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FSM completa dez anos "em crise de identidade"

Lula: aplaudido no FSM em Porto Alegre, cancelou sua ida ao WEF em Davos devido a uma crise de hipertensão. Keystone

Enquanto os líderes mundiais discutem o pós-crise no Fórum Econômico Mundial (WEF), os participantes do Fórum Mundial Social (FSM) veem confirmadas suas críticas ao capitalismo.

Este conteúdo foi publicado em 28. janeiro 2010 - 16:39

Lula disse em Porto Alegre que falaria "texto claro em Davos", mas, por problemas de saúde, teve de cancelar sua viagem à Suíça, onde receberia o prêmio de "estadista global".

O Fórum Econômico Mundial em Davos não tem mais a mesma importância, "o mesmo glamour como em 2003, quando participei pela primeira vez", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aplaudido por cerca de 10 mil ouvintes como uma estrela do rock, na capital gaúcha.

O Fórum Social Mundial, que nasceu em 2001 em contraposição ao WEF, comemora sua décima edição, com uma programação descentralizada, com dezenas de eventos regionais, nacionais e locais espalhadas pelo mundo.

Só o "Fórum Social 10 Anos: Grande Porto Alegre", de 25 a 29 de janeiro, prevê mais de 500 atividades descentralizadas nas cidades de Porto Alegre, Gravataí, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Sapiranga.

Tanto no WEF quanto no FSM se discute as consequências da recente crise mundial. A situação política e econômica dos EUA é um sinal claro de que o mundo precisa de um outro sistema, disse Francisco Whitaker, um dos fundadores do FSM.

"Talvez não mudemos o mundo completa e imediatamente, mas a mudança agora pode vir de baixo e se propagar", acrescentou. Whitaker defende o Fórum como plataforma para diferentes organizações, grupos e movimentos.

Propostas concretas

João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Sem Terra, vai numa outra direção. "Precisamos não só de um programa antineoliberal e sim anti-imperialista", disse, num tom que lembra o presidente venezuelano Hugo Chávez.

"Se dependesse dessa linha, Hugo Chávez abriria o Fórum dizendo: o governo dará um jeito", disse Whitaker ao jornal alemão Taz.de. "O contramodelo ao neoliberalismo não existe. E de forma alguma ele pode ser decretado; ele precisa crescer de baixo para cima, senão terá pés de barro."

Em vez de terminar em um "emaranhado de papéis", o FSM deveria apresentar propostas concretas, pediu Lula. Um argumento semelhante é usado pelo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, um dos idealizadores do Fórum.

Segundo ele, "para ser sustentável, o Fórum precisa, em primeiro lugar, estar presente em outras partes do mundo. E, em segundo lugar, precisa produzir "ideias e propostas críticas e sólidas" sobre os problemas urgentes da atualidade.

Pouca repercussão na mídia

O FSM 2010 tem pouca presença na mídia europeia. Até agora, só a marcha de abertura e o discurso de Lula foram destaques. "Demonstrações com samba e toque de tambor", foi, por exemplo, uma manchete da revista alemã Stern.de. O jornal de Les Temps, da suíça francesa, lembrou o slogan que acompanh o FSM desde o início: "Um outro mundo é possível."

"A mudança acontece de forma lenta, não espetacular; o processo do Fórum em si é invisível”, disse Withaker. Por isso, segundo ele, o FSM não está muito presente na mídia, mesmo quando tem 133 mil participantes, como no ano passado em Belém.

Também o FSM está mudando, segundo a percepção de alguns meios de comunicação. "O Fórum Social Mundial busca um novo rumo", é a manchete do El País, da Espanha, que vê o FSM "em um clima de crise de identidade".

"Este fórum nasceu em clara luta contra o neoliberalismo capitalista, mas agora se confronta com mais problemas, a ponto de este ano ter duas edições: a de Porto Alegre, nas mãos dos movimentos sociais de esquerda que são de alguma forma antipartidários, e a de Salvador, durante o fim de semana, com participação dos partidos, começando com todo o Partido dos Trabalhadores (PT), hoje no governo brasileiro", escreve o diário espanhol.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch (com agências)

WEF sem Lula

A assessoria de imprensa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou hoje que o líder não viajará à Suíça, onde participaria do Fórum Econômico Mundial, após sofrer uma crise de hipertensão.

"Está confirmado que o presidente não virá à Suíça, os médicos assim recomendaram", disse à agência de notícias EFE o assessor de imprensa da Presidência brasileira na Suíça, João Marcos Paes Leme.

Lula receberia o primeiro prêmio Estadista Global, com o qual os organizadores do Fórum queriam homenageá-lo por seus oito anos de mandato, que terminam em 2010.

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