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Fotógrafo radicado na Espanha expõe na Suíça

Sho-la, de Luiz Soares Divulgação

O fotógrafo carioca Luiz Simões tem 44 anos e há 20 mora em Barcelona.

Desde que saiu do Brasil resolveu dedicar-se à Biologia, ciência que estudou, mas longe da vida acadêmica: passou a fotografar a natureza.

Parte dos registros de Luiz Simões está no centro cultural Brasilea, em Basiléia, até dia 1 de junho. É a mostra Vertidos & Symmetros.

Apesar do apreço do autor pela natureza, Symmetros não se trata de uma coletânea de paisagens. São cerca de vinte fotos criadas a partir de outras registradas por Simões em suas andanças por montanhas e desertos.

Andes, Patagônia, Himalaya, Tibet, entre outros lugares têm parte de suas imagens na mostra.

Fotografia e arte final

O artista colocou um espelho sobre a foto, num ângulo de 90 graus, e procurou aleatoriamente por uma imagem simétrica que mais lhe agradasse. Depois, fotografou e registrou a nova imagem. Ele faz duas cópias desse negativo e uma delas é invertida – é o espelho da original. Depois, a imagem é fotografada. Algumas delas são resultantes de quatro negativos.

As fotos recebem ainda um tratamento de substâncias químicas como ouro, prata e selênio, que criam tonalidades diferentes nas imagens originais – em preto e branco. Cada uma delas apresenta duas datas: a do dia em que a foto foi feita e a data em que o artista escolheu a imagem simétrica.

“É a minha forma de entender as coisas, que estão aí e se organizam de maneira casual e aleatória”, diz. “Seria mais fácil acreditar que o mundo tenha sido criado por alguém e por algum motivo, mas acho que há uma mera casualidade”, explica.

Tudo começou em 1990, quando Luiz Simões visitou o Brasil. Resolveu então se distanciar mais da obra pictórica e passou a analisar seus inúmeros negativos. Ao longo desses anos, parava de tempos em tempos em suas andanças para revelar suas fotos. Sempre trabalhou com negativos.

Natureza e música

A outra mostra, “Vertidos”, que significa contaminação em espanhol, foi inspirada na quantidade de lixo que ele sempre viu em Barcelona.
“Acho que o homem tem esgotado os recursos da natureza muito rapidamente e sofreremos as conseqüências disso”, diz.

Simões montou uma instalação com fotos, áudio visual e música. De um lado estão fotos do sofisticado lixo ocidental como carrinho de bebê, cadeiras e aparelho televisor. Do outro, belas modelos vestidas com materiais que poderão ditar a moda no futuro: papelão, vidro, alumínio e plástico.

A música é o resultado do som do instrumento por ele criado, o Basophono – que vem de basura, lixo em espanhol. Construído com madeiras e cordas de um violoncelo, mas com um recipiente plástico de produtos químicos. “A música foi criada a partir do barulho do caminhão do lixo”, explica.

Na abertura da exposição, a violoncelista Mônica Corrêa experimentou o novo instrumento. “Tem tamanho e espaçamento de cordas diferentes de um violoncelo”, disse. Mesmo assim, foi possível tocar. A instalação não fica ligada o tempo todo: quem quer assistir, deve apertar um botão.

swissinfo, Lourdes Sola, Basiléia

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