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Trump e Epstein, UBS e testes nucleares

O UBS Tower em Nashville, Tennessee.
O UBS Tower em Nashville, Tennessee. Keystone/Swissinfo

Bem-vindo à nossa revista de imprensa sobre os acontecimentos nos Estados Unidos. Todas as quartas-feiras, analisamos como a mídia suíça noticiou e reagiu a três notícias importantes nos EUA – nas áreas da política, finanças e ciência.

A grande notícia política na Suíça esta semana foi o anúncio, na sexta-feira (14), de um acordo comercial com os EUA: as tarifas sobre as importações suíças serão reduzidas de 39% para 15% em troca de investimentos consideráveis por parte de empresas suíças.

Nos EUA, no entanto, a grande notícia política foi a possível divulgação dos arquivos do Departamento de Justiça sobre o falecido criminoso sexual Jeffrey Epstein, algo a que o presidente dos EUA, Donald Trump, se opôs durante meses antes de mudar de ideia no fim de semana. Qual é a opinião da Suíça sobre a reviravolta de Trump?

Esta semana, também analiso os últimos desenvolvimentos na especulada mudança do UBS para os EUA e a decisão de Trump de retomar os testes com armas nucleares.

Estátuas de Trump e Epstein
Estátuas de Donald Trump e Jeffrey Epstein, feitas por defensores da liberdade de expressão, erguem-se no National Mall, perto do Capitólio, em Washington, DC, em 23 de setembro. Copyright 2025 The Associated Press. All Rights Reserved

Após muitas reviravoltas, a publicação dos chamados “Epstein files” está cada vez mais próxima, informou a emissora pública suíça SRF na quarta-feira. “Eles contêm dinamite política ou não?”, questionou a emissora.

Na terça-feira, o Congresso controlado pelos republicanos votou quase por unanimidade para forçar a divulgação dos arquivos do Departamento de Justiça sobre o falecido criminoso sexual Jeffrey Epstein, um resultado pelo qual o presidente Donald Trump lutou durante meses antes de dar uma guinada no domingo.

“Quando percebeu que um número suficiente de republicanos votaria a favor da publicação, o próprio presidente partiu para a ofensiva e se manifestou a favor da publicação. Ele não conseguiu varrer a questão para debaixo do tapete e descartá-la como uma nota trivial”, disse a SRF.

O escândalo Epstein tem sido um espinho no pé de Trump há meses. Muitos eleitores de Trump acreditam que seu governo encobriu os laços de Epstein com personalidades poderosas e obscureceu os detalhes em torno de sua morte, que foi considerada suicídio, em uma prisão de Manhattan em 2019.

“Escrever ‘Não me importo!’ em letras maiúsculas dá a impressão contrária”, afirmou o jornal em um editorial na segunda-feira. “Após meses de resistência, ninguém acredita que Trump não se importe com a publicação dos arquivos. Além disso, é absurdo pedir aos políticos que instruam o governo a divulgar os arquivos: Trump poderia publicá-los a qualquer momento. Ele não precisa de uma ordem do Congresso para fazer isso.”

O Tages-Anzeiger acrescentou que a reviravolta verbal provavelmente não convenceria nem mesmo os apoiadores de Trump. “Eles acreditam em quase tudo que o presidente diz. No entanto, eles são céticos em relação ao caso Epstein, que diz respeito ao abuso de menores. Portanto, apenas a publicação dos arquivos serviria como um golpe libertador. Qualquer outra coisa alimenta a suspeita de que eles realmente contêm informações explosivas — ou, pelo menos, algo desagradável para Trump.”

O projeto de lei exige que todos os arquivos de Epstein sejam tornados públicos dentro de 30 dias após Trump assinar a lei. Isso permite que o Departamento de Justiça analise os documentos em busca de informações confidenciais e faça edições.

Paradeplatz
Nuvens escuras sobre a Paradeplatz, o centro financeiro suíço, em Zurique. Keystone / Alessandro Della Bella

Será que vai acontecer? Há meses circulam rumores de que o banco suíço UBS vai transferir sua sede para os Estados Unidos se o governo suíço não recuar nas novas regras de capital. Na segunda-feira, foi revelado que o presidente do UBS, Colm Kelleher, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, discutiram o assunto em particular.

