Perspectivas suíças em 10 idiomas

Presidente do Senado voltou animado do Brasil

Bruno Frick (à esquerda) em Brasília, com Renan Calheiros, presidente do senado brasileiro. swissinfo.ch

Fato raro na política suíça, um representante do Congresso esteve em visita oficial ao Brasil recentemente.

O presidente do Senado, Bruno Frick, foi a São Paulo, Brasília e Manaus e ouviu de empresários suíços que a crise política não afetará a economia.

A visita oficial de um parlamentar suíço a outro país é relativamente rara. Ainda mais quando se trata do presidente do Senado e, por concidência, com o Brasil em meio a uma de suas mais graves crises políticas.

“Era a primeira vez que ia ao Brasil, mas é certo que não será a última”, afirmou Bruno Frick a swissinfo em seu gabinete no Palácio Federal, em Berna, uma semana depois de ter voltado da viagem.

Empresas se Colônia Helvetia

O senador esteve em São Paulo, Brasília e Manaus. Na capital paulista, visitou a Câmara de Comércio Suíço-Brasileira e “ficou impressionado” com o número de empresas suíças instaladas em São Paulo.

Segundo dados da swisscam, existem no Brasil mais de 200 companhias de origem suíça. Grandes empresas como ABB, Roche, Novartis, Holcim, Ciba, Clariant, Nestlé, Zurich, CSD-Geoklock, Sika, Elevadores Atlas Schindler, Bobst, Swiss Re, Victorinox, Swatch, UBS, Credit Suisse entre várias outras têm uma significativa presença no mercado brasileiro.

Algumas estão presentes no Brasil há mais de 70 anos. Juntas, essas empresas geram cerca de 74 mil empregos diretos e faturam mais de US$ 10 bilhões anuais.

Bruno Frick visitou a Novartis e a Nestlé, em São Paulo, e foi recebido pelo vice-governador paulista Cláudio Lembo. Conferiu ainda projetos sociais apoiados pela Suíça e visitou a Colônia Helvetia, em Indaiatuba, que está comemorando 151 anos de imigração.

As crises passam

Em Brasília, o senador suíço esteve reunido com o grupo parlamentar Brasil-Suíça, formado na comissão parlamentar de Relações Exteriores e presidido pelo deputado Paulo Bauer (PSDB-SC).

“Os contatos entre parlamentares podem ser muito úteis para os dois países”, afirma Bruno Frick.

Membros do grupo parlamentar Brasil-Suíça estiveram em Berna em junho de 2004 e deverão voltar à Suíça em outubro próximo.

Na capital brasileira, o presidente do Senado suíço foi recebido pelo presidente do Senado brasileiro, Renan Calheiros e pelo vice-presidente da República, José de Alencar.

Questionado a respeito do ambiente de grave crise política e denúncias de corrupção que encontrou em Brasília, Bruno Frick respondeu, diplomaticamente, “que corrupção existe em quase toda parte” e que “as crises passam e resta o bom relacionamento entre os países”.

Parlamento “amador”

O presidente do Senado suíço também não quis comentar as diferenças entre as regalias de um parlamentar brasileiro e a vida austera de um parlamentar suíço.

Pelo cargo que ocupa, Bruno Frick é o único senador a dispor de um modesto gabinete no Palácio Federal, em Berna, sede do governo e do Parlamento. Não tem secretária, nem carro ou apartamento funcional, nem assessores, nem salário.

De fato, o Legislativo na Suíça (federal, estadual e municipal) não é remunerado. O parlamentar recebe apenas uma espécie de ajuda de custo, durante as sessões. Não tem 13°, férias, nem se aposenta como político.

Vigora o chamado sistema de “milícia”, com quatro sessões parlamentares por ano, cada uma de três semanas, uma espécie de “esforço concentrado”. Fora das sessões, cada um exerce sua profissão. Bruno Frick ganha a vida com seu escritório de advocacia, em Einsiedeln, no cantão de Schwyz (Suíça Central).

Sonho de 35 anos

De Brasília, o presidente do Senado suíço foi a Manaus, ainda em visita oficial mas já um pouco em férias. Esteve com suíços radicados na capital amazonense e diz que ficou impressionado com o ambiente amazônico.

Viajou pelos rios, foi ver o encontro das águas do Solimões com o Negro (onde começa o Rio Amazonas) e confessou que isso foi a realização de “um sonho de 35 anos”.

Nas três etapas de sua viagem oficial ao Brasil, Bruno Frick encontrou cidadãos suíços que emigraram para o Brasil.

“A primeira coisa que me impressionou é que são raros os que ainda falam uma das línguas nacionais suíças (n.d.r.alemão, francês, italiano e romanche) mas insistem em manter seus laços com o país e o passaporte suíço. Vi também pessoas diferentes. Em São Paulo e Brasília são mais empreendedores e bem-sucedidos. Na Amazônia são mais sonhadores, talvez pelo próprio ambiente em que vivem”.

swissinfo, Claudinê Gonçalves

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR