fio, chamada também Bluetooth.
Em plena expansão, essa tecnologia permite suprimir os fios entre os diferentes aparelhos que coexistam em meio restrito (escritório, apartamento).
O PC, a impressora, o PDA ou o console comunicam-se entre si por ondas de rádio. Mas o alcance é limitado a algumas dezenas de metros e Bluetooth não dispensa a tomada necessária para a conexão com a Internet.
O WLAN
De “individual” (WPAN), a rede sem fio passa a « local ». A sigla WLAN é um termo genérico que designa todas as redes sem fio de alcance superior à do Bluetooth, ou seja, 100 metros aproximadamente.
É preciso instalar um componente num ponto de conexão à Internet, que emite ondas de rádio captáveis pelos computadores, os PDA ou os consoles existentes na área de cobertura.
Pode-se, então, navegar livremente de qualquer lugar do escritório, de casa, e de certos lugares públicos, como bares, hotéis e aeroportos já equipados com esses dispositivos.
Para que serve
No fim dos anos 1970, o computador é ainda uma máquina austera e misteriosa.
Com uma tela verde e as séries de códigos que se precisa digitar para conseguir acesso, o aparelho nada tem de um produto destinado ao grande público.
Para se tornar PC, ele deve realizar uma toalete em regra, com a criação de janelas, de menus que desfilam e a invenção do mouse.
Vêm depois, as imagens fixas, os jogos, a música e o vídeo. Proezas que hoje parecem normais.
O PC torna-se uma indispensável ferramenta de escritório. E é a primeira porta de acesso à Internet.
Na Europa, 96% dos internautas conectam-se pelo computador. Os consoles de jogos, os telefones móveis, as televisões digitais, os PDA dividem os 4% restantes.
Brevemente acessível a um sexto da humanidade, a Internet é ao mesmo tempo a biblioteca (textos, sons, imagens, vídeo) mais rica, o melhor serviço de informações, o mais vasto bazar, o maior fórum de discussões e o serviço postal mais rápido do planeta.
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