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Verissimo veio falar de tudo

Verissimo se divertiu e divertiu seus leitores em encontro na Universidade de Genebra. swissinfo C Helmle

O cronista e escritor Luiz Fernando Verissimo esteve em Genebra para um encontro com leitores brasileiros e suíços.

Convidado pela Associação Raízes – quer promove a cultura brasileira em Genebra – o jornalista também assinou autógrafos em uma grande cadeia de livrarias.

“Minha decepção com o governo Lula está na morte da velhinha de Taubaté, a pessoa mais otimista que eu conheci e a única que sempre acreditou no governo”.

Provocando risos do público numeroso que encheu um dos auditórios da Universade de Genebra para ouví-lo, Verissimo advertiu que ainda poderá ressucitar a personagem. “Pode ser que alguém tenha clonado a velhinha e ela volte, depende do que acontecer no ano que vem”, referindo-se às eleições presidenciais de outubro.

O Patentino

O jornalista-cronista, “já que não se pode viver de literatura”, passou duas horas respondendo perguntas dos leitores, enviadas por escrito às duas mediadoras do encontro, da Associação Raízes.

Foi questionado até sobre seu próprio casamento, há mais de 40 anos, e disse que “agora está desconfiado que esse casamento vai dar certo” em presença da esposa, que sempre o acompanha e também organiza a “vida oficial” de Verissimo. Nos casamos em março de 64, “prova que naquele mês não ocorreram só coisas ruins”.

Contou o início da carreira de jornalista profissional no “Zero Hora” de Porto Alegre, “um jornal que era bem diferente do que é hoje”, onde passou logo a editor de arte, cargo no jornal então chamado pelos colegas de “editor de frescuras”. Nessa época, disse, “até horóscopo eu fiz”.

Sem influência do pai

Mas as primeiras experiências jornalísicas foram feitas no “Patentino”, aos 13 ou 14 anos. “Patente no Rio Grande do Sul é privada e assim podíamos contar pelo menos com a leitura da família”.

O gosto pela leitura certamente veio da infância, pelo fato de “ter muito livro em casa e de que o livro era uma coisa importante”. Mas a influência do pai, escritor famoso, teria ficado aí. “Sempre me perguntam e eu acho que, conscientemente, não houve influência nenhuma. Fico até tentado a inventar uma teoria qualquer a respeito, mas a verdade é que também me tornei escritor por acaso”, afirma Verissimo.

Também foi por acaso que começou a escrever crônicas para os jornais, “um gênero que ninguém sabe o que é”. Os primeiros livros foram coleções de crônicas e os quatro romances escritos até agora foram de enconmenda.

Livros de encomenda

“As pessoas se surpreendem com isso pensando, talvez, que essa é uma atitude meio mercenária. Mas não, na verdade, o editor dá apenas um tema que geralmente se insere numa série a ser publicada, é o resto fica por conta do escritor”.

Quanto ao humor geralmente contido em seus textos, Verissimo diz que “no texto, a gente finge o que não é”. Afirma rir permite um certo distanciamento e de escapar da solenidade. Devido a influência da cultura anglo-saxônica, “dizem que escrevo traduizindo do inglês”.

Na verdade, ele é uma pessoa tímida e confessa que escrever, para ele, não é uma atividade muito prazerosa. Diz que prefere a música, especialmente o jazz e o saxofone que pratica em Porto Alegre no Jazz 6, banda que já gravou três discos.

Ao gosto pelos comes e bebes freqüentemente presente em suas crônicas, Verissimo diz que, em cozinha, é apenas consumidor. “Não sei fazer nada e na minha casa quem faz churrasco é minha mulher que, ainda por cima é cariosa, o que é a maior vergonha para um gaúcho”.

swissinfo, Claudinê Gonçalves

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