Revolução no consumo de álcool
Aumento de maneira alarmante entre os jovens o consumo de bebidas alcoólicas adocicadas.
No ano passado, o consumo de álcool puro diminuiu na Suíça, caindo de 9.2 a 9.1 litros por pessoa. Mas o consumo de bebidas em que o álcool é diluído subiu de modo inquietante, segundo indica a Divisão Federal de Álcoois (DFA), em Berna.
De 2000 a 2001, os suíços consumiram per capita, além de álcool forte, 43 l de vinho, 57 l de cerveja e 3 l de cidra. São cifras que representam um consumo estável.
Revolução
Entre os jovens, o consumo de limonadas adocicadas e misturadas com álcool puro industrial (os chamados “alcopops”) ou com espirituosos de marca (“premix”) adquiriu proporções descomedidas, representando uma espécie de revolução nos hábitos do consumo de bebidas alcoólicas.
“É a primeira vez em muitos anos que novas bebidas alcoólicas chegam ao mercado com uma posição diferente, porque não se identificam nem com espirituosos, nem com limonadas, nem com cervejas, senão com novas bebibas”, explica a swissinfo o diretor do Instituto de Prevenção do Alcoolismo e outras Toxicomanias (ISPA), Michel Graf.
Vinte vezes mais
Nesse novo gênero de licores, as proporções de álcool costumam chegar atualmente a até 5.6% .
As importações de “premix” e de “alcopops” multiplicaram-se por 20 no ano passado, em relação ao período anterior. Segundo dados da DFA, no ano 2000, as vendas de álcool adocicado (espirituosos segundo a lei suíça) representaram 1.7 milhão de garrafas. Em 2001 chegaram a 28 milhões.
Diante da situação, o ISPA exige melhor proteção da juventude, porque os adolescentes começam a beber mais e mais cedo. Além disso, esses produtos são as primeiras bebidas alcoolizadas consumidas por moças (raparigas em Portugal) ou mocinhas.
E Michel Graf adverte: “Porque são adocicadas, suaves, coloridas e modernas, essas bebidas atraem não apenas jovens de 18 a 25 anos, como também, com certeza, os mais jovens”.
Embora os principais clientes suíços dessas bebidas sejam são jovens adultos de 20 a 25 anos, ainda são se sabe com exatidão quem sejam os consumidores de novos licores. O ISPA pesquisa atualmente sobre o consumo de bebidas entre jovens de 10 a 15 anos de idade para ter uma idéia mais clara.
“É a indústria de espirituosos de marca que criou as novas bebidas para chegar ao público jovem que habitualmente não consome álcool puro, mas que no futuro poderá consumi-lo”, acrescenta o diretor do Instituto.
Globalização
Informações recebidas pelo ISPA de países como Grã-Bretanha e França indicam que o consumo desse novo gênero de licores é também importante em outros países.
Trata-se de certa maneira de outro efeito da “globalização”, porque as grandes marcas aspiram a ocupar o maior espaço possível no mercado mundial e não se limitam a mercados exíguos como o da Suíça.
Para sustar essa tendência, o ISPA pede na Suíça que sejam mais bem aplicadas as leis visando proteger a juventude. O instituto preventivo lembra que a venda de “alcopops” e “premix” a menores de 18 anos é proibida. E se opõe a projetos do governo que pretende liberalizar a publicidade para o álcool em rádios e televisões privadas.
swissinfo/Jaime Ortega
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