Perspectivas suíças em 10 idiomas

Programa de boas-vindas à Suíça

Sonia Jordi é uma das instrutoras do curso oferecido pela prefeitura de Zurique. swissinfo.ch

O curso de integração de Zurique é uma porta de entrada para entendimento do país e melhor integração.

A vida na Suíça funciona de maneira muito diferente da rotina do Brasil ou de Portugal. Além dos incompreensíveis costumes, quem emigra ainda tem dificuldade adicional em entender novos processos e leis por conta da língua. Para reduzir a dificuldade, a Prefeitura de Zurique criou há mais de dez anos o curso de integração denominado Viver em ZuriqueLink externo. O programa, disponível em 15 idiomas, é pioneiro e único no país; outras prefeituras ou cantões oferecem brochuras em PDF com informações práticas em português e em outros idiomas.

Informação de Qualidade – De acordo com a cidade de Zurique, em sua página na internetLink externo, vivem na cidade mais de dez mil pessoas que tem como língua materna o português, sem contar os naturalizados suíços. Ainda que a maioria possa facilmente comunicar-se e informar-se em alemão, a prefeitura considera muito importante que todos estejam bem informados.

* Artigo do blog “Suíça de portas abertas” da jornalista Liliana Tinoco Baeckert.

O curso é oferecido a mulheres imigrantes de língua portuguesa e aborda lições sobre diversos assuntos que facilitam à integração no país e na cidade, como por exemplo, ensinamentos sobre o sistema de saúde, separação de lixo, história, cultura, datas festivas, política do país, sistema escolar ou organização do lixo. A iniciativa é única no país e parece seguir a boa máxima da integração: promover o empoderamento feminino por meio da informação.

Autoestima e autoconfiança – Durante três meses, toda manhã de quarta-feira, imigrantes aprendem questões práticas, fazem visitas à Câmara de Vereadores de cidade de Zurique, ao de reciclagem de lixo e ainda têm oportunidade de estabelecer contato com outras mulheres que emigraram há pouco e partilham do mesmo interesse: se integrar e aprender sobre a Suíça. De acordo com uma das instrutoras do curso, a paulistana Sonia Jordi, o curso promove um bem muito importante, o da autonomia e consequentemente a autoestima e autoconfiança. “Muitas mulheres deixam as questões do dia a dia por conta dos maridos suíços, já que o alemão é complicado. Mas se esquecem de um detalhe essencial: eles não dominam todos os assuntos e ignoram sobretudo às questões relativas às mulheres migrantes”, explica.

Como informação é poder, o curso se torna válido para quem já vive no país há mais tempo, mas continua com dúvidas sobre alguns aspectos ou gostaria de ampliar seus conhecimentos sobre a história ou a política da cidade e país. Segundo Sonia Jordi, imigrantes recém-chegados normalmente vivem por um estresse muito alto devido à adaptação e a necessidade de absorção de tantas informações. Dessa forma, é uma boa ideia também aguardar caso a mulher se sinta sobrecarregada.

Ana Carolina Pires, de Tocantins, frequentou o curso assim que chegou ao país. Na sua opinião, as aulas a ajudaram a entender diversos detalhes da vida em uma cidade tão diferente. “Como meu marido também é brasileiro, nós dois não tínhamos ideia do que nos esperava em termos de regras, rotinas e sistema escolar. Escutamos muitas opiniões e conselhos, mas queríamos começar de forma correta, sem maus entendidos. Compreender sobre a coleta de lixo, por exemplo, foi muito bom, me evitou muitos problemas com vizinhos. Após o treinamento, eu tive a prova da importância da informação correta ao ver pessoas que já moravam aqui há anos e andavam com bilhete errado no bonde por desconhecimento. E o melhor, todas as explicações foram dadas na nossa língua”, explica Ana Carolina.

A voz da experiência

Sonia Jordi, instrutora do Curso Viver em Zurique, reside há 35 anos na cidade e divide seus conhecimentos com as brasileiras recém-chegadas há cerca de dez anos. Com formação em jornalismo e uma vida e família já estabelecida, a brasileira tem muito a acrescentar. Sonia se diz muito agraciada pela experiência de mestra devido à oportunidade de aprendizado mútuo. “As minhas alunas não são as únicas que levam informação para casa, eu também ganho muito”, explica.

A primeira lição aconteceu ao ter que estudar para ministrar as aulas. Segundo Sonia, ao preparar o conteúdo, aprendeu tanto que sabia mais sobre o país que seu marido suíço. Dessa constatação veio outra importante lição, a de que só porque a família do esposo é local que vai saber questões que interessam à imigrante. “Nem todo suíço sabe como se separa o lixo ou detalhes sobre o sistema de aposentadoria. Então não deixe seus interesses nas mãos de outras pessoas”, diz. 

Outro grande ensinamento foi conhecer o Brasil como um continente e ter contato com conterrâneos das mais remotas regiões e diversidade cultural que não se tem contato quando está no país de origem.  A troca de experiências garante, dessa maneira, o aprendizado das duas culturas e de realidades diferentes. E melhor, que se encontram com o mesmo objetivo.

Programa do curso:

O programa do cursoLink externo acontece geralmente duas vezes por ano: de março a junho e de setembro a dezembro, em 15 sessões todas as quartas-feiras, sempre de 8:45 às 11:15 da manhã.



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