World Economic Forum encerra com pedido
"Eu faço" ao invés de "nós devemos fazer" é o apelo feito pelo organizadores do 36 Fórum Econômico Mundial (WEF) no encerramento do evento.
Em 2006 o encontro voltou às suas origens discutindo temas econômicos como investimentos na China e na Índia. Metade dos participantes eram diretores e presidentes de grandes empresas.
A mensagem mais importante do Fórum Econômico Mundial de 2006 chegou no último dia do evento através de uma participante da reunião final: “Eu faço ao invés de nós devemos fazer é a minha posição básica”, afirmou ela. O apelo foi adotado no final pelo professor alemão Klaus Schwab, fundador do WEF, que ainda ressaltou “que os problemas do mundo continuarão a surgir”.
Peter Brabeck, membro do conselho de administração do WEF também exigiu atos concretos. “Muitas vezes chegamos ao consenso quando estamos entre nós. Isso nos separa do mundo externo”, disse o presidente da Nestlé.
Mais de 2.300 líderes empresariais participaram do encontro em Davos. Um dos pontos altos foi o discurso realizado pela chanceler alemã Angela Merkel. Além de analisar profundamente os problemas econômicos da Alemanha, um país desenvolvido que sofre há anos com baixas taxas de crescimento e desemprego elevado, ela reforçou seu apoio à economia social de mercado, regime econômico que difere dos Estados Unidos pelo sistema social desenvolvido e consenso entre os diferentes atores da economia. “Precisamos de mais liberdade e de ver no desenvolvimento em primeiro lugar as chances, e não apenas os riscos”.
Iniciativas de estrelas
Também temas políticos ocuparam os debates no WEF 2006. Os riscos de uma crise energética, com receios de que o Irã use o petróleo no confronto com o Ocidente na questão sobre as suas atividades nucleares, nas vésperas da reunião da organização dos países produtores de petróleo, OPEP, agendada para terça-feira, foi outro assunto presente em Davos. Também a vitória do Hamas nas eleições palestinas levantou muitas perguntas na comunidade internacional. Ao participar de uma rodada de discussões por satélite, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, tentou se mostrar otimista, sem esconder porém que a decepção era considerável por parte do governo americano.
Paralelamente aos empresários e políticos, outro destaque no encontro em Davos foi a participação do casal de atores americanos Angelina Jolie e Brad Pitt no Open Forum, onde o tema principal foram os direitos humanos. “Este é para mim o mais importante de todos os temas”, afirmou a atriz, que também é embaixadora do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Contudo, o Fórum acabou por ser marcado por duas iniciativas mediáticas, uma protagonizada pelo fundador da Microsoft, o empresário americano Bill Gates, e outra pelo cantor do U2, Bono Vox, que anunciaram iniciativas para ajudar no combate a duas doenças que flagelam países pobres. Gates anunciou uma contribuição de 600 milhões de dólares para combater a tuberculose, enquanto Bono patrocinou uma iniciativa que incentiva as grandes empresas a financiarem a luta contra a AIDS em troca de uma marca de qualidade humanitária que poderão colocar em alguns dos seus produtos como cartões de crédito.
Poucos estadistas em Davos
Com exceção da chanceler alemã, Angela Merkel, nenhum chefe de Estado europeu ou americano veio à Davos em 2006. Outra ausência notada foi a de políticos latino-americanos. Para compensar, Klaus Schwab, anunciou a realização de dois dias de debates, a 5 e 6 de abril em São Paulo, no Brasil, destinados a identificar as prioridades regionais e a encontrar as respostas necessárias para ajudar ao seu desenvolvimento.
Do Brasil vieram três ministros. Um deles, Gilberto Gil, ministro da Cultura, recebeu o prêmio “Crystal Award” das mãos do fundador da WEF em homenagem ao seu esforço de utilizar a arte como ponte entre diferentes culturas.
Outro importante político, o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, também resolveu dar sua opinião em Davos. Ele considerou as alterações climáticas como a ameaça mais grave que o planeta enfrenta e “o único poder que poderia acabar com a civilização tal como a conhecemos hoje”.
Uma das críticas mais contundentes ouvidas nos corredores do WEF foi a de James Wolfensohn, ex-presidente do Banco Mundial e atual enviado especial do Quarteto de Madri para a Faixa de Gaza. “Continuamos vivendo como uma bolha aqui”, disse Wolfensohn em referência ao fato de a maior parte dos participantes representar os nomes mais importantes dos negócios e da política internacional. “Enquanto as pessoas com dinheiro não se dão conta de que seu nível de comodidade se sustenta em grande parte na qualidade de vida da maioria, não será possível falar de um mundo melhor”, ressaltou.
Para a imprensa suíça, a repercussão do Fórum Econômico Mundial foi considerada fraca. O “Le Temps” chegou a lembrar que um dos jornais econômicos mais influentes do mundo, o Wall Street Journal, só enviou um jornalista a Davos: o seu cronista de moda.
swissinfo com agências
O Fórum Econômico Mundial (WEF) foi fundado pelo professor alemão Klaus Schwab como um encontro internacional de líderes empresariais. O primeiro evento ocorreu em 1971, em Davos.
Em 2002, o WEF foi organizado excepcionalmente em Nova Iorque após os atentados contra o World Trade Center.
Em 2006, o WEF reuniu 2.400 líderes, sendo que 735 eram diretores e presidentes de grandes empresas. Quinze chefes de Estado participaram, além de algumas estrelas de cinema e de rock como Angelina Jolie e Bono Vox.
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