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Polanski termina novo filme na prisão, diz roteirista

Polanski durante a rodagem de "The Ghost", em List (ilha de Sylt), na Alemanha, em 23/2/09. Keystone

Roman Polanski está dando os retoques finais no seu próximo filme a partir de sua cela, na Suíça, revelou seu amigo e colega Robert Harris ao jornal britânico The Times, na terça-feira (13/10).

Enquanto isso, a Comissão de Política Externa do Parlamento suíço defende a atuação das autoridades do país no caso da prisão do cineasta, que aguarda sua extradição para os EUA.

Polanski foi preso no dia 28 de setembro, no aeroporto de Zurique, a pedido dos EUA, onde ele é acusado de ter mantido relações sexuais com uma jovem de 13 anos em 1977.

Segundo Harris, que escreveu o roteiro do filme, o diretor franco-polonês decide na prisão sobre detalhes de The Ghost, para que, após dois anos de trabalho, ele fique pronto para o Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2010.

O filme de suspense político The Ghost conta a história de um ghostwriter, que escreve as memórias do ex-primeiro-ministro britânico Adam Lang e, por isso, corre perigo. O ator escocês Ewan McGregor (de Guerra nas Estrelas) faz o papel de ghostwriter, e o irlandês Pierce Brosnan (James Bond), o do político.

Polanski teria falado recentemente com o compositor Alexandre Desplat sobre a trilha musical do filme. Harris disse que Polanski pode “manifestar seus desejos a partir de sua cela”, mas não revelou como.

“Eu não acho que ele possa fazer chamadas telefônicas, mas ele pode se comunicar. O que as pessoas pensam do filme é outro assunto. Não sei se o filme poderá superar as circunstâncias em que o diretor se encontra agora. Vamos testar ao máximo se existe algo como a má publicidade”, acrescentou.

Harris considera um “pesadelo” imaginar que o cineasta possa estar preso quando da estréia do filme, mas que Polanski precisa ligar com isso. “Ele é um homem duro. Ele passou por muita coisa. Se alguém pode sobreviver, ele pode”, disse o autor.

Atuação das autoridades suíças

A Comissão de Política Externa (CPE) do Parlamento suíço defendeu a atuação das autoridades do país no caso da prisão do cineasta.

“Como Estado de Direito, a Suíça não poderia ter agido de outra maneira”, informou a CPE, em um comunicado à imprensa, na terça-feira (13/10). Não há como dar um tratamento especial a personalidades que cometeram crimes, acrescentou a comissão.

A CPE foi informada durante uma sessão em Genebra sobre o quadro jurídico e a prática adotada pela Suíça no caso da prisão do cineasta Roman Polanski.

As autoridades suíças prenderam Polanski a pedido da Justiça dos EUA, de onde ele fugiu para a França em 1978, sem ter sido julgado.

Os advogados do cineasta entraram com recurso no Tribunal Penal Federal suíço contra a prisão e o pedido provisório de extradição dos Estados Unidos. Um pedido de soltura do cineasta sob fiança foi rejeitado pelas autoridades suíças.

swissinfo.ch com agências

O crime pelo qual Polanski é acusado ocorreu em 1977. Aos 44 anos, o cineasta havia convidado uma jovem de 13 anos, Samantha Geimer, para uma sessão de fotos para a revista Vogue, na residência do ator Jack Nicholson, em Los Angeles. Segundo os autos, o diretor deu à menina champanhe e tranquilizantes, antes de pedir que tirasse suas roupas. Em uma piscina, os dois completaram o ato sexual. Posteriormente Geimer declarou que teve medo do cineasta e por isso se sujeitou ao seu assédio.

O cineasta contestou, na época, a versão da menina, mas confessou ter tido relações sexuais com a menor de idade. Ele foi preso e liberado mediante pagamento de 2.500 dólares de fiança. Durante as investigações, Polanski foi detido novamente, dessa vez por 42 dias. Pouco depois, embarcou em um avião para Londres e depois para Paris, onde vive até hoje com sua esposa, a atriz Emannuelle Seigner. Ele nunca mais retornou aos EUA, nem para receber o Oscar em 2003 pelo filme “O Pianista”.

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