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Um cinema movido a energia solar

Lona coletora de energia solar para projeção de filmes. solaragency.org

Há dois anos, Christoph Seiler e Reto Schmid, vencedores do Prêmio Solar 2008, rodam a Suíça com seu Cinéma Solaire. O sol fornece a energia para suas projeções de filmes.

A Suíça vive um boom de energia solar. Em 2007, foram instalados 66 mil metros quadrados de coletores com capacidade de geração de 7100 quilowatts pico (kWp).

Uma espécie de lona com coletores solares flexíveis feitos de silício, uma “caixa armazenadora de luz”, um projetor de 16 mm e alguns cabos: isto é o Cinéma Solaire.

A realização dessa idéia aparentemente simples rendeu aos inventores Christoph Seiler (especialista em interatividade) e Reto Schmid (arquiteto) o Prêmio Solar 2008, concedido desde 1991 a prefeituras, empresas e pessoas que aproveitam a energia solar sem destruir áreas verdes na Suíça.

As duas caixas pretas formam o coração desse inusitado cinema. “Durante o dia coletamos luz que liberamos à noite através do projetor”, explica Christoph Seiler à swissinfo.

Numa das caixas encontra-se uma bateria de 20 quilos, que armazena a energia. Na outra, encontra-se o transformador, que transforma a energia em eletricidade de 220 volts. Todo o equipamento do Cinéma Solaire pesa 35 quilos e é transportável até num reboque de bicicleta.

Seiler e Schmid são os únicos na Suíça que viajam de bicicleta para fazer projeções de filmes. Assim, o Cinéma Solaire funde a velha tradição do cinema ambulante com o caráter móvel e rápido dos cinemas com tecnologia de ponta.

Até em cima da montanha

“Podemos montar o nosso cinema onde queremos, seja no pasto ou numa montanha, porque não precisamos de tomada”, diz Seiler. “O equipamento é pequeno, fácil de usar e pode ser montado em cerca de uma hora, o que nos torna muito flexíveis.”

Mas Seiler e Schmid não fazem apresentações apenas nas montanhas. Também em cidades como Basiléia, Zurique, Winterthur ou Zug – todas na Suíça alemã – sua invenção desperta grande curiosidade. “As pessoas ficam perplexas ao ver como é simples o funcionamento do Cinéma Solaire”, conta Seiler.

Seiler e Schmid não apenas são idealistas com muito fôlego para implementar suas idéias. Eles também são aficionados por filmes, especialmente pelo formato de 16 mm. Não é por acaso que escolheram esse formato para as suas projeções.

“É verdade que só existe uma coleção limitada de filmes de 16 mm, mas em compensação a qualidade é melhor do que nas projeções através de beamer”, diz Seiler. Os espectadores do cinema solar vêem, por exemplo, clássicos como Matadores de Velhinha, A Midsummer Night’s Sex Comedy, Silkwood – O Retrato de um Coração ou Um homem e uma mulher.

Esse projeto mostra uma tecnologia útil para lugares que tem sol, mas não tomadas de energia. Os custos giram em torno de 27 mil francos para o equipamento completo – inclusive o reboque de bicicleta.

As projeções do Cinéma Solaire, no entanto, dependem da vontade de São Pedro: nuvens escuras durante o dia significam tela preta à noite.

swissinfo, Renat Künzi

O Prêmio Solar suíço, constituído por um troféu e um diploma, é concedido desde 1991 a prefeituras, empresas privadas e pessoas que instalam sistemas de geração de energia solar sem destruir áreas verdes.

Os prêmios de 2008 são entregues nesta sexta-feira (05/09), na feira Construir e Modernizar, que acontece até a próxima segunda-feira, em Zurique.

Em 2007, a venda de coletores solares na Suíça aumentou 25% em relação ao ano anterior. Foram instalados 66.000 m2 de novos coletores – o que é pouco, considerando que anualmente são construídos 2.000.00 m2 de telhados no país.

Segundo a Agência Solar Suíça, em 2007, os coletores solares instalados no país economizaram o equivalente a 21 milhões de litros de óleo de calefação e, assim, evitaram a emissão de 80 mil toneladas de CO2. Além disso, 67.000 m2 de coletores foram exportados.

Em termos de capacidade de geração, no ano passado foram vendidos módulos com capacidade nominal para gerar 7100 kWp de energia solar, 184% a mais do que em 2006. Apesar de uma forte expansão nos últimos quatro anos, a energia solar cobre apenas 0,05% da energia consumida na Suíça.

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