Literatura infantil vende o triplo

Literatura infantil tem menos prestígio porque criança não tem poder swissinfo.ch

Ana Maria Machado, uma das maiores autoras brasileiras de literatura infantil, esteve no Salão de Genebra para falar das características das histórias contadas às crianças brasileiras. Mesmo com prestígio inferior, os livros infantis vendem o tripo da literatura para adultos, no Brasil.

A literatura infantil brasileira é libertária e subversiva. Ela não propõe que as crianças obedeçam mas sim desobedeçam. Outra característica é a diversidade.

A opinião é da escritora brasileira Ana Maria Machado, que já vendeu mais de 14 milhões de livros no Brasil, em explanação no pavilhão brasileiro no Salão do Livro de Genebra,

Literatura e ilustração variadas como o Brasil

A título de comparação, Paulo Coelho vendeu cerca de 30 milhões de livros, até agora, em todo o mundo.

O ilustrador Nelson Cruz, por sua vez, comentou trabalhos de vários ilustradores brasileiros e enfatizou a necessidade que eles têm de pesquisar antes de desenhar devido a diversidade cultural e pelo fato da produção literária estar concentrada na região sudeste.

Ana Maria Machado diz que a literatura infantil brasileira passa com muita naturalidade da realidade para a fantasia .

Faz também espécie de “reinvenção da linguagem”, usando um tom coloquial e familiar de se falar português mas, ao mesmo tempo, com a preocupação de brincar com as palavras, aproximando-se muito da poesia.

Criança não tem poder

A autora brasileira, que também escreve para adultos, diz que não há diferença entre escreva uma literatura e outra. “A dificuldade maior é encontrar a palavra certa e a estrutura do que você quer narrar”, afirmou à swissinfo.

Em 2000, Ana Machado Machado ganhou o prêmio Hans Christian Andersen, organização sediada em Basiléia, na Suíça, o mais importante prêmio mundial de literatura infantil.

No ano passado, ganhou o prêmio da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra para adultos (10 livros). Ela afirma que escreve porque gosta da Língua e não porque gosta de criança.

No entanto, a literatura infantil continua tendo um estatuto inferior é literatura para adultos em todo o mundo. Ana Maria Machado afirma que isso ocorre porque a criança não vota, não escreve no jornal, não decide as campanhas de publicidade etc.

“Ela é um sub cidadão e tudo que é feito pra ela também é sub alguma coisa”, conclui.

swissinfo/Claudinê Gonçalves