Procura-se mão-de-obra qualificada
Crescimento pode ser ameaçado não pelos salários elevados na Suíça, mas sim pela dificuldade das empresas de encontrar mão-de-obra qualificada. Solução é contratar no exterior.
Essa é a constatação de um estudo do Credit Suisse, que também sugere uma política mais liberal de naturalização.
A perda de competitividade da Suíça em relação a outras economias é normalmente justificada pelos altos salários, considerados os mais elevados na Europa. “Porém esse fator não é necessariamente sinônimo de declínio econômico, mas sim mostra a competitividade do mercado de trabalho suíço e reflete também uma intensa criação de riqueza”.
Essas e outras constatações acabam de ser publicadas num estudo realizado por um grupo de economistas do Credit Suisse, o segundo maior banco do país. Seu objetivo é mostrar as chances e riscos do nível elevado de salários e sugerir medidas para aumentar a oferta de mão-de-obra qualificada, um dos grandes problemas vividos atualmente pelas empresas na Suíça.
Muito trabalho e muitos estrangeiros
Segundo as últimas estatísticas, em 2002, 79% da população suíça em idade ativa estava integrada no mercado de trabalho, um dos valores mais elevados em nível europeu.
Além de ser um dos países com os menores índices de desemprego (3,8% em maio de 2004) na Europa, a Suíça também é um dos que mais ocupam estrangeiros: 25% das pessoas empregadas não têm o passaporte vermelho. Muitos desses estrangeiros estão ocupados nos setores que movimentam a economia suíça, dominada pela indústria de exportação atividades financeiras e serviços.
A falta crônica de especialistas e mão-de-obra qualificada para trabalhar nesses setores, problema que se agrava devido ao envelhecimento geral da população, explicam os altos salários. “Essas empresas dependem do conhecimento dos seus funcionários e para encontrar esses especialistas, elas precisam oferecer salários atraentes”, analisa Petra Huth, economista do Credit Suisse.
Dar preferência a qualificação
Porém o estudo lembra que a vantagem da Suíça é a grande flexibilidade no mercado de trabalho, mas ressalta a importância da abertura das fronteiras. “No futuro a Suíça precisa receber mais estrangeiros qualificados para manter seu crescimento econômico”.
Uma medida nesse sentido seria tornar as leis de naturalização mais liberais. “Dessa forma esses estrangeiros terão um incentivo para permanecer no país”.
Outra solução seria modificar a atual política de estrangeiros. Atualmente a Suíça facilita a vinda de cidadãos da União Européia ou EFTA (que além da Suíça, inclui a Islândia, Liechtenstein e Noruega). Pessoas originárias de países fora dessa região econômica dependem dos interesses gerais da indústria. Para os economistas do Credit Suisse esse é um erro, pois é difícil definir essa necessidade. “O melhor para a Suíça seria dar preferência apenas aos critérios de qualificação profissional”.
Integrar as mulheres e os idosos
Positivo para o mercado de trabalho seria também a introdução da licença-maternidade na Suíça. “Cada vez mais mulheres são melhores qualificadas e integradas no mercado de trabalho, porém na sua maioria em tempo parcial”. O estudo defende uma melhor integração de trabalho e família.
Outra sugestão é a criação de incentivos para que as pessoas na Suíça permaneçam voluntariamente mais tempo na vida ativa. Dessa forma será possível aumentar a oferta de mão-de-obra qualificada. Uma exigência é que as pessoas com idades mais elevadas sejam valorizadas no trabalho, em relação aos colegas mais novos.
swissinfo, Alexander Thoele
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