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Schumacher e a Ferrari fixados pela objetiva

Cartaz da exposição sobre Schumacher e a Ferrari na Galeria Gottardo swissinfo.ch

Ele corria a toda velocidade num bólido vermelho vivo e, de repente, tem de desviar de uma fechada continuando a prova em busca de fortuna e sucesso.

As imagens do piloto Michael Schumacher e de “sua” Ferrari foram imortalizadas pelo fotógrafo suíço Michel Comte, que enfrentou um grande desafio: parar o tempo.

Para o tempo no reino da Fórmula 1 em que a velocidade é uma filosofia de vida, uma lógica de sucesso, um instrumento de poder, não é apenas um desafio mas também um ato simbólico que atesta a supremacia do instante como frágil condição do ser.

As fotografias de Michel Comte, exposta pela primeira vez na Suíça na Galeria Gottardo, em Lugano, sul do país, são impressionantes por sua própria capacidade de parar o tempo no sentido amplo – velocidade, freio, lentidão, aceleração – sem esquecer a dimensão da emoção, da reflexão, da concentração.

Na exposição intitulada Speed. Michel Schumacher a a Esculderia Ferrari, Michel Comte propõe uma visão diferente, inédita, cheia de detalhes preciosos, de cortes rigorosos da realidade, de fragmentos de luz de um meteorito vermelho cuja velocidade sideral percorre o espaço apontando para a Terra: a Ferrari.

Lucidez e frieza

“Com sua obsessão maníaca e seu fascínio sem fim pela circuito de Fórmula 1 – explica o diretor da Galeria Gottardo, Franco Rogantini – Compte tornou-se cronista da carreira esportiva sem precendentes do grande campeão Michael Schumacher. Ele o imortalizou em numerosos circuitos em todo o mundo, trazendo ao espectador um mundo de progresso, de rapidez e entusiasmo”.

Emoção e alta tecnologia, rigor e paixão, frieza e exaltação, excesso e cálculos precisos, lucidez e explosão de alegria: o mundo da F-1 contém aspectos aparentemente contraditórios mas estreitamente ligados entre si.

“A nítida imagem feita na oficina da Ferrari não representa a linguagem racional de Michel Comte – sublinha Rogantini – mas recria o estado de ânimo que se pode respirar em uma sala de operação perfeitamente estéril de uma clínica universitária ou de um laboratório de pesquisa”.

Velocidade e paixão

Em contraste à “cirurgia mecânica”, está uma série de imagens desfocadas mas extremamente expressivas das corridas. São imagens fortes que restituem a idéia da alta velocidade e que insinuam temeridade.

“Através da estética purista de Comte – nota Roganitini – a F1 parece quese tangível, com rigor e delicadeza, o movimento e a imobilidade, o ronco dos motores e o silêncio absoluto. Suas fotos parecem autênticas porque não parecem recorrer ao uso excessivo de recuros técnicos”.

Por outro lado, as fotografias da vida privada de Michael Schumacher revelam um lado radicalmente diferente do homem duro e gélido dos circuitos de F-1 e seus 7 títulos mundiais, 91 vitórias e 250 Grandes Prêmios disputados.

Michel Comte, que nesses anos de trabalho tornou-se amigo do piloto alemão, foi foi capaz de captar a frieza do piloto mas também revelar sua meiguice e delicadeza.

De Jo Siffert a Chanel

A paixão de Michel Comte pela F-1 tem raízes distantes. Hospitalizado por uma fratura na perna aos 8 anos de idade, o garoto Michel passava o tempo a folhear revistas de automobilismo. Ao ver uma foto de Jo Siffert – célebre piloto suíço que morreu muito jovem – Michel o telefona para pedir um autógrafo. Dito e feito, Siffert vai ao hospital e autografa o gesso.

Mas o trabalho profissional de Comte não se limita à F-1. Ele trabalha muito com moda para estilitas famosos como Ungaro, Chanel, Chloé e publicava em revistas como Vogue e Vanity Fair.

“Os muitos retratos que fez de celebridades do mundo artístico, afirma Rogantini, o coloca no mesmo plano de expoentes da arte fotográfica como Edward Steichen, Irving Penn e Richard Avedon”.

“Michel Comte – continua o diretor da Galeria Gottardo – é mestre em fixar a luz justa e captar em sua objetiva um rastro de imagem”. Na Galeria Gottardo, a luz e a penumbra das imagens de Comte parecem falar a mesma linguagem.

swissinfo, Françoise Gehring, Lugano

De 7 a 30 de setembro 2007, a Galeria Gottardo apresenta em Lugano (região sul) a exposição de Michel Comte intitulada Speed. Michael Schumacher e a Escuderia Ferrari.

Algumas fotos são gigantescas (220 x 180 m) e outras 30 fotografias (90 x 90 cm) em cores e em preto e branco, mostrando o fascínio de Michel Comte pelo mundo dos motores.

A exposição também está agendada para Nova York, Moscou e Shangai.

Nasceu em Zurique em 1953. Fez sucesso rapidamente na fotografia. Em 1978, recebe o prêmio prestigioso de foto publicitária do estilista Ungaro. Muda para Paris em 1979.

Em 1981 abre um estúdio em Nova York e trabalha para revista americana Vogue. Posteriormente abre outro estúdio em Los Angeles.

Em poucos anos, torna-se o mais solicitado dos fotógrafos de moda. Para a Vogue e Vanity Fair, fotografa artistas com Sting, Demi Moore, Sharon Stone, Jeremy Irons, Robert Altman, Kim Basinger, Jeff Koons, Kossuth.

Anos depois, o trabalho de Comte dá uma reviravolta e ele começa a colaborar com a Cruz Vermelha Internacional (CICV) em reportagens de regiões em guerra e coflitos como Afeganistão, Iraque e Bósnia.

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