O governo Trump estava “receptivo a receber um dos ativos mais valiosos da Suíça”, afirmou o Financial Times, que divulgou a notícia, citando “três pessoas familiarizadas com a conversa”.

A posição oficial do UBS não mudou: “Como já afirmamos repetidamente, queremos continuar a operar com sucesso como um banco global com sede na Suíça”.

Thomas Jordan, ex-presidente do Banco Nacional Suíço, disse à televisão pública suíça SRF na terça-feira que não podia julgar se tal medida do UBS era realista, mas deixou claro que “o importante é não fazer ameaças como essa”. Ele disse que era necessário haver um diálogo objetivo entre o governo e o banco sobre as regulamentações de adequação de capital, sem emoções. É necessária estabilidade, por um lado, e um setor financeiro viável, por outro. “Isso não é importante apenas para o UBS e o setor financeiro, mas para toda a economia”, disse Jordan.

“É tão provável que o UBS deixe a Suíça quanto os bilionários” – ou seja, ele permanecerá –, de acordo com uma análise do tippinpoint.ch, um site de notícias sobre finanças e sustentabilidade. “Se acreditarmos nos políticos e comentaristas, malas estão sendo feitas na Suíça – pelos funcionários do UBS e pelos bilionários. Assim como na disputa alfandegária com os EUA, seria bom ver mais determinação e menos pânico”, escreveu o site na terça-feira.

Ele lembrou que reportagens semelhantes no New York Post no mês passado não geraram muita indignação, “em parte porque o ponto forte do mensageiro era a fofoca sensacionalista”. Então, agora que o FT está cobrindo o assunto, ele é sério? “Dificilmente. Porque, na questão crucial dos requisitos de adequação de capital para o último grande banco global da Suíça, o lobby sem precedentes do UBS provavelmente será bem-sucedido”, escreveu o tippinpoint.ch. “O vento político parece estar mudando”.

Ensaio nuclear
Uma nuvem em forma de cogumelo emerge de uma explosão no local de testes de Nevada, em 24 de junho de 1957. Keystone

Os Estados Unidos e a Rússia estão discutindo a possibilidade de realizar novos testes com armas nucleares. “Quase tudo é completamente incerto”, afirmou a rádio pública suíça SRF, que pediu a um especialista em ameaças nucleares e dissuasão para esclarecer um pouco a questão.

“Uma nova era de irracionalidade nuclear se aproxima”, alertou o Tages-Anzeiger há algumas semanas, logo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenar ao Pentágono que retomasse os testes com armas nucleares pela primeira vez desde 1992. Desde então, a maioria dos países com armas nucleares realizou simulações de explosões nucleares usando computadores de alta potência.

Na segunda-feira, a SRF questionou se, caso essas simulações significassem que os testes reais não eram mais necessários, os últimos anúncios de Trump e do presidente russo Vladimir Putin seriam apenas uma demonstração de força.

“Primeiro, não sabemos exatamente o que Donald Trump quer dizer – ele diz uma coisa, depois corrige sua declaração e depois se repete”, disse Liviu Horovitz, pesquisador do Instituto Alemão de Assuntos Internacionais e de Segurança (SWP) em Berlim. “Seu ministro, responsável pelas armas nucleares, diz que não são necessários testes. Os militares dizem que não são necessários testes. Portanto, não sabemos o que está acontecendo”.

Não exatamente tranquilizada, a SRF perguntou se uma nova corrida armamentista nuclear estava começando. “Os países com armas nucleares vêm modernizando e expandindo seus arsenais há vários anos. Portanto, isso não é novidade. E a declaração de Trump dificilmente mudará isso”, disse Horowitz. “No entanto, se os EUA realmente realizassem explosões nucleares para fins de teste, outros países provavelmente fariam o mesmo. Isso, por sua vez, beneficiaria mais países como a China ou a Coreia do Norte do que os EUA – os dois países realizaram até agora muito menos testes de explosão do que os EUA ou a Rússia.”

O Tages-Anzeiger foi mais direto: “Está surgindo uma nova corrida armamentista nuclear, cujos riscos de escalada ainda não são previsíveis”.

A próxima edição da newsletter “Notícias dos EUA na imprensa suíça” será publicada na quinta-feira, 27 de novembro. Até a próxima semana!

Comentários ou crítica? Nos escreva: english@swissinfo.ch

Adaptação: Fernando Hirschy

